Capítulo trinta e sete

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Depois da trágica morte decretada do rei, Campbell se sentia livre, as pessoas do povoado finalmente haviam encontrado a tão sonhada felicidade que lhes foi arrancada durante todo o governo de Ara.

O céu estava tão lindo naquela tarde, que a princesa mal conseguia deixar de olhá-lo. A janela de seu quarto estava aberta, e tudo que ela conseguia ver era o quanto o dia estava perfeito, além de ser o dia de seu casamento, Charlotte acabara de dar os seus primeiros passos. Avice estava tão orgulhosa de si mesma que não conseguia deixar de sorrir, finalmente tudo estava se encaminhando, o reino estava se reerguendo, ela estava se casando com quem amava, não existiam mais ameaças, ela era a RAINHA.

Quando finalmente avistou seu vestido sendo trazido por suas novas damas de companhia, um frio intenso percorreu por seu interior, faltavam poucas horas para ser entregue ao amor da sua vida, faltavam poucas horas para Thomaz Righ, tornar-se rei.

. . .

— Estou tão orgulhoso de você meu filho — dizia Orion enquanto se aproximava de Thomaz lhe dando tapinhas nas costas.

— Você me ensinou a ser assim — Thomaz respondeu permitindo que um sorriso se instalasse em seu rosto — me ensinou a nunca desistir e a perseverar por aquilo que acreditamos.

— Eu sei que no dia do primeiro ataque você permitiu que ela fosse — Orion encarou o rapaz que deixava notório o seu espanto.

Thomaz respirou fundo e prosseguiu:

— Como sabia?

— O meu filho jamais falharia em uma missão que era tão importante para ele.

Quando o ar fora jogado abruptamente para fora, Thomaz sorriu de canto e encarou Orion que também sorria.

— Eu já a amava muito antes de conhecê-la de verdade — Thomaz ergueu os ombros — assim como você sempre amou Alya.

— São coisas que jamais conseguiremos entender meu filho — O homem gargalhou — elas possuem algum tipo de magia que nos faz ficar fissurados.

— Serão os olhos tão doces ou suas vozes tão serenas?

— Acho que é um conjunto de coisas, mas principalmente a determinação.

— Esqueceu de falar da bravura.

Orion abraçou Thomaz com força e depois se despediu para ir se arrumar para o casamento real. Estava tudo indo tão bem, que ele até achava que por um momento era uma ilusão.

— Cada dia que passa você se torna mais doce, Alya.

Alya sorriu quando ouviu as palavras de Orion sendo sussurradas em seu ouvido, surpresa com a chegada dele, ela virou-se enquanto um suave sorriso crescia em seus lábios avermelhados.

— Eu esperei tanto por esse momento — ela falou exasperada — que até penso que não é real.

A valsa começou a soar enquanto Alya fazia os últimos ajustes do salão onde Avice se casaria. Ela sempre fora atenta demais aos detalhes que não imaginava ficar sem orquestra-los no casamento de sua única filha.

— Venha, deixe de preocupações por um momento e me conceda essa dança.

Orion sempre fora teimoso, e com certeza ficaria a pressionando até ela por fim ceder.

— Certo, somente uma vez — ela piscou.

Enquanto Orion se exibia por sua vitória, Alya sorria por saber que o homem que ela tanto amou permanecia vivo dentro dele durante todo o tempo longe. Com passos habilidosos e suaves, Orion a puxava para perto de si com uma única certeza, nunca mais deixaria para trás aquela mulher.

. . .

O céu escurecia cautelosamente, permitindo que um tom azulado se espalhasse por toda sua proporção, Avice estava prestes a descer as escadas do salão para enfim se encontrar com o seu futuro marido. O salão estava cheio, e a música da marcha nupcial adentrava os ouvidos de Avice com ternura, a ruiva sentia o tremor se espalhando impiedosamente por todo o seu corpo, suas mãos soavam frio e seus pés haviam se esquecido por um momento qual era sua função, ela nem sequer se lembrava como era andar.

— Está tudo bem? — Daniel perguntou enquanto balança a mão na direção dos olhos da garota.

— Eu... Eu...

— Antes de entrarmos queria te dizer que Nate se orgulharia em ver você se tornando essa pessoa maravilhosa.

Avice suspirou.

— Sinto tanto a falta dele e de Léa... E até do papai...

— Papai foi um tolo! — Daniel exclamou — Não soube aproveitar a família, muito menos o poder.

— Obrigada Daniel por estar comigo — Avice balbuciou — e por ter me ajudado a vencer essa batalha.

— Campbel se orgulha de você — ele a beijou na testa — e certamente eu também.

Uma lágrima escorreu dos olhos dela.

— Agora vamos — ele apontou para a entrada do salão real — um homem espera por você.

Avice sorria enquanto dava passos lentos, seu coração acelerava descompassadamente, seus pés doíam a cada pisada mais forte. Tudo que ela conseguia ver, era um jovem moreno parado ao lado de Julia com um sorriso estampado em seu rosto e com os olhos mais brilhantes do que uma estrela na noite. Ela sentia sorte, principalmente por ser amada por ele.

A decoração do salão era coberta por linhas douradas e rosas vermelhas. Parte do povoado estava há alguns metros do tapete em que a levava até Thomaz, ela não poderia deixar de notar o capricho de sua mãe para que tudo saísse perfeito. Alya sempre fora assim, focada em ajeitar as coisas para que tudo desse certo.

Ao chegar diante de Thomaz, que naquela noite esbanjava um sorriso encantador, Avice encontrou seus olhos, que diziam em silêncio o quanto ele estava feliz por vê-la daquele jeito. Um flashback se passou por sua mente, tudo desde o começo... até chegar finalmente no pedido de casamento que ele fez a ela quando ainda estavam em guerra em Guersi. Seu coração palpitou forte, e enfim ela se posicionou ao lado dele para a tão esperada união oficial.

. . .

— Agora você é oficialmente o meu rei — Avice disse para Thomaz enquanto ele se virava para ficar de frente para ela.

— Eu não me importo com a coroa — ele disse deslizando suavemente suas mãos nos cabelos ruivos de dela — a única coisa que me importa é você, sempre foi você.

— Sempre? — ela debochou desviando os olhos para provocá-lo.

— Eu a via perambulando sorridente pelo castelo — ele ergueu os ombros — e te achava exageradamente bonita.

— Mesmo assim queria que eu fosse assassinada.

— A verdade é que eu nunca quis, eu só fechava os olhos para não ver o que era o certo.

— Você não me matou porque não quis...

— Eu não a matei porque sempre te amei.

Avice levantou a cabeça do travesseiro e deslizou as mãos sobre o tórax exposto do amado.

— E eu te amei desde o primeiro dia que o vi dentro daquele navio.

— As linhas tênues de um romance proibido nunca deixarão de existir.

— Sempre haverão pessoas amando o que não se deve amar...

— E quebrando os paradoxos de uma população concentrada em dizer o que é errado.

— A verdade é que nunca haverá empecilhos grandes para afastar dois corações apaixonados.

— Enquanto existir amor e esperança...

— Nunca se deve deixar de lutar.

. . . 

A princesa prometidaWhere stories live. Discover now