20. Menor infrator.

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06 DE JUNHO

— Então casa, quais os planos para hoje?

Todos levantaram a cabeça, encarando Barbara, que tinha acabado de chegar a sala.

— Tem planos para hoje? — Erick franziu a testa. — Achei que fossemos jogar cartas.

— Deixem os jogos para os dias de chuva, e vamos aproveitar o sol. — Ela foi até ele, o puxando pelo braço para cima. Não foi difícil, Erick era mais leve que um graveto.

Todo mundo se entreolhou.

— O que foi? — perguntou ela, colocando as mãos na cintura.

— Ninguém tem ideia do que fazer...

— EU SEI! — gritou Zac, se levantando animado. — A gente podia subir as pedras da enseada.

— Eu ia perguntar algo sobre isso, mas nem vou perder meu tempo — falou Richard, jogando suas cartas no chão e se levantou. — Odeio cartas. Qualquer coisa é melhor.

Acabou que todo mundo largou as cartas, desistindo de jogar. Cada um foi para o quarto se trocar.

Nos encontramos do lado de fora da casa, enquanto Richard e eu tirávamos os carros da garagem. Todos vestiam roupas esportivas e tênis.

Eu fui dirigindo um dos Jeeps, com Erick, Kimberly, Barbara e Zac. O restante foi com Richard.

A enseada ficava mais longe do que eu esperava, e tive que aguentar Erick tentando contar piadas por quarenta minutos. O pior era que Kim parecia entender  e ficava rindo igual uma louca. E depois se juntavam e faziam piadas piores ainda. Minha vontade era dar os dois palhaços para um circo qualquer e me livrar deles. Barbara pareceu gostar da ideia.

A tarde passou rápido, enquanto todo mundo aproveitava o mar. Kimberly e Barbara fizeram tranças no cabelo, e Lara com Erick tatuagem de rena. Chris pareceu gostar da ideia da tatuagem falsa, e encheu o menor infrator com elas.

— Vocês sabem que eu já tenho dezenove anos, não é? — resmungou Erick, quando o chamamos de menor infrator.

— O apelido já pegou, não da pra voltar atrás agora.

Mostrando o dedo do meio, ele saiu da roda e foi jogar vôlei.

Depois de almoçarmos todos ficaram jogados na grama do parque que tinha ao lado da praia. Esperamos a comida abaixar, e então entramos na mata para ir as rochas do penhasco.

A caminha era longa, e cansativa. Quando achávamos que estávamos chegando, vimos a pedra enorme que ainda teríamos que subir para chegar ao topo.

Minha camiseta branca já estava completamente molhada de suor. Parecia que eu tinha acabado de sair da piscina. O restante não estava diferente. Tirei a blusa, a amarrando no braço e encarei a pedra gigante.

— Zac, eu te odeio — resmunguei, começando a escalar a rocha.

— Vai valer a pena, garanto.

— Eu espero que sim. Ou te empurro de lá — ameaçou Barbara, prendendo o cabelo.

Começamos a subir, mas Lara não tinha mais forças para nada. Eu praticamente a carreguei para cima, estendendo a mão e a puxando a cada passo.

Richard e Joel foram os primeiros a chegar, e como eu estava com Lara, chegamos por último.

No final realmente compensou. A vista era de tirar o fôlego. O sol estava a pouco de começar a se por, e lançava raios dourados no mar.

Todos se sentaram na pedra, observando a imagem a nossa frente. O mar batendo nas rochas parecia incrivelmente longe, e o único som que ouvíamos era dos pássaros.

— Como a gente vai descer? — perguntou Lara, parando em minha frente.

— A gente pode pular.

Ela arregalou os olhos.

— Você nunca deixaria a gente fazer isso.

Dei um sorriso.

— De fato.

Me levantei, indo até as pedras que tinham em um dos cantos, me sentando e encostando em uma delas. Meu corpo todo estava dormente e meus pés doíam, mas nada disso parecia importar. Minha mente estava calma como o ponto em que o sol tocava o mar.

— A gente podia tirar um cochilo, né? — sugeriu Lara, soltando um suspiro. Soltei uma risada.

— Tá morta, não é? — Levantei os olhos para ela, que confirmou com a cabeça. — Vem cá. Talvez você possa descansar um pouco antes da gente descer. — Estendi a mão. — Mas tem que apreciar a vista antes.

Ela encarou minha mão estendida, e colocou a sua sobre a minha. Fechando meus dedos sobre os seus, eu a trouxe para baixo. Ela se ajoelhou entre minhas pernas, e eu a virei. Com o cabelo se soltando das tranças, ela se sentou entre minhas pernas, com as costas em meu peito.

— Sabe o que eu tava falando com as meninas da gente fazer?

— Não, o que? — Passei meus braços ao seu redor, e ela brincou com meus dedos em frente ao seu corpo.

— Acampar — respondeu, e eu soltei uma risada.

— Eu pagaria para ver vocês acampando.

— Não daria muito certo, né? — Riu, se virando para me olhar.

Ela estava incrivelmente perto, o rosto a centímetros do meu. Seus cílios estavam grudados por causa do suor, o rosto pálido, mas a boca estava vermelha, por causa da água que tinha acabado de beber. Apesar do suor, ela ainda cheirava a frutas e rosas.

Desviei os olhos da sua boca, encarando seus olhos castanhos.

— Não, não daria. 

Byron BayWhere stories live. Discover now