Byron Bay

58. A volta da Hambúrguer.

10 DE JULHO

— NÃO! — gritou Lara, o rosto se misturando em uma expressão de incrédula, choque e aquele ar pré-choro. — Não, não... — murmurou, chocada olhando para baixo.

Levantei as mãos na frente do corpo, como se estivesse segurando um papel com algo escrito.

— Isso — gesticulei para minha mimica — é minha plaquinha invisível de eu avisei.

Lara levantou o rosto e me fuzilou com o olhar. Em outra situação eu teria me encolhido, mas agora apenas ri.

— Desce logo dessa árvore. — Fiz gesto para baixo, indicando que era para descer.

— Não consigo — choramingou, abraçando o tronco em que estava e encostando a cabeça nele.

— A minha plaquinha acabou de duplicar de tamanho.

— O meu pai vai me matar...

Erick escalou a rocha até nós, do meu lado esquerdo. Se abaixou em minha frente, esticando os braços para dentro do buraco de pedras e pegando o celular destruído de Lara.

— Ah... — Ele olhou o aparelho completamente trincado, como um medico avaliando um paciente. — Eu tenho certeza que se você chorar um pouquinho seu pai te da outro.

Lara soltou um gemido de choro na mesma hora que eu ri do que Erick disse.

— Ah, ele não vai dar outro não — falei, esticando a mão quando Erick me entregou o Iphone.

Zac chegou até a escalada, se apoiando nas pedras para subir e se juntou a Erick.

— Mais um? — Olhou chocado para o celular de Lara em minha mão. Era impossível não reconhecer a capinha dela da Dori, de Procurando o Nemo.

— A culpa do último ter quebrado foi sua! — Ela apontou para o ex, sem se soltar da arvore.

— Minha? — Zac fingiu estar chocado. — Eu posso ter sido a causa da sua raiva, mas não fui eu que joguei ele na parede.

— Porque você jogou seu celular na parede? — perguntou Erick, levantando a cabeça e cobrindo os olhos da luz do sol que vazava pelo topo das árvores.

— Porque Zac ficou com duas garotas, na minha frente, na minha casa, logo depois da gente ter terminado.

— Eu só fiz isso porque achei que você estava ficando com o Zabdiel — se defendeu Zac, levantando a mão.

— O que? — Virei o rosto para ele, chocado. — Eu fiquei com a Natálie aquela noite, como podia achar que eu estava ficando com a Lara?

— Não me lembro disso... Eu tava tão bêbado, cara.

— Tão bêbado que ficou com duas mulheres — falou Barbara, chegando até as pedras também. Ela segurou nos pontos mais alto para subir, e Zac a ajudou, estendendo a mão. — Mesmo sem gostar de mulher.

— Me senti incrivelmente corajoso naquela noite para tentar coisas novas.

— Coisas novas? A gente namorou por dois anos! Você tem vinte e quatro meses para tentar coisas novas comigo.

Erick olhou de um para o outro, parecendo levemente confuso. Eu acho que todos ainda estavam tentando entender essa história do Zac ser gay, e de mesmo assim ter namorado com uma mulher por dois anos.

A pior parte mesmo foi explicar que o namoro dos dois na realidade foi apenas para acobertar isso, e que Lara sabia que ele não gostava de mulher desde o terceiro mês de namoro. Mas mesmo assim, sabendo que ele tinha medo de se assumir, Lara continuou com ele por mais dois anos.