Capítulo 8

2.5K 324 194
                                    

O pedido de desculpas nada tinha adiantado, no fim Kirishima teve que dormir no sofá, mesmo que suas camas já fossem separadas Bakugou o expulsou do quarto ao preço de explosões e gritos. Katsuki se sentia vazio, enrolado sob os lençóis da cama, pensava no modo brusco que Eijiro tinha se afastado de si e depois não voltado.

  - Pedir desculpas… Pro inferno com suas desculpas - As lágrimas vieram aos olhos mas ele não deixou que caíssem - Finalmente estou quebrado demais para que queira ficar perto de mim, não é? - Irritado, apenas dormiu com o medo alojado dentro de si.

(…)

Foi fácil levantar na manhã seguinte, já estava totalmente bem e se sentia renovado. Escutou o banheiro sendo usado, fácil de deduzir que Eijiro tinha acordado primeiro que ele como sempre, sendo assim, rolou um pouco na cama até se levantar e ir até a cozinha para preparar o café da manhã.

Eijiro sentiu o cheiro da comida e se apressou no banho, se arrumou e foi até a cozinha. Estava feliz em ver que o loiro já estava disposto novamente.

  - Ohayou amor - Disse já se sentando.

  - Ohayou - Katsuki sorrio indo até ele para o abraçar, todavia viu que Eijiro se afastou, parou - …

  - Kat-

  - Não, não fala… Já venho comer, vou tomar um banho - Deixou a cozinha com uma expressão irritada e foi fazer suas higienes.

O ruivo comeu e esperou pelo marido para irem trabalhar e se preocupou com a demora, então foi até a porta do banheiro, quando ia o chamar ouviu o choro abafado e se calou encostando seu corpo na porta para que pudesse escutar melhor. Conseguiu escutar pequenas explosões e soluços.

  - Katsuki? Tudo bem? - A resposta não tardou a vir.

  - Sim, já vou sair - E realmente não demorou para que saísse de lá. Kirishima não teve coragem de perguntar sobre o motivo do choro, mas se sentiu magoado quando Katsuki não olhou para si, nem depois de sair do banho, nem enquanto comia e o trajeto até a agência foi um silêncio absoluto.

O dia seria comum se Katsuki não tivesse se mantido afastado dele, e pior, pedido para Denki ser seu parceiro. Logicamente todos estranharam, a maioria imaginava que tivesse sido alguma briga provavelmente iniciada pelo loiro, entretanto os mais próximos, como o próprio Kaminari, sabia o quão unidos eles eram e em sua opinião, unidos demais para se afastarem tanto por brigas bestas.

Eijiro até tentou falar com o loiro mas foi cortado com uma simples frase, "quero ficar sozinho". Sendo afastado, pediu para que o amigo elétrico vigiasse o explosivo. E foi o que Denki fez, e mais, tentou fazer com que Katsuki falasse o motivo da sua raiva, contudo quase teve uma explosão solta em seu rosto quando tentou aprofundar no assunto. E Katsuki, ele não sabia o que pensar, imaginava que Eijiro não querer o tocar era por medo que ele se machucasse, ou isso, ou ele desistiu de si após ver que o que ele tem pode o levar a morte se um limite for ultrapassado. Infelizmente a mente do loiro o levou para a pior opção, fazendo com que medo fosse posto em seu coração como estacas enterradas no solo, podia ser muito seguro para quase tudo em sua vida e geralmente tinha total segurança com o ruivo, porém em raras situações acontecia de sua mente fazer com que ficasse nessa situação, pensando o pior, temendo o pior.

O dia foi longo para ambos os lados do casal, porém logo se encerrou e eles voltaram para casa, apesar que dessa vez Eijiro não quis ficar calado.

  - Katsuki, por que tá irritado?

  - Em casa Kirishima, na rua não.

  - O que houve com "kiri" ou simplesmente "Eijiro"?

  - Em casa, merda - A voz soou como um rosnado e o ruivo parou de tentar falar até que finalmente chegassem na casa.

  - Por que está assim? - Eijiro perguntou se aproximando do loiro.

  - Realmente não sabe? - Irritado, recuou conforme o ruivo se aproximava - Qual o seu maldito problema? Como pode não saber?

  - As coisas vão ser mais fáceis se simplesmente falar o que eu supostamente fiz.

  - Supostamente... - Lágrimas vieram aos olhos do loiro e ele cruzou os braços, se encolhendo ao redor do próprio corpo por raiva e proteção - Então supostamente você se afastou de mim duas vezes e supostamente deixou meu quarto em um hospital durante meia hora mesmo que eu tenha pedido para que voltasse?

  - … Desculpa, eu não deveria ter deixado o quarto, mas Kat, não posso tocar você e correr o risco que pare no hospital novamente.

  - Esse risco sempre existiu e durante oito anos não tivemos problema com isso, então por que agora?

  - Porque por eu não me conter você quase morreu! - Quase gritou, estava angustiado, queria que marido o entendesse e perdoasse.

  - Se conter? - A voz dele soou perigosamente baixa, quase fria.

Kirishima sabia que o pior do Katsuki só era visto quando parecia que estava calmo, alguém que não o conhecesse acharia que ele está conversando amigavelmente, todavia ele sabia bem como o marido era. Quando sua voz se abrandava e o vermelho sangue de seus olhos enfim brilhavam, era seu momento de maior fúria.

  - Eu não me lembro de ter sido forçado a nada, Kirishima, na verdade, lembro que foi eu mesmo que pedi. Como pode fazer isso? Transformar aquilo em um erro…

  - Eu só não quero te ver em uma maca nunca mais, é difícil de entender? Qual o problema de não nós torcarmos? Nosso relacionamento nunca precisou de toques.

  - Idiota, os problemas não são os toques.

  - Então o que é? - Seus coração apertou vendo as lágrimas rolarem pelo rosto do loiro.

  - Eu me entreguei a você de um jeito que nunca tinha feito antes, algo que eu jamais faria com outra pessoa, me entreguei totalmente a ti, meus sentimentos, meu corpo, minha alma… E você transforma aquilo em um maldito erro… Eu disse que aconteceria de novo, sabe por que? Porque meu corpo já estava aceitando seus toques daquele modo, mas sua decisão é voltar tudo o que já passamos até nosso primeiro ano, então que seja... Que seja um erro então, eu já sou um, não sou? O quebrado Katsuki, tão quebrado que não pode receber um abraço de quem ama.

  - Eu… não tinha pensado nisso, me desculpa por favor, tu não é quebrado, nem um erro, e eu não deveria ter feito o que fiz, eu realmente não pensei.

  - Claro que não pensou, mas eu pensei, pensei demais, mas não importa o quanto eu pense, no fim sempre acabo me condenando…

  - Amo-

  - Não me chame assim!

  - Quando vai me perdoar?

  - Quando eu me convencer que a culpa de tu se afastar é totalmente minha… Agora … por favor, fica longe de mim - Rapidamente ele se trancou no quarto se deixando chorar.

No outro lado da porta, Eijiro só conseguia pensar como tinha sido idiota com o loiro. Era para ele acalmar e cuidar do marido, porém tinha o magoado verdadeiramente e não sabia como reparar o erro.

Doce ÁcidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora