Capítulo quatorze

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Os dias passavam rápido, o que era um alívio para os rebeldes e para a princesa, se estavam bem era porque Nolan aceitou a proposta de não contar nada, e ele mantinha a palavra.

Apesar de estarem totalmente no controle da situação, a certa atenção de uma jovem camponesa com relação à um recém chegado, cujo nome era Thomaz, deixava Avice cada vez mais enciumada.

Amar Thomaz às vezes era um castigo, mesmo que ninguém do vilarejo soubesse que ele era um rebelde e ela a princesa perdida, o cuidado em ficarem juntos só aumentava, o que ocasionou em uma mínima distância, a qual fora suficiente para deixar Avice ainda mais fora de si.

Situações desgastantes faziam com que Thomaz quisesse estar sozinho, e o fato de Avice não confiar em sua integridade e amor por ela o deixava a cada segundo mais irritado e automaticamente mais distante, já era uma tortura não poder passar um segundo a sós com ela, além disso, ele tinha que tratá-la diferente do que estava acostumado, não podia chamá-la de princesa ou provocá-la como era de seu costume.

Ambos dividiam a mesma cabana, entretanto quando ele chegava ela estava dormindo e quando ela saía, era ele quem dormia.

Vê-lo dormir preenchia o coração da princesa e seu corpo fervia de paixão por ele, às vezes, ela se questionava com relação ao futuro que deixou ir embora, mas saber que o teria como recompensa era a sua maior motivação.

Antes do sol nascer a princesa acordou, ainda estava um pouco escuro, mesmo assim a insônia a perseguiu durante dias.

Todas as madrugadas quando a falta de sono a pegava, ela lembrava dos momentos em que saía de seu quarto ainda quando estava no navio. Ela dependia daquela sensação de liberdade e sentir o vento em seus cabelos e a brisa fria em sua pele era tentadora.

Sem pensar duas vezes, ela saiu da cabana onde seus dois companheiros estavam e seguiu em direção ao rio que percorria próximo ao vilarejo.

Sentando-se em uma rocha, a princesa levantou o comprimento do vestido que era na altura do tornozelo e em poucos segundos mergulhou seus pés na água.

Apreciar o som da correnteza, sem preocupações – momentaneamente – era tudo que ela precisava para organizar os pensamentos.

Agora, ela já não era mais a princesa ameaçada que precisava dos pais para guiá-la em sua trajetória. Ela havia abdicado desse zelo, estava longe de ser a menina que saiu de Campbell e sabia que jamais tornaria a ser, precisava ser forte para enfrentar tudo que estava por vir, ela precisava renascer.

Como símbolo para celebrar o renascimento de uma nova Avice, a ruiva mergulhou na água até ficar submersa, e assim que emergiu, decidiu que nunca mais seria a mesma.

. . .

— Bom dia Thomaz. — disse Júlia levantando-se — onde está Avice? — era difícil não notar o tom de preocupação.

— Eu não sei, ela anda me ignorando — falou o rebelde lembrando-se do dia anterior — às vezes ela se supera.

— É óbvio, Margareth está se atirando pra você e você não dá um basta nessa situação. Certamente ela está com os nervos à flor da pele! — alertou — principalmente sendo tão insegura e impulsiva.

— Sim, eu sei como ela é. Nunca pensa antes de agir, mas está agindo de maneira indevida, sabe o risco que corremos quando ela quer dar ordens? Nunca vi tamanha infantilidade!

— Thomaz, ela tem apenas dezesseis anos, saiu de sua zona de conforto para viver um amor proibido com você. Acha mesmo que ela não se sente ameaçada por Margareth? E fora isso, cresceu dando ordens, ela é uma futura rainha.

A princesa prometidaWhere stories live. Discover now