A princesa prometida

Capítulo seis

Após dois longos dias sem ver Thomaz, Avice se sentiu apreensiva, não o via fazendo rondas, nem nas refeições, e por mais que se sentia entristecida com isso, sabia que o motivo era grave. Talvez, ele escondesse coisas dela, as quais não podia contar, coisas que em breve seriam descobertas.

. . . 

O céu estava escuro e ainda era tarde, o mar estava agitado e o navio balançava cada vez mais. Avice olhou ao longe e viu um raio caindo na imensidão do mar, como reação a um susto, a ruiva pulou para trás, tropeçando em um guarda que estava fazendo ronda, Avice olhou de soslaio, na esperança de encontrar Thomaz, mas não era.

Onde ele estava? O que havia acontecido? 

Depois daquela noite que se abraçaram ele sumiu, Avice não se lembrava de ter dito nada que fosse magoá-lo, será que ele se arrependeu de ter se aproximado dela?  

— Princesa, o que faz aqui?

— Estou olhando o mar, o tempo não parece estar bom — Avice encarou o mar.

— O mar está revolto, acreditamos que essa noite haverá uma grande tempestade — o soldado concluiu — bom, acho que a princesa deve ficar no quarto essa noite. 

— Farei isso — ela comprimiu as mãos, angustiada.  

O guarda olhou em direção ao horizonte, notando o outro navio que se aproximava rapidamente. 

— Aquele navio vem em nossa direção — ele considerou — já havia o avistado?

— Sim, há uns dois dias. Você sabe que ele provavelmente vem de Campbell não é? 

— Suponho que sim, e você como sabe?

— Eu sou muito boa com localização por áreas geográficas. Olhando as estrelas, eu sei de onde viemos, e bom esse navio vem de lá. É impressão minha ou as velas dele são escuras?

— Eu não enxergo muito bem de longe, para melhorar o tempo não está ajudando. Mas tenho a impressão de que as velas são escuras. — falou o soldado — Pode ser o navio de exportação de alimentos enviado pelo seu pai, em troca de soldados para Campbell. 

— E se não for? — Avice falou, apreensiva. 

Todas as vezes que olhava para o outro navio, uma breve sensação de medo lhe tomava. 

— Acredito que seja, o rei nos avisou que enviaria um navio de mantimento, o que me preocupa é a velocidade, ele está cada vez mais perto... 

— Bom, se meu pai avisou antecipadamente acredito que seja isso. Mande todos os soldados ficarem dentro dos quartos hoje, a tempestade ficará forte, quero todos em segurança.

— Ao seu dispor, majestade. 

. . . 

Avice adentrou o salão principal notando que todas as mulheres estavam presentes. Ela percorreu os olhos em cada uma, contudo, procurava uma em específico; Júlia. Assim que a encontrou caminhou até ela confiante de que a mesma daria notícias de Thomaz. 

— Júlia?

A jovem com cabelos medianos assustou-se, e assim que virou fez uma reverência. 

— Princesa — ela disse ainda curvada.

— Levante-se — falou Avice, suavemente. 

Ela se levantou, e Avice notou que a camponesa era um pouco maior que ela, e apesar de suas madeixas loiras, seus traços lembravam muito os traços de Thomaz.