Capítulo vinte e seis

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O céu era uma mescla de cores, tons alaranjados envoltos em nuvens esbranquiçadas avisava Avice que já estava entardecendo. Sua mãe a esperava próximo ao rio, seria arriscado demais encontrá-la logo agora no ápice da catástrofe? Sim, seria. Ao pensar bem, a princesa decidiu não ir, afinal, para que arriscaria sua vida e a de seus aliados? Todavia seu coração se partia ainda mais, tudo que ela queria era abraçar fortemente sua mãe e sentir a mesma segurança que sentia em Campbell.

— Desistiu de ir encontrá-la? — falou Thomaz entrando no esconderijo em que estavam instalados há alguns dias.

— Desisti — ela o encarou entristecida — temo colocar todos vocês em risco e já perdi pessoas demais.

— Você é simplesmente a mulher mais incrível que conheço — ele segurou em sua mão — acredite.

— Dói saber que um dia fui considerada uma ameaça — confessou.

— A ameaça nunca foi você, sempre foi o seu pai. Ele é um homem desprezível.

— Sinceramente, não consigo compreendê-lo. Há tantas coisas que deveria se preocupar, valorizar... mas não, nada o satisfaz e seu desejo por poder é doentio.

— Ele permitiu que esse desejo o consumisse e isso não é culpa de ninguém além dele mesmo. Foi uma escolha.

Thomaz se aproximou de Avice, a tomou pela cintura e quando decidiu lhe dar um beijo, o choro forte de Charlotte os distraiu.

— Hora de cuidar da bebê! — Thomaz apontou para o berço improvisado.

Avice sorriu e foi em direção a bebê.

— É a hora da Júlia, onde ela está?

— Adivinhe.

— Certamente treinando com Nolan.

— Acertou.

A princesa estava exausta, todos os dias acordava nas madrugadas para cuidar da criança, se tornou mãe antes de sonhar com isso. Entretanto ela fazia isso com muito amor, Léa e Nate se foram e ela se culpava por perdê-los. Pensava que poupar a garotinha de saber a verdade era o certo para não vê-la sofrendo por não ter seus pais por perto, a adotou como sua, a amava como sua e daria a vida por ela como se fosse sua. Estava distraída, encarando o rostinho delicado da menina que chorava, quando teve seus pensamentos interrompidos:

— Hoje a noite haverá uma festa...

— Especificamente, um casamento — ela encarou Thomaz.

— E você pensa em ir?

— Acredito que seja bom participar de um momento feliz depois de tudo que passamos — suspirou — então sim.

O choro estridente de Charlotte parou, mesmo assim Avice insistiu em tirá-la do conforto da caminha.

— Cheguei — disse Júlia, entrando no quarto apressada — me desculpem, eu estava completamente distraída.

— Imaginávamos — Avice desviou os olhos para Thomaz que segurou o riso — ela está limpa e alimentada, só precisa de um colinho confortável para sua soneca matinal.

— Sim senhorita — Júlia pegou a pequenina — fique tranquila!

. . .

Thomaz e Avice mergulhavam no rio aproveitando a liberdade que conseguiram por um tempo.

— Nunca agradeci por você ter me tirado daquela vida infeliz — Avice encarou Thomaz.

— Você não precisa me agradecer — ele deslizou o polegar em sua têmpora — agradeça a si mesma.

A princesa prometidaWhere stories live. Discover now