Eu realmente estava bastante confusa. Mal sabia quem era Connor e muito menos o que acontecia naquelas festas.

       — A maioria das festas dadas por Connor, terminam com polícia levando a maioria das pessoas para a delegacia — Adam dizia com os olhos presos aos meus, no retrovisor — Mas esse não é o pior.

       — Da última vez, teve uma orgia na sala de estar.— Hanna comentou com um sorriso no rosto — Foi tão engraçado! Fora que se você não sair de lá antes das umas da madrugada, você é obrigado a transar com alguém.

       — E se... eu não quiser? — puxei a ponta do lábio com os dentes.

       — Não tem essa de não querer, Mary Angel. — ele revirou os olhos levemente — Se você ficar até depois do tempo dado, você realmente quer ser fodida por mais de dois cara. São regras da casa. —sua língua passou entre seus lábios, os molhando. Eu poderia observar apenas pelo retrovisor, cada movimento do seu rosto.

        —Eles apagam as luzes quando dá uma em ponto. Geralmente, as pessoas já se organizam com quem vão transar, outras vão na sorte. — Ellie explicou melhor — Mas como Hanna disse, semana passada, antes da meia-noite, o pessoal começou a transar no meio da sala — um sorriso iluminava seu rosto, provavelmente se lembrando daquela cena.

        Eu nunca havia escutado falar de uma festa como essa. Só de ouvir, me dava nojo. Quem em sã consciência participaria daquilo? Fora que era um completo absurdo existir um tipo de coisa daquelas. Realmente, era o cúmulo dos jovens.

— E vocês já... Hum... Participaram? — perguntei me enrolando nas minhas próprias palavras. Talvez, eu estivesse deixando a minha curiosidade falar mais alto.

— Sim! — Hanna e Ellie disseram em uníssono.

Olhei para Hanna do meu lado que encarava suas unhas e seu semblante estava indiferente. Okay! Não esperava isso dela, pensei. Bom, eu sabia que Hanna não era virgem, há um bom tempo, perdera sua virgindade com seu ex-namorado de adolescência — que a deixou depois disso. Eu esperava qualquer coisa da minha amiga, menos aquilo.

— Já participei algumas vezes... — Adam disse dando de ombros — Mas não gosto muito disso. Geralmente, saio antes das uma, não vejo a menor graça nisso — por um instante, ele olhou para o retrovisor onde encontrou meus olhos, atentos, ali — Está interessada na orgia, Mary Angel?

Abri a boca para me pronunciar, mas nada saía. Por mais que eu quisesse dizer algo, nenhum som saia da minha boca, eu apenas tentava formular alguma coisa para dizer.

Era mais que óbvio que eu nunca participaria daquela orgia. Era nojento e me dava náuseas só de pensar em transar com alguém junto de outras pessoas. A minha curiosidade era enorme e eu só queria saber um pouco sobre aquilo, isso não queria dizer que eu queria participar.

— A Mary nunca vai querer participar disso —Hanna dizia, me olhando — Ela nunca transou na vida! Acha mesmo que vai transar com o primeiro cara que aparecer na festa? — ela disse sem perceber o que estava falando e quando terminou de dizer, colocou a mão na boca por ter me exposto daquela maneira.

Meu rosto ruborizou no momento que Ellie virou o corpo para trás — já que estava sentada no banco da frente — com os olhos castanho arregalados e as sobrancelhas arqueadas.

Sim, eu era virgem, com os meus 18 anos —quase 19. Eu nunca dormi com alguém, sempre gostei de me preservar para alguém especial e para um momento especial. Pretendo deixar de ser virgem depois do casamento, era o que meus pais queriam pra mim e o que eu queria para mim. Quero encontrar uma pessoa especial e que eu ame, assim terei minha primeira vez. Mas de fato, acho que demoraria acontecer, já que ninguém se interessava por mim — uma pequena mentira. Mas o que mais me irritava era o fato de Hanna ter contado, para duas pessoas "estranhas" e além disso, tinha um homem presente no carro. Poderia ser mais constrangedor?

Levantei a cabeça e tentei olhar para algum canto do carro, mas parei no retrovisor, onde olhos azuis intensos me encarava.

        — Oh meu Deus! Você nunca transou com alguém? — Ellie dizia ainda com os olhos arregalados.

        — Ah...Não... — digo com a voz falha.

       — Mais um motivo para ela não ir nessa festa!— Adam dizia olhando para a estrada à sua frente, seu tom era de indiferença.

       Virei o rosto para Hanna e a mesma me olhava como pedisse desculpa pelo o que dissera. Dei de ombros e virei-me novamente para a janela, observando os prédios passarem rapidamente.

       — Mas ela vai! — minha amiga se pronunciou e vi o Ashworth bufar no banco da frente.

       — Põe sua amiga em risco então, vai ser divertido ver essa menina em uma festa para adultos— pude perceber que um sorriso sarcástico surgiu nos seus lábios finos e rosados.

        Quando raciocinei o que sua simples frase dizia, já era tarde para rebater no mesmo tom. Ele realmente havia me chamado de criança? Ou eu estava interpretando errado? Ele me surpreendia. Pensei que teria uma pequena chance de virarmos bons amigos, pois na noite anterior, ele me tratou super bem enquanto conversávamos por mensagens, mas eu estava enganada.

       

          Já era a noite, quase 7 horas da noite em ponto. Eu estava no quarto da Hanna, sentada na cadeira acolchoada da sua penteadeira, com os olhos fechados e uma série de suspiros impacientes. Mais uma vez, fui derrotada pela insistência da Hanna que me convenceu a fazer cachos no cabelo — eu não gostava de mudar meu cabelo em hipótese alguma. Ela até tentou me convencer de deixá-la me maquiar, mas pela primeira vez, quem ganhou a disputa fui eu, pois eu disse que se ela continuasse a insistir eu não iria mais — estava torcendo para não ir mesmo.

          Eu odeio esses tipos de festas. Hanna sempre soube disso e na maioria das vezes, me leva junto com ela para que eu possa cuidar da sua bebedeira depois. Essas festas só tem duas coisas:jovens irresponsáveis bêbados e confusão. Eu odeio cheiro de bebidas alcólicas e odeio mais ainda multidões, poderia ficar pior? Eu pareço ser anti-social — como diz Aysha — ou metida, porém meus gostos são diferentes das demais pessoas.

         Ouvi a voz da minha amiga mandando eu abrir os olhos para eu ver como tinha ficado o cabelo e me surpreendi como ele havia ficado diferente. Tinha leves cachos nas pontas loiras e pelas mechas compridas havia pequenas ondulações. Realmente, o cabelo muda a feição de uma pessoa completamente.

        — Ainda acho que deveria passar uma maquiagem — Ela sugeriu me olhando pelo espelho.

      — Voce sabe a minha resposta, Hanna Parker —Digo ainda me auto-analisando no espelho. — Obrigada, amei o cabelo — Sorrio para ela que envolve meus ombros com seus braços magros e compridos.

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