18. Almoçando fogo.

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— Richard — falei, o segurando pelos ombros e virando para mim. — Preciso de um favor.

— Chora, bebê.

Revirei os olhos.

— Pode cuidar do pessoal para mim e levar eles para casa? — pedi.

O luau ainda continuava, e minha vontade de transar também. Malditas bebidas estranhas que o Erick e o Joel traziam.

Richard levantou a sobrancelha, segurando uma risada.

— Tá bom.

— Valeu. — Dei um tapa nas costas dele e me afastei, voltando para onde Ann estava.

— Então, você é baba? — perguntou ela, encostada no carro.

— Sou segurança. É diferente.

— Diferente como? — Levantou a sobrancelha, sorrindo malicioso. Seus lábios brilhavam em tom de vermelho. Quando foi que ela teve tempo para retocar aquilo?

— Eu posso usar uma arma.

— Pode usar uma algema? — perguntou, me puxando pela camisa. Fiquei entre suas pernas, apoiando as mãos no carro.

A encarei, e seus olhos verdes brilharam.

Seria uma longa noite... E eu estava contando com isso.

05 DE JUNHO

Fui chegar em casa as seis e meia da manhã, entrando em silêncio para não acordar ninguém.

Antes de sairmos nós tínhamos feito um acordo: cada uma iria sair usando uma pulseirinha, cada uma de uma cor, e quando chegasse em casa era para deixarem elas em cima da bancada da cozinha. Por sorte, as nove pulseiras estavam lá. Essa foi a melhor forma que eu encontrei para saber quando eles estavam em casa ou não. Tirei a minha pulseira — porque eles tinham brigado comigo para usar também — e segui para o meu quarto.

Eu só tomei um banho e coloquei uma roupa esportiva para correr. Eu sabia que eles não iriam acordar tão e por isso, sai correndo pela praia de fones sem me preocupar com hora para voltar.

Voltei para casa um pouco antes do almoço, e fiquei surpreso ao encontrar todos acordados na cozinha. Joguei meu celular e o fone no sofá da sala e tirei a blusa, indo até a cozinha pegar água.

— Meu Deus! — Kim tampou a boca após o susto, e todos olharam para ela, que ficou vermelha. — Zabdiel do céu... Acho melhor eu nem comentar nada.

Franzi a testa e Joel segurou em meu ombro, me virando de costas para ele.

— Dormiu com uma tigresa foi?

Revirei os olhos ao notar do que estavam falando. Minhas costas estava de fato destruída. Ann tinha unhas muito grandes...

— Ah, mas com uma unha daquele tamanho... — comentou Barbara. — Não sei se senti inveja do corpo daquela mulher ou das unhas dela.

— Ah, e você tá achando que ela fez esse trabalho todo nas costas dele SÓ por causa da unha ser grande? — Chris levantou a sobrancelha. — É porque vocês não dividem apartamento com o Zabdiel.

Taquei minha blusa na cara dele.

— Dá para pararem de falar disso? Obrigado. — Peguei minha garrafinha e sai da cozinha, vestindo a blusa novamente.

— Ui, ficou bravinho.

Fui para meu quarto, tomar outro banho e trocar de roupa.

Quando voltei para a cozinha, fiquei ainda mais surpreso de ver eles cozinhando.

— Por favor, não deixem o Chris perto do fogão — falei, apoiando na bancada pelo lado de fora.

— Por que? — perguntou Barbara, abrindo a geladeira.

Ela foi respondida com o grito de Chris e Lara, quando a panela que ele estava mexendo pegou fogo.

— Eu avisei.

Lara jogou água em cima da panela, e tacou um pano para o fogo parar de subir. Eu fiquei pleno onde estava, com a plaquinha invisível de "eu avisei" levantada. Deixei eles limparem a bagunça que estavam fazendo.

— Desisto! — Lara largou a colher em cima da pia e saiu da cozinha, deixando Chris e Barbara sozinhos.

— Vou ter que cozinhar sozinha? — Ela nos olhou horrorizada.

— Ei, eu to aqui também. — Chris colocou a mão na cintura.

— Você acabou de colocar fogo em uma panela!

Ele fez bico, abaixando a cabeça e saiu da cozinha. Isso foi o bastante para ela sair e ir atrás dele.

Revirei os olhos. Me virei, vendo Zac e Kim sentados na mesa de jantar, me olhando.

— Que foi? — Os olhei.

— Alguém vai ter que cozinhar.

— E eu que não vou ser. — Sai do banco. — Cadê o resto do povo?

— Tão na piscina. — Kim apontou para a janela da cozinha.

— Por que vocês não pedem comida? — Encarei quem estava ali. — iFood tá ai pra isso.

— Já preparamos as coisas — respondeu Lara.

— O que vocês iam fazer?

— Não faço ideia.

Bufei, me rendendo e indo para a cozinha.

Eu era de fato uma baba.

Não tive outra opção a não ser arrumar a bagunça que eles tinham feito na cozinha e tentar fazer algo com o que já tinham começado a preparar. Todos se espalharam pela casa, e eu fiquei sozinho no primeiro andar, com Lara sentada na bancada me encarando.

— Me ensina? — pediu, balançando as pernas.

Franzi a testa.

— Ensinar o que?

— A cozinhar.

Parei o que estava fazendo, soltando a faca e me virando para ela.

— Zabdiel... Não pode ficar bravo comigo para sempre.

— Eu... — Respirei fundo. — Não to bravo.

— Tá sim...

— Você ao menos se arrepende do que fez? — Me virei para ela. — Sabe como foi errado? — Abaixei o tom de voz. — Trai a Nat, Lara. Isso foi muito baixo.

Ela abaixou o rosto.

— Se arrepende? — perguntei novamente. Ela levantou o rosto, me encarando.

Não se arrependia.

— Se você não estivesse com ela, ainda seria errado?

— Sim! Você tem dezessete anos. Muito errado.

— Isso é um problema tão grande por que? — Cruzou os braços.

— Você é menor de idade. E eu trabalho para os seus pais. Já são motivos mais que o suficiente. — E me retirei da cozinha. 

Byron BayDonde viven las historias. Descúbrelo ahora