Capítulo vinte e sete

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Uma semana depois...

Todos já estavam preparados para a guerra; na frente de batalha estavam Órion, Nolan, Júlia, Thomaz e Avice. Felizmente eles conseguiram uma armadura, todos estavam protegidos e carregavam suas espadas; Júlia com sua aljava carregava o arco e as flechas. Uma quantidade considerável de camponeses se juntaram a eles, existia uma resistência e ela era grande. Apesar de Avice ser sempre positiva ela sentia uma apreensão em seu peito, hoje todos eles poderiam morrer e então, qual seria o destino da pequena Charlotte?

. . .

Mais uma vez o terrível som se reproduzia em seus ouvidos, gritos, espadas se chocando, desespero e angústia. Até quando teria que suportar isso?

— Não é hora para lamentações princesa, você entrou na guerra, agora é preciso lutar — falou Júlia, reparando que Avice estava desatenta.

— Eu não consigo mais matar ninguém.

As duas se olharam e foram surpreendidas por um soldado, Júlia com muita agilidade atirou a flecha que atravessou o pescoço do mesmo. O cavalo passou por elas, mas o homem ficou estirado no chão, segurando a caricatura de uma criança que com certeza era especial para ele. Os olhos de Avice lacrimejaram.

— Parem! — ela gritou — por favor parem!

— Não tem como acabar com essa guerra, desista, princesa — falou um soldado atacando-a.

Thomaz chegou e feriu o homem que caiu no chão agonizando.

— Você deve sair daqui, agora!

— Não irei a lugar nenhum sem você.

— Se defenda ou então saia daqui — Thomaz a encarou.

— PAREM! — a voz do Rei Mizar interrompeu a luta.

Os soldados pararam e em respeito a eles os rebeldes também, seria injusto lutar contra pessoas paradas.

— Nolan, sua coragem me atormenta, você sabe que vocês não têm chance contra os meus soldados.

— Queremos a mudança em Guersi pai, e não desistiremos sem lutar.

— Meu número de soldados é bem maior que o seu número de aliados.

Nolan assentiu, realmente não era páreo contra aquele exército, mesmo assim não se deu por vencido, em segundos buscou em seus pensamentos alguma resposta. Lembrando-se dos ensinamentos arcaicos de seu pai o príncipe cuspiu as seguintes palavras:

— Décimo mandamento papai; pensai exclusivamente na guerra.

O rei sorriu em resposta, sem rodeios desceu do cavalo e encarou o filho de maneira desafiadora, pretensiosamente falou:

— Prove-me que pensa exclusivamente nisso; mate-me agora e morrerei feliz, ao saber que finalmente você aprendeu algo.

Dito isso, o rei se ajoelhou aos pés do filho.

— Vamos Nolan! Mate-me! — instigou o rei.

— Piedoso, íntegro, fiel e humano — falou o príncipe com autoridade — O senhor também me ensinou isso, mesmo dizendo que eu não devia segui-los — o príncipe jogou a espada para longe — mas hoje, diante de todos os cidadãos eu declaro que esses são os princípios que eu vou seguir e como futuro rei, concederei benevolência à todos.

Pouco a pouco os soldados foram tirando suas armaduras e lançando para longe suas espadas. O rei calado fitou o filho com desgosto, pois o príncipe conseguiu o respeito de todos sem violência e sem muito esforço.

Nolan virou-se para observar com clareza o que havia conquistado. Aquilo sim era algo digno de ser lembrado, estava feliz por ser diferente e grato por seus homens que desistiram de tanta maldade.

A princesa prometidaWhere stories live. Discover now