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Grandes escolhas

Todos se entreolharam, tentando obter respostas, mas Adam não deixou nada claro para que soubessemos. Ele estava assim por conta de Lyan e eu, juntos, era fato... Mas ele escolheu assim, então deveria enfrentar.

Hanna levantou tão rápido que eu pensei que a mesma fosse cair, pois suas botas de salto não ajudaram muito. Vi ela correr — tentar —atrás de Adam. Eu queria fazer a mesma coisa, mas não daria certo, ele e eu brigariamos feio.

Mordi os lábios impaciente e encarei Ellie que me olhava também, e com apenas um olhar, entendemos o que se passava uma na cabeça da outra.

— Bom... — Ellie começou, ou tentou, um assunto —Temos que sair hoje à noite para comemorar o novo casal, certo? — tentou nos animar e senti Lyan suspirar.

— Tanto faz... — Lyan disse baixo.

Virei um pouco o corpo para olha-ló e o mesmo estava de olhos fechados, talvez pensando em tudo. Adam nasceu com o dom de estragar as coisas! Depois de alguns minutos, naquele silêncio entre a gente, apenas com o som do refeitório agitado de fundo, Hanna voltou com o rímel todo borrado e pisando duro. Ela se jogou no banco e passou as mãos pela bochecha. A minha raiva foi maior que o meu instindo de abraça-la. Engoli em seco e neguei com a cabeça.

— Eu estou cansada daquele Britânico. —disse encarando um por um, e parou em mim, por último.

Mal a Hanna sabia que todos estavam cansados dele e sua bipolaridade.

— Onde ele está? — perguntei para a Hanna que ainda me encarava, ela ficou calada. Franzi a testa e ela revirou os olhos.

— Na sala 5 do corredor D. — disse contra gosto.

Me levantei rápido, forçando a mão de Lyan sair da minha cintura.

— Nem pense! — Lyan disse me encarando, com um olhar duro. — Não é problema nosso, Mary... — disse calmamente.

Dei de ombros e deixei minha mochila em cima da mesa. Dei uma última olhada para todos ali, e me virei, caminhando entre as pessoas no refeitório. Adam precisava parar com aquilo! Eu tinha que mostrar para ele que nem tudo era como queremos, e não seria diferente com ele. Foda-se se eu estava apaixonada pelo o Adam, mas eu só precisava saber que eu iria ficar em paz, sem que a sombra dele me preocupasse.

Eu passei duas semanas vendo os sorrisos dele e da Hanna, como um casal. E quando eu pude sorrir, finalmente, em dias, o Adam estragava tudo!

Caminhei pelo corredor D olhando as portas e seus números e parei na sala 5, onde a porta estava entreaberta. Espero que ele não tenha ido para outro lugar...

Abri a porta e passei o olhar pela sala vazia, exceto por Adam que estava sentado na cadeira dos professores. Ele estava com os cotovelos apoiados na coxa, quase no joelho, e a cabeça entre as mãos, com os olhos fechados

— O que você está fazendo aqui? — perguntou, ainda com a cabeça entre as mãos e os olhos fechados — Não está curtindo o seu novo brinquedinho, Mary Angel?

— Como sabia que era eu? — fechei a porta de madeira atrás de mim.

— Seu cheiro... — disse com a voz calma e baixa. Ele levantou o rosto devagar, e então, pude analisar seu rosto confuso.

— Preciso que você pare com a sua ceninha de raiva. — cruzei os braços, dando alguns passos, parando quase em sua frente.

— Desculpe, mas a central de reclamação está fechada no momento! — disse com o seu habitual sarcasmo. Óbvio! Adam se levantou, me forçando a olhar para cima e quase me arrependi ao encarar seus malditos olhos perfeitos. — Você queria o que? Que eu ficasse aplaudindo a nova namorada do meu querido amigo? — sua voz estava carregada de emoções que eu mal conseguia identificar.

— Nós não estamos namorando! — digo um pouco mais alto que o esperado. — Só estamos tentando algo e...

— Que seja! — deu de ombros franzindo a sobrancelha. — Mas só a imagem dele tocando você como eu toquei. Porra, Mary! — passou a mão no rosto, puxando todo o ar que conseguia.

— Você vai ter que se contentar com isso... — molho os lábios com a saliva da minha língua. — Você escolheu a Hanna.

— Eu não tinha escolha! Eu preciso ficar com a Hanna até os meus pais não quererem mais. Porque era óbvio que eu escolheria você. — as palavras saíram tão devagar da sua boca que eu poderia ler seus lábios.

Ele me escolheria? De verdade? Eu seria sua escolha? Eu sabia que os dois deveriam ficar juntos por um tempo, só por alguns meses, mas eu não iria aguentar viver em segundo lugar... Eu quase me deixei levar por suas palavras bem colocadas, mas, mesmo que eu quisesse, não era assim que as coisas funcionavam.

— Eu não quero ser uma opção, Adam. Eu quero ser a prioridade. Não quero ser uma coisa na frente das pessoas, sendo que a minha mente é a única que sabe a verdade. — meu corpo tremeu e meus pelos se arrepiarem. Algumas lágrimas tomaram meus olhos, deixando a minha visão muito embaçada. — Por mais que você fosse me escolher ou que ficássemos apenas às escondidas, isso não me faria bem, pois a sua namorada é a Hanna.

— Eu não consigo nem transar com ela direito, Mary. — se aproximou de mim, mas eu recuei — Eu só penso em você e isso é uma merda, porque você está fodendo com a minha mente.

Eu estava quase me rendendo a ele, mas eu disse quase. Eu não nasci para isso, não nasci para ser segunda opção, acho que eu sou ambiciosa demais, e quero o primeiro lugar.

Adam se aproximou mais de mim, mas eu não consegui mais me afastar. As lágrimas caíram sobre minha bochecha, me lavando e mostrando para o maldito do Adam que ele tinha um poder sobre mim. Fechei os olhos e respirei fundo, então seu toque chegou em minha bochecha, limpando as minhas lágrimas.

— Por que ele, Mary? — sussurrou calmo. — E por que não eu? — aquelas palavras me deram um soco no estômago, afastando todas as famosas borboletas de lá.

Por que não o Adam? Por que? Talvez eu devesse seguir meu coração, mas o meu coração dizia que era o Adam, apenas o Adam. Mas a razão deveria tomar o seu posto e eu deveria fazer o que era certo. Mesmo que eu quisesse o Adam, mais que qualquer coisa, nós nunca daríamos certo. O típico "casal" de livro que não daria certo, pois são diferentes.

Dei um passo para trás e abri os olhos. Adam franziu a testa e eu podia sentir que o mesmo estava receoso, é... eu também estava.

— Desculpe... — passei a mão nos meus olhos, limpando o único vestígio das lágrimas. — Você fez a sua escolha, e eu fiz a minha — um soluço escapou dos meus lábios. — E infelizmente, não é você.

Antes que eu começasse a chorar pela minha própria decisão, virei-me rapidamente indo em direção à porta, abrindo e passando pela mesma, mas antes de fechá-la, olhei para Adam que estava sem reação e me olhava...

Essa é uma das maiores lições que aprendemos: para ser feliz, precisamos arriscar grandes coisas, até mesmo uma pessoa que amamos.

E uma nova pergunta tomou minha mente: eu amava o Adam?

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