54. Semana de pegadinhas.

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06 DE JULHO

Havia se tornado perigoso andar naquela casa. Extremamente perigoso. Eu tinha medo até de ir ao banheiro.

Quando voltei para o quarto depois do susto no Erick, tranquei todas as portas do meu quarto. Só não arrastei nada para trás delas porque Lara não deixou.

Não se importa quantos anos tenha, ou quanto tempo você tenha passado treinando para ser um agente do FBI. Nada nunca será bom o bastante para evitar que você caia em uma pegadinha dos seus amigos.

— Sabe... — começou Lara, sentada na ponta da minha cama enquanto pintava as unhas — tá começando a perder a graça.

Continuei olhando para a varanda através das portas de vidro do quarto, observando Erick e Kim na praia.

— Mas ainda nem começou.

— Não to falando das pegadinhas. — Assoprou as unhas pintadas de preto. — To falando da gente.

— Hein? — Soltei a cortina e me virei para ela.

— Era mais legal quando era escondido. — Deu de ombros.

— Você me broxa, Lara.

— Você vivia me broxando. Por pouco eu não tinha arrumado uma mulher para fazer o trabalho que você negava.

— Cara, você é muito chata. Deveria agradecer por ter provado do meu corpinho antes dos dezoito anos.

Ela me encarou.

— Você não ia esperar eu completar dezoito.

Fui até ela, parando em sua frente.

— Ah, eu ia. — Me abaixei, apoiando as mãos na cama ao lado dela e ficando com o rosto na mesma altura.

— Mas não aguentou resistir ao meu corpinho.

Neguei com a cabeça, rindo. Ela se jogou para trás com os braços abertos, se esparramando na cama.

— Eu to morrendo de tédio. Como alguém pode morrer de tédio nas férias?

— Bem, eu acho que esse é o objetivo de ter férias, não é? — Me inclinei sobre ela, com as mãos na cama ao seu redor.

— Mas eu to de férias na Austrália, em uma casa com dez pessoas e meu namorado gostoso. — Passou os braços pelo meu ombro. — Tédio é algo que não deveria acontecer.

Abaixei o rosto e beijei seu pescoço.

— Seu namorado pode te tirar do tédio... — murmurei, distribuindo beijos por sua pele.

Antes que eu pudesse beijar sua boca, ouvi um barulho do lado de fora da porta. Passei meus braços ao redor de Lara, dando um giro para o lado esquerdo para fora da cama. Aterrissamos no chão branco, com uma mão minha na cintura de Lara e outra em sua cabeça. Me levantei em um pulo, encarando Christopher com uma pistola de tinta na mão. Olhei rápido para trás, vendo a porta de vidro da varanda suja com manchas coloridas.

— Filho da puta — falei, pulando pela cama em direção a porta. Parei no batente, bem a tempo de outro tiro de tinta passar voando pela minha frente. Segurando na porta, coloquei apenas o rosto para fora e vi Erick escondido na cozinha com outra arma.

Kim estava na sala, sem entender nada, e Nat estava na mesa de jantar mexendo em alguns papeis, também confusa.

Pulei para fora do quarto.

— Pausa!

— Você não pode pedir pausa no primeiro dia! — grita Chris, saindo das escadas.

Byron BayWhere stories live. Discover now