Fica

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LAUREN POV

Perdida na minha cama em meio aos meus pensamentos mais profundos eu me intrigava em como pude me apaixonar de tal forma por alguém que sequer toquei. Já fui apresentada à paixão outras vezes, mas nada tão profundo e intenso como agora. Era amor? Dizem que no fundo sabemos quando é, e para falar a verdade eu acreditava que era sim. Nunca me senti tão amada e desejada como agora. As palavras que eu ouvia enchiam meu coração, apenas escutar a sua voz era o suficiente para o meu mundo se colorir. Camila me proporcionava o máximo nas mínimas coisas.

O grande problema era ultimamente as nossas idas e vindas. Eu era a primeira relação homossexual da minha namorada e ela parecia não estar pronta para encarar isso com tal seriedade que eu encarava. Não que ela não me amasse, pelo contrário, mas Camila visava um futuro em que eu não estava presente quando dizia involuntariamente que se casaria e teria filhos. Não que nossa relação não fosse possível de ter um casamento e filhos, mas ela deixava escapar algo como "marido" algumas vezes. As coisas não iam bem entre nós, estávamos em meio a idas e vindas, eu estava prestes a vê-la pela primeira vez em menos de dois meses na minha última tentativa de salvar o nosso relacionamento definitivamente. Ela sabia que eu não iria para brincadeira, o próximo passo seria pedi-la em casamento. Justo eu, que jamais pensei em me casar e só de ter uma ideia como essa minhas pernas ficavam bambas, pensar na possibilidade de ficar somente com uma pessoa o resto da minha vida me assustava. Demonstrar amor, fidelidade, lealdade, respeito, confiança, tudo em um pacote era assombroso, não sei se seria capaz, mas com ela eu tentaria tranquilamente. O que eu tenho no meu peito me dava total segurança.

Não nos falávamos há dois dias. Camila havia ido dormir na casa de uma amiga dela e eu sabia que ela verificava o seu WhatsApp, seu último horário visto denunciava isso. Nunca fui de insistir para que alguém me respondesse e certas atitudes por parte da minha namorada fizeram com que eu ficasse "calejada". Aquilo era como se fosse um presságio do que estava por vir, porém no fundo eu ainda não queria acreditar no que se passaria. Mais vinte e quatro horas foram necessários para que finalmente ela aparecesse para mim através de uma ligação. Também nunca fui de me importar com celular, mas meu relacionamento dependia daquilo e infelizmente era a única forma de nos comunicarmos desde que deixei o computador de lado. Então, tive que deixar o celular por perto o tempo inteiro. No segundo toque, eu atendi.

- Oi, meu amor.

- Oi. – ela respondeu quase sem voz e eu já sabia. – Preciso falar com você.

- Pode falar, Mila.

Chamá-la dessa forma foi somente uma carta branca para que ela seguisse. Não a chamaria de Camz, nem insistiria mais.

- Eu quero terminar.

Aquilo mais uma vez foi como um tapa na minha cara, pela milésima vez em menos de seis meses. Ao mesmo tempo em que já estava calejada, estava exausta e tinha entregado os pontos.

- Tudo bem. Só quero que responda: você não quer que eu vá te ver mais? – neste instante meu coração acelerou temendo tal resposta.

- Não. – Camila respirou fundo.

- Certo. Tenho coisas para te dizer.

Pela primeira vez endureci minha voz. O ódio e a tristeza me tomavam num misto de indignação. Ao mesmo tempo em que achei que ela não teria coragem de dizer isso eu precisava ouvir para tentar me libertar daquele amor que parecia ter se tornado tóxico para mim.

- Eu não posso falar agora. Mas, assim que eu puder falo com você, certo?

- Certinho.

One Shots - CamrenWhere stories live. Discover now