O céu era uma mescla de cores, tons alaranjados envoltos em nuvens esbranquiçadas avisava Avice que já estava entardecendo. Sua mãe a esperava próximo ao rio, seria arriscado demais encontrá-la logo agora no ápice da catástrofe? Sim, seria. Ao pensar bem, a princesa decidiu não ir, afinal, para que arriscaria sua vida e a de seus aliados? Todavia seu coração se partia ainda mais, tudo que ela queria era abraçar fortemente sua mãe e sentir a mesma segurança que sentia em Campbell.
— Desistiu de ir encontrá-la? — falou Thomaz entrando no esconderijo em que estavam instalados há alguns dias.
— Desisti — ela o encarou entristecida — temo colocar todos vocês em risco e já perdi pessoas demais.
— Você é simplesmente a mulher mais incrível que conheço — ele segurou em sua mão — acredite.
— Dói saber que um dia fui considerada uma ameaça — confessou.
— A ameaça nunca foi você, sempre foi o seu pai. Ele é um homem desprezível.
— Sinceramente, não consigo compreendê-lo. Há tantas coisas que deveria se preocupar, valorizar... mas não, nada o satisfaz e seu desejo por poder é doentio.
— Ele permitiu que esse desejo o consumisse e isso não é culpa de ninguém além dele mesmo. Foi uma escolha.
Thomaz se aproximou de Avice, a tomou pela cintura e quando decidiu lhe dar um beijo, o choro forte de Charlotte os distraiu.
— Hora de cuidar da bebê! — Thomaz apontou para o berço improvisado.
Avice sorriu e foi em direção a bebê.
— É a hora da Júlia, onde ela está?
— Adivinhe.
— Certamente treinando com Nolan.
— Acertou.
A princesa estava exausta, todos os dias acordava nas madrugadas para cuidar da criança, se tornou mãe antes de sonhar com isso. Entretanto ela fazia isso com muito amor, Léa e Nate se foram e ela se culpava por perdê-los. Pensava que poupar a garotinha de saber a verdade era o certo para não vê-la sofrendo por não ter seus pais por perto, a adotou como sua, a amava como sua e daria a vida por ela como se fosse sua. Estava distraída, encarando o rostinho delicado da menina que chorava, quando teve seus pensamentos interrompidos:
— Hoje a noite haverá uma festa...
— Especificamente, um casamento — ela encarou Thomaz.
— E você pensa em ir?
— Acredito que seja bom participar de um momento feliz depois de tudo que passamos — suspirou — então sim.
O choro estridente de Charlotte parou, mesmo assim Avice insistiu em tirá-la do conforto da caminha.
— Cheguei — disse Júlia, entrando no quarto apressada — me desculpem, eu estava completamente distraída.
— Imaginávamos — Avice desviou os olhos para Thomaz que segurou o riso — ela está limpa e alimentada, só precisa de um colinho confortável para sua soneca matinal.
— Sim senhorita — Júlia pegou a pequenina — fique tranquila!
. . .
Thomaz e Avice mergulhavam no rio aproveitando a liberdade que conseguiram por um tempo.
— Nunca agradeci por você ter me tirado daquela vida infeliz — Avice encarou Thomaz.
— Você não precisa me agradecer — ele deslizou o polegar em sua têmpora — agradeça a si mesma.
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A princesa prometida
FantasySer princesa é abdicar da própria vida com o objetivo de proporcionar ao seu reino a melhor chance, Avice sabia bem disso, fora ensinada desde antes de aprender a falar sobre os seus deveres e era claro que isso incluía um casamento arranjado, porém...