Capítulo dezoito

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— Thomaz, realmente espero que compreenda, está difícil para todos nós, e você mais do que a mim sabe que se o rei Mizar nos encontrar… — a voz de Avice em frente ao espelho transmitia dor e fragilidade. 

— Está falando sozinha menina? — a voz grossa de Órion a tirou de seu devaneio.

— Talvez — ela sorriu — francamente isso está mais para um ensaio.

— Algo a aflige, vejo em seus olhos — falou ele, se aproximando dela — é por causa do rei Mizar que está vindo para cá?

Avice o encarou e em seguida, deixou que as lágrimas falassem por ela.

— Não se deixe ser vencida assim, você será uma grande rainha — Órion a envolveu em um abraço acolhedor — venceremos essa batalha.

— Esse é o problema, eu não quero ser rainha! — confessou — não se Thomaz não estiver ao meu lado. Pensei sobre tudo o que eu havia premeditado e não me parece ser uma boa escolha negar oficialmente o casamento, meu pai vai me matar e todo o meu propósito será em vão.

— Não acho que nada do que você está fazendo é em vão. Na verdade, acredito em sua força e principalmente no seu destino como uma guerreira, você não é só uma princesa, há muito mais em você, do que você imagina.

— Então o senhor acredita que devo ir para o castelo? E se...

— Eu acredito sim, você deve ir ou então todas as pessoas desse vilarejo serão como traidoras e você sabe o preço disso.

— Mas... Se eu for e não conseguir negar o pedido?

— Acha mesmo que não vai conseguir? — os olhos dele desceram para os olhos dela, que estavam avermelhados por causa do choro — você tem a coragem que o seu pai não tem, tenho certeza que conseguirá enfrentá-lo.

— Agora não sei como devo conversar com Thomaz, não quero que ele pense que não o amo mais por causa do que vi.  

— Tenho certeza que ele a compreenderá, o vi crescer e presenciei toda a dedicação que teve para obter essa vingança, e sei mais do que qualquer outro que a paixão dele por você é tão profunda que o fez desistir de tudo que já estava planejado, simplesmente porque ele seria incapaz de deixar de amá-la — Órion segurou nas mãos dela — filha, esse é o momento de romper a barreira do seu orgulho ferido, pois tenho certeza que Thomaz não faria nada que fosse para machucar você.

— Acha mesmo que ele não foi culpado naquele beijo?

— Tenho convicção de que ele é inocente e a ama. Você só precisa contar todo o seu plano, se abrir com ele, afinal vocês dois começaram isso, não é?

Avice assentiu.

— Então vá.

Os conselhos motivacionais de Órion penetraram o coração de Avice com afinco, ela estava encorajada e preparada para dizer tudo o que estava sentindo, seus medos, seus planos e suas incertezas.

Contudo, procurou Thomaz em cada canto do vilarejo e tudo que encontrou foi a decepção em descobrir que ele não estava lá.

. . .

— Está pensativa...

Avice olhou por cima do ombro e o viu atravessando o quarto, indo em direção à ela.

As batidas em seu coração aceleraram, deixando-a sem fala. Sutilmente ela moveu a cabeça, como se assenti-se.

— Soube que me procurou durante todo o dia — ele se sentou próximo à ela, percorrendo os olhos por toda extensão de seu rosto, parando em seus lábios avermelhados e tentadores.

A princesa prometidaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt