XII

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Chaleur

Observei o cuidado que Adam tinha ao colocar Hanna em cima da cama.

Assim que chegamos aqui, o meu plano inicial era acordar Hanna de algum jeito e ajudá-la até dentro do seu quarto. Mas o Ashworth insistiu em levá-la para o quarto da mesma. A maior sorte, era que Hanna morava sozinha, ou seja, não teria que dar satisfação para ninguém se chegasse com ela "desmaiada" em casa.

Caminhei para perto da minha amiga na cama e me curvei, tirando seus saltos agulha, e os coloquei no chão, logo depois, passei o cobertor por seu corpo até os ombros. Me recompus e Adam ainda estava lá, parado, me observando,  com as mãos dentro do bolso da sua calça jeans preta e o semblante sério.

— Obrigado! —agradeci meio nervosa e olhei para o chão.

— Eu já vou indo... — Adam disse tirando uma mão do bolso e a levou até a nuca,  passando a mão de leve.

— Eu te levo na porta. — indiquei para a sala e fui caminhando para saída do quarto, com passos leves e devagar.

Ele me acompanhou, atravessando a pequena e rústica sala de Hanna, indo até a porta.

— Te vejo amanhã no Chaleur — digo quando o mesmo passou pela porta quando eu a abri.

Adam olhou pra mim meio sério e eu perdi completamente naquela imensidão azul na qual ele chamava de "olhos". Seu olhar estava preso no meu também.

Como ele podia ser tão ignorante e grosso? Adam era bonito, bonito até demais, eu não havia percebido antes isso. Sempre o vi perambulando pelo Campus ou pelos corredores da faculdade, com seu "grupinho" de amigos e o cigarro entre os dedos. Eu só percebia essas coisas sobre Adam,  porque ele sempre estava com Lyan...

— Ham... Até! — a voz de Adam saiu tão baixa que eu quase não ouvi.

Ele balançou a cabeça negativamente e se virou bruscamente, ficando de costas para mim e andou até o elevador, apertando o botão.


Mexi nervosamente o lápis de um lado para o outro. Meu traseiro já estava dormente de ficar sentada naquela cadeira. Eu estava no Chaleur, há quase uma hora, esperando Adam que havia me mandado o horário por mensagem para nos encontrarmos, e ele não havia aparecido. Eu estava sentada próxima a janela para que pudesse ver quando ele chegasse.

Assim que eu acordei de manhã, dei uma arrumada no apartamento de Hanna — que estava um pouco bagunçado — e deixei um remédio e um bilhete para que quando ela acordasse, visse. Passei na minha casa logo de manhã, e meus pais me esperavam de manhã com um café da manhã maravilhoso, e eu comi até não aguentar mais, já que na noite anterior não tinha comido nada.

Olhei mais uma vez para o relógio de pulso e me decidi, iria embora. Seja lá o que tenha acontecido para Adam não vir, poderia ter me avisado e não me deixar plantada em uma cadeira de uma lanchonete em pleno sábado de manhã.

Eu estava com raiva, bastante raiva. Ele não tinha compromisso nem para fazer um trabalho! Eu teria que fazer sozinha, o que foi o que eu queria fazer desde do início.

     Eu me levantei para juntar todas as minhas coisas e quando olhei para a entrada, vi Adam passando pela porta meio distraído, provavelmente, me procurando com os seus olhos rápidos. Respirei fundo, caindo sentada novamente no banco estufado. Puxei a pontinha dos lábios o mais forte que podia assim que Adam me achou e começou a se mover na minha direção.

Pequenas mentiras Where stories live. Discover now