Capítulo trinta e dois

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Assim que a jovem ruiva percorreu os olhos onde estava sendo mantida, sentiu um arrepio gélido sendo enviado por sua coluna ao se deparar com um homem amarrado onde ela estava. Avice tentou engolir a pouca quantidade de saliva que restava em sua boca, e sem força alguma a princesa tentou manter-se em pé, devido a surra que levara de seu pai e os ferimentos espalhados por todo o corpo, Avice não obteve muito sucesso. Após desistir de tentar se levantar, a garota sentou-se na palha que já estava por debaixo dela, e começou a chamar o homem que estava sendo mantido junto a ela.

— Ei, ei — ela chamou — o que faz aqui?

O homem cansado, levantou a cabeça e direcionou os olhos para a princesa, Avice enxergou um vazio refletido nos olhos do rapaz.

— Pensei por um segundo que estava morta, princesa — falou ele.

— Mas não estou, só estou machucada.

— Solte-me! — implorou o homem — eu irei salvá-la.

— Eu gostaria de conseguir levantar daqui — ela falou quase sem forças — porém estou fraca demais. Mal consigo carregar o peso de meu próprio corpo.

— Eu sei que a princesa é mais forte do que pensa — ele encorajou — eles estão indo matar a minha família.

— Quem está indo matar sua família?

— Eu sou um soldado — ele a encarou — era amigo de Thomaz quando ele era um soldado, porém não fui selecionado para escoltar em sua viagem.

— Ficou aqui servindo o reino?

— Sim.

— Quem está indo matar a sua família? — questionou Avice novamente.

— Seu pai.

Avice respirou fundo, e conseguiu manter-se em pé, com muita dificuldade.

— Por que Ara está indo matar sua família?

— Ele está correndo atrás de respostas, então vai ir em cada vilarejo fazer uma chacina, caso não lhe digam onde se encontra o alojamento dos rebeldes.

— Farei o possível para tirá-lo daqui.

Avice valorizava a família, ela não queria que o soldado perdesse a dele. Então a princesa tirou forças de onde jamais imaginou, e caminhou até o rapaz. Apossou um punhal que estava na cintura dele e cortou uma das cordas que prendiam sua mão, o rapaz com agilidade pegou o punhal e cortou o outro lado da corda.

— Venha comigo — ele disse — eu a deixarei segura.

— Não — Avice se afastou do homem assim que ele se abaixou para carregá-la — vá logo e salve sua família.

O rapaz a encarou com compaixão, admirou sua coragem, e com lágrimas nos olhos reverenciou a princesa.

— Eu voltarei.

. . .

Já era noite, quando a agitação chamou a atenção de Avice. Vozes cada vez mais altas invadiam seus ouvidos sensíveis.

— Ataquem! — foi o que ela ouviu com perfeição.

Quando tentava olhar pela fresta que a ligava ao lado exterior, foi surpreendida pelo impacto da porta que a fez saltar como reação ao seu susto.

— Encontrei a princesa — alguém gritou.

Avice, virou-se para ver quem era, e assim que direcionou o olhar para a porta, viu seu irmão Daniel, carregando uma espada.

— Daniel! — ela se animou — vocês me encontraram.

— Me dêem cobertura — disse ele — ela não consegue se manter em pé.

Alguns homens entraram na frente do príncipe enquanto ele carregava Avice até um cavalo onde Júlia estava esperando.

— Céus! — exclamou ela — o que fizeram com você?

— Leve-a em segurança Júlia — disse Daniel.

Júlia assentiu.

— Começarei a tirar todos daqui.

— O que farão? — Avice perguntou entrando em estado de inconsciência.

— Explodiremos esse lugar.

. . .

Ao chegar na cabana onde Alya e Thomaz estavam, Júlia carregou Avice até uma cama.

— Ela está muito ferida — disse — e é pesada demais.

Alya correu para dar assistência enquanto Thomaz em silêncio observava o estado decadente da jovem.

— O que fizeram com minha filha — Alya disse com amargura — eles por pouco não a mataram.

— Isso é culpa minha — disse Thomaz finalmente — eu deveria ter protegido ela.

Júlia se levantou e abraçou Thomaz.

— Você não podia ter evitado nada, Ara já havia planejado tudo.

— A culpa é minha! — o rebelde enfureceu-se — ela era minha responsabilidade.

Júlia sempre tivera o pavio curto, então sem nenhuma paciência a jovem gritou.

— Pare de se culpar! Não é momento para isso — ela o encarou — se quer fazer algo para ajudá-la mostre que ainda está vivo.

Thomaz caminhou até Avice, e deslizou as mãos no rosto sujo e ensanguentado da princesa.

— Eu estou aqui, meu amor — ele disse baixinho.

Avice abriu os olhos, com muita dificuldade e de imediato respondeu:

— Finalmente eu morri para poder encontrá-lo.

— Não filha — interrompeu Alya — você não está morta.

Avice sorriu ainda fora de seu estado natural e disse:

— Eu vi Thomaz mamãe — ela falou — ele está morto.

— Eu não estou morto — ele a tocou — estou aqui ao seu lado.

Avice tornou a desfalecer, estava fraca e precisava descansar.

. . .

Logo que os rebeldes foram retirados do campo de treinamento dos soldados, o lugar foi tomado por uma grande explosão. Daniel observava ao longe o resultado da maldade de seu pai. E em seu coração algo o incentivava a desistir do poder.

— Daniel — disse Órion — antes de irmos preciso lhe contar algo.

Daniel encarou o homem ruivo e o consentiu para que ele prosseguisse.

— Ara não é o seu pai, eu sou.

Daniel sorriu e disse:

— Eu sempre soube que ele não era, minha mãe sempre escondeu algo de mim e quando voltou de Guersi, depois de enfrentar tantas dificuldades ela me contou a verdade.

— Ela fez para o seu bem.

— Me entristece saber que Avice não teve a mesma sorte — disse ele.

Órion caminhou até o rapaz e o abraçou, estava aliviado em saber que o filho era diferente de Ara.

— Agora devemos ir — disse Daniel — se Ara chegar vai pedir nossas cabeças.

. . . 

A princesa prometidaWhere stories live. Discover now