Capítulo 2

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Kirishima se sentia péssimo, já não via Katsuki a duas semanas e nem trocavam mensagens, seu celular passou a ficar desligado depois de tudo e não iria mudar isso, não quando não tinha coragem para encarar ou falar com o amigo, ou como já passava a considerar, ex amigo. As curtas férias acabariam e logo eles iriam novamente para as aulas, não sabia o que fazer, decidiu que dessa vez não falaria com o loiro.

E assim foi, no primeiro dia de aula não foi até o explosivo, sentia Bakugou o olhando mas tinha medo de retribuir o olhar e ver nojo. Então o ignorou, seus amigos o questionaram o motivo mas deu respostas evasivas e terminou o dia indo embora o mais rápido possível.
Bakugou, por outro lado, estava agoniado, nunca tinha se importado com amigos, quanto mais longe ficassem menos chance tinha de ser tocado, mas depois de Kirishima, dele se tornar seu amigo, dele poder o tocar sem ter um ataque, não sabia se conseguiria ficar sem isso. Foi no fim da aula, quando Kirishima foi embora e ele ficou até a sala se esvaziar, que pela primeira vez na vida sentiu mais medo da falta do toque do que dele.
O loiro não queria ficar sem o ruivo, necessitava dele, necessitava não sentir medo. Correu atrás do amigo, sabia onde sua casa ficava e correu. Tinha enviado várias mensagens, ligado várias vezes, suportou a tentação de ir atrás dele por achar que ele não queria vê-lo, porém ser ignorado um dia inteiro tinha lhe ferido mais profundamente do que admitiria.

  - Kirishima! - Gritou quando viu o ruivo andando de cabeça baixa.

  - Katsuki? - Olhou surpreso na direção do outro.

  - Idiota! - Bakugou gritou e esticou a mão. Kirishima logo endureceu o corpo esperando pela explosão que não tardou a chegar acertando seu rosto e fazendo com que fossem parar no chão - Idiota, idiota, idiota - Continuava repetindo enquanto prendia o amigo abaixo de si e soltava várias explosões contra seu rosto e corpo.

O ruivo não fazia nada, a individualidade fazia com que as explosões não tivessem importância, ainda mais por não estarem sendo fortes, apenas repetitivas. Ele não sabia o que pensar, virava o rosto para não receber explosões diretas e sentia as pernas do loiro o prendendo enquanto o corpo dele tremia tensionado. Mal teve tempo de tentar afastar o loiro, dois homens retiraram o explosivo de cima de si.

No mesmo momento que seus braços foram segurados Bakugou sentiu sua pele queimando e aquilo doeu horrivelmente. Gritou e se debateu empurrando os homens pra longe e sem pensar direcionou as explosões contra os dois, todavia não era como as que usava no ruivo, essas realmente iriam ferir. Vendo isso, Kirishima se meteu entre os dois e a explosão. O ruivo se assustou notando a diferença desproporcional de força que o loiro usou antes para as que usou agora, tanto que teve que fixar seus pés no chão para não ser lançado, e nem sua individualidade barrou completamente a explosão, sentiu os braços latejando onde havia posto para defender os desconhecidos.

  - Bakugou pare! - Gritou. Estava meio irritado mas ainda mais confuso, os olhos do amigo estavam perdidos e cobertos por lágrimas que não eram derramadas e não sabia o que fazer.

  - Não grite comigo, seu maldito desgraçado de merda! - Katsuki gritou. Ele estava em posição de combate, as mãos postas como se a qualquer momento fosse usar seu poder. Ele se sentia desesperado, não sabia como falar normalmente, a sensação de queimação onde fora tocado não sumia e doía tanto que confundia ainda mais seus pensamentos.

  - O que pensa está fazendo? Atacou civis! Quer que eu bata palma? - Kirishima fechou as mãos com força, odiava ser ácido e quando era jamais era com o outro, todavia realmente estava se irritando apesar da preocupação.

"Não, não aja assim, assim não, por favor", era o que Bakugou pensava repetidamente, mas o que fez foi rir.

  - Um idiota protegendo outros dois idiotas, eles não seriam machucados se ficassem fora da vida alheia! 

Doce ÁcidoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora