14. O milagre da paz.

881 83 3
                                    

02 DE JUNHO

Os dias tinham se passado rápido, e o dia da viagem para a Austrália finalmente chegou.

Natálie e eu tínhamos terminado aquele dia após a festa da Barbara, apesar de termos feito "as pazes". Tinha sido o meu melhor sexo de despedida.

A razão de termos decidido terminar não foi o que aconteceu na festa, mas sim a chegada da viagem. Estaríamos em um lugar completamente diferente, com pessoas novas, de férias; não parecia um bom momento para começar um relacionamento. Mas combinamos que se nada tivesse mudado depois dos três meses que passaríamos em Byron Bay, tentaríamos de novo.

Mas eu tinha a leve impressão que muita coisa iria mudar.

Lara e eu não tocamos no assunto da caixa negra, e foi como se nunca tivesse acontecido.

Depois disso as coisas começaram a se encaixar de uma forma muito estranha. Joel e Zac se aproximaram muito, e toda vez que eu via estava os dois e a Barbara; o trio mais estranho do mundo. Enquanto isso, ela e Chris começavam a se tornar um só, era nojento, estavam sempre se comendo em algum canto.

Erick e Kimberly também se tornaram uma dupla, e a mais engraçada de todas. Não dava para levar os dois a sério. Richard, que parecia estar começando a ter um abismo (ao invés de uma quedinha ou crush) pela garota, sempre a observava pelo canto do olho. Era impossível não cair de amores pela Kim. Ela eé a pessoa mais divertida do mundo. Além disso tem uma personalidade muito forte; coisa que sempre chamou atenção do nosso querido Richie.

Um dia nós fomos a uma loja, e após Kim zoar dizendo que lá parecia uma fabrica de Barbie, porque só tinha gente loira (diga-se de passagem que Barbara ficou levemente ofendida com o comentário, já que ela era loira e dos olhos azuis, e por isso tinha o apelido Barbie). Um dos atendente da loja respondeu a Kim que se estava incomodada ela podia apenas se retirar, porque eles já estavam fazendo muito ao aceitar uma negra na loja, e não iria tolerar ofensas.

Todo mundo ficou chocado. Eu nunca tinha visto alguém sofrer racismo, e não tive reação alguma. Mas nem precisei, porque Kimberly deu um soco na cara do atendente.

— Vocês deveriam se sentir honrado de um negro aceitar entrar em um lugar como esse. Diferente do que pensa, somos bons de mais para vocês. — E saiu da loja.

Lara comentou comigo mais tarde que Kim já tinha sofrido racismo diversas vezes, mas nunca abaixou a cabeça por causa disso. E mesmo ela sendo mais morena do que negra, o cabelo é seu maior traço afro, e ela ainda lutava pela causa.

Acho que Richard quase pediu ela em casamento na hora.

Mas apesar disso, ninguém sabia se eles tinham realmente ficado no dia da festa da Barbara. E eles não ficaram depois, aparentemente. Ninguém entendia nada, porque tínhamos visto Richard com outras mulheres, e ela de paqueras no Instagram, mas quando se juntavam nenhum dos dois fazia nada.

Eu tinha vontade de grudar os dois pela blusa e falar: Se beijem logo porra.

Mas me controlei.

Conforme a viagem se aproximava eu tinha mais dias livres, já que os pais de Lara resolveram tirar uns dias para ficar com a filha. Eles conversaram comigo, perguntando se estava tudo bem no fato de eu ter que acompanhar ela e as amigas. Elas ficariam três meses na Austrália, e o pai dela me disse para deixar a formalidade de lado. Eu não precisava ficar andando de terno o dia todo atrás deles.

Acho que eles tinham até esquecido que eu era segurança da Lara, o que deixou o pai dela feliz, porque ele ficou preocupado com o quão desconfortável seria para ela ter alguém sempre ao seu pé.

Três meses, com Lara, Barbara, Natálie, Kimberly e Zac do outro lado do globo. Meu Deus, a bagunça seria grande.

Rico é uma coisa louca mesmo. Onde é que eu iria trabalhar e sair de férias ao mesmo tempo?

No dia de viajarmos eles estavam a mil por hora, correndo pelo aeroporto com seus carinhos de mala. E eu atrás pedindo para pararem de correr, como um pai vendo os filhos fazendo bagunça. 

Kimberly tinha feito tranças no cabelo, e Zac amarrou uma na outra dentro do carro, e agora ela corria atrás dele pelo aeroporto.

— Ai Deus... — resmunguei, e peguei o Zac pela gola da camisa. Ele tentou correr, e eu o prendi ao meu lado.

— Me solta! — Se debateu, como Erick sempre fazia quando eu o prendia. Segurei a vontade de rir.

— Nem pense, mocinha — falei para Kim quando se aproximou. Ela cerrou os olhos para mim e mostrou o dedo do meio para Zac. Só então eu o soltei, e eles voltaram a se comportar decentemente.

Na fila para o check in eles pareceram se acalmar. Kimberly e Zac já tinham feito as pazes, e ele tirava os nós que tinha feito no cabelo dela, sentados no chão. Lara e Barbara devoravam um pote de sorvete. E Natálie estava ao meu lado, com meu braço direito ao seu redor. Eu estava com uma mão apoiada no topo da sua cabeça, meu queixo em minha mão, enquanto eu observava eles.

Nós podíamos ter terminado, mas parecia se algo gradual... Eu ainda não conseguia resistir ao impulso de a querer por perto.

Meu Deus, finalmente paz...

Era pedir muito que os próximos meses fossem assim?

Byron BayKde žijí příběhy. Začni objevovat