30. Hormônios "femininos".

974 80 10
                                    

12 DE JUNHO

A camiseta molhada estava em minha mão, e eu sentia água escorrendo por meu corpo. A ducha apenas tinha ajudado meu corpo a esfriar, mas minha respiração ainda estava acelerada da corrida.

Entrei em casa pela porta da frente, porque dessa vez não tinha corrido na praia, e sim na rodovia.

Barbara e Lara estavam na sala, com os cabelos presos para cima e uma caixa de maquiagem no colo.

— Zabdiel — disse Barbara, se levantando e me olhando. — Tenho a impressão que nossa querida Lara anda dando umas escapadas.

— Que?

— Ela tá se encontrando com alguém. E nem nos avisa.

— Ela deveria?! — Franzi a testa.

— Sim! Ela não pode sair por aí para se encontrar com alguém sem nos contar.

Cruzei os braços e levantei a sobrancelha.

— Como tem tanta certeza que ela está saindo com alguém?

Ela foi até Lara, virando o pescoço dela para mim, exibindo o chupão. Isso explica a maquiagem no sofá...

— Bem, ela pode não estar avisando a você, mas a mim sim.

— O que?! Que absurdo! Eu mereço saber das coisas!

Olhei para ela, vendo que também tinha um chupão no pescoço.

— Ela não é a única que tá escondendo as coisas, não é? — Levantei uma sobrancelha.

Ela abriu a boca, e a fechou em seguida.

— O que isso quer dizer? — perguntou, com os braços caindo ao lado do corpo.

— Barbie... — Passei ao lado dela. — Não tenho distintivo de detetive atoa — sussurro para ela e vou para a cozinha.

Chocada, ela veio atrás de mim.

— Você... Zabdiel!

Levantei as mãos.

— Vou fingir que não sei de nada. Mas se serve de aviso — apontei para ela — você ainda vai se dar mal se continuar fazendo isso.

— Não deveríamos falar da Lara saindo com um estranho?!

— Ah, ele não é um estranho. Acredite.

— O que isso quer dizer? — repetiu a pergunta de alguns minutos atrás.

— Vai precisar de um distintivo para descobrir.

— Isso não é justo. — Apontou para mim. — Nada justo. — E saiu da cozinha batendo os pés.

— O que acabou de acontecer? — perguntou Lara, claramente confusa.

Dei de ombros e não falei nada. Eu não sabia se Barbara tinha falado para ela sobre Chris e Joel.

— Quer me ajudar com o café? — Estendi uma mão.

Ela olhou minha mão, dando um sorriso e a aceitando.

Durante o café da manhã, quando todos estavam reunidos, eu aproveitei para dar um aviso.

Há algumas semanas nós tínhamos feito listas de coisas para fazermos durante as férias, e eu tinha consigo planejar uma delas.

— Nós vamos acampar — anunciei.

— Tipo... De verdade? — perguntou Zac, se encolhendo.

— Não, vamos montar cabana na sala e abrir as janelas. — Dei um tapa na testa dele.

— É mais interessante que acampar...

— Concordo com ele — disse Richard, e eu podia jurar que ele também estava se encolhendo.

— Vira homem, Camacho. — Chris deu um tapa forte na nuca dele, fazendo Richard abaixar a cabeça.

— Eu vou te socar tanto um dia que nem o Diabo vai me tirar de cima — ameaçou Richard, bravo.

— Entra na fila — anunciei.

— Que sexy — sussurrou Chris para ele, mordendo a boca e puxando a cadeira para o lado dele. Richard recuou com a sua. — Adoro uns tapas... — Mais um pulo com a cadeira, com Richard fazendo o mesmo. — Continua vai, continua que eu gosto.

Richard arregalou os olhos e em seu último recuo com a cadeira, ele caiu dela. Todo mundo ficou chocado vendo, segurando a risada. Mas Kim caiu na gargalhada, fazendo os outros a acompanhar.

Depois do café, mandei que fossem arrumar as bolsas. Acamparíamos por apenas uma noite, porque eu não confiava em deixar eles na mata por mais que trinta horas.

Eu, Erick e Joel carregamos os carros com as cabanas, sacos de dormir e o resto das coisas que precisaríamos.

O local que iríamos acampar era preparado para isso. Não tinha animais venenosos, e a mata era pronta para receber pessoas. Nós ficaríamos  de frente para um lago, em uma clareira.

— Ok, antes que comecem as frescuras — falei, ficando na frente deles. — Nesse parque não tem animais selvagens, não tem cobra, e no máximo deve ter aranha.

Richard arregalou os olhos. Mas não falou nada.

— Não tem mosquitos, antes que Barbara comece a surtar e que a Natálie morra.

Porque ela tinha um sério problema de alergia a alguns mosquitos.

— Então por favor, controlem seus hormônios femininos.

— Isso foi muito machista — falou Kim, colocando a mão na cintura.

— Tava falando pros meninos. — Apontei para os cinco encolhidos em um canto.

Kim mordeu a boca para não rir e concordou com a cabeça, levantando a mão como "não tá aqui quem falou", dando alguns passos para trás.

Despachei eles com a mão, e logo começamos a arrumar as coisas.

Tínhamos três barracas e quatro sacos de dormir. Então não, não ficariam todos em uma barraca. Natálie era a única que tinha certeza que ficaria em uma, porque eu sabia que apesar de tudo, mosquitos tinha em todos os lugares e não queria o risco de ela ser picada por algum a noite.

Quanto as outras 5 vagas (porque era duas pessoas por barraca) nós teríamos que fazer um pequeno jogo.

Eu confisquei o celular de cada um e falei o nome de cinco coisas para eles procurarem na mata atrás da clareira. Quem achasse, teria lugar na barraca.

— É uma missão impossível, cada item — avisei.

— Então nem se dê ao trabalho. — Zac desdenhou com a mão.

O ignorei.

— Eu já me informei com a organização do parque sobre essas coisas, e vim ontem ver se tinha. — Os olhei. — Posso falar?

— Manda ver. — Erick esfregou as mãos, animado.

— Um peixe — falei, e todo mundo franziu a testa.

— Esse é do Zac — incentivou Kim, e recebeu um empurrão, mas não deixou de rir.

— Uma orquídea — continuei. — Um ninho de passarinho. Madeira para fazer uma fogueira. E um sapo.

— Um sapo? — gritou Barbara.

— Eu aconselho que façam dupla. E quem quiser, pode usar a Natálie como ajuda para tentar a vaga na barraca dela. — Apontei para Nat. — Se a dupla achar um item, a barraca é deles.

— E você? — Chris levantou sobrancelha. — Vai competir com a gente?

— Já aceitei meu saco de dormir. Agora vão. — Os dispensei com as mãos. — Boa sorte. Vão precisar.

Byron BayOnde histórias criam vida. Descubra agora