51. Pequeno (grande) susto.

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Uma semana e meia depois.

04 DE JULHO.

Eu pretendia continuar dormindo. Eu realmente pretendia.

Respirei fundo, mantendo os olhos fechados. Visualizei o espaço, cheio de estrelas, no vácuo silencioso.

— EU VOU MATAR VOCÊ!

Respirei fundo outra vez, ignorando o baralho das coisas caindo do outro lado da porta.

— VOCÊ NÃO SABE SE FUI!

— QUEM MAIS FOI?

— E EU QUE VOU SABER?

— SÓ VOCÊ SABIA.

— QUE VOCÊ É UMA MULHERZINHA?

Outra coisa quebrada.

— Zabdiel... — Lara se virou na cama, girando embaixo do meu braço. — Você não vai conseguir voltar a dormir.

— Vou sim — respondi ainda de olhos fechados.

— Você tá todo tenso. Se você me apertar mais um pouco vai começar a machucar.

Soltei minha mão de sua cintura.

— Desculpe, não vi que tava fazendo isso.

Senti seus dedos em minha bochecha, seguido de um beijo na boca.

— EU VOU TE MATAR KIMBERLY!

— OU, OU, OU, MINHA MULHER NÃO, RICHARD.

— SAI DA FRENTE ERICK.

Bufei, me soltando de Lara, jogando o lençol de lado e levantando. Avancei até a porta, a abrindo bem na hora em que um sapato de salto voava em minha direção. Me abaixei, completamente chocado.

Olhei para dentro do quarto e depois para fora, encarando Kimberly, Richard e Erick.

— Eu vou matar vocês. Eu juro que vou.

Eles arregalaram os olhos e saíram correndo.

— Voltem aqui agora! — Sai do quarto, indo para a sala, que estava destruída. As almofadas tinham sido jogadas no chão, um sofá estava virado, e cartas, LEGOS, sapatos e maquiagens estavam espalhados pelo tapete sujo. Um pote de suco tinha sido derramado, e uma grande bacia manchava o chão com água rosa.

Senti Lara se aproximando, parando ao meu lado. Virei o rosto e a olhei. Ela vestia uma regata branca minha, deixando as pernas completamente expostas, e o cabelo caia em longas mechas até a cintura.

A raiva dentro de mim pareceu se esvair conforme eu a encarava, com o rosto sereno e pálido pelo sono.

— O quão puto você tá agora? — perguntou.

Passei a mão nos olhos.

— Só to cansado.

Me virei, voltando para o quarto.

— Onde quer comer hoje? — perguntei a Lara, enquanto abria o guarda roupa.

— Não sei. — Ela se sentou na minha mesa do computador, balançando as pernas como uma criança. — A gente podia comer panquecas — sugeriu.

— A da semana passada? — Confirmou com a cabeça. — A gente pode aproveitar para passar na joalheria.

— Que joalheria? — perguntou Barbara, entrando no quarto com Chris.

— Não sabem bater? — Os olhei.

— Tava aberta. — Ela deu de ombros.

— Vão casar? — Chris veio atrás de mim, parando ao meu lado e olhando minhas coisas. — Essa blusa não é minha?

Byron BayWhere stories live. Discover now