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     Quando eu era pequena, acreditava que um dia eu ficaria rica magicamente e que não precisaria trabalhar ou estudar mais, pensava que eu compraria uma fábrica de chocolate como a do meu filme favorito ou teria uma mansão na qual chamaria todos...

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Quando eu era pequena, acreditava que um dia eu ficaria rica magicamente e que não precisaria trabalhar ou estudar mais, pensava que eu compraria uma fábrica de chocolate como a do meu filme favorito ou teria uma mansão na qual chamaria todos os meus amigos para tomar banho de piscina. E teria que ser uma enorme mansão, pois eu fazia amigos em toda parte e para chamar todos, deveria ser um local enorme.

Eu criei tantas expectativas do mundo que acabei vivendo nesse meu mundo. Sempre fui desse jeito, desacordada do mundo real, sempre sonhando em um lugar melhor, essa era característica do meu signo, peixes. Sim, eu acredito em signos, por mais que pareça bobagem.

Sonhava em ser atriz, quando era pequena queria ser atriz, gostava do meio artístico, até perceber que meus pais não teriam dinheiro para investir naquilo e eu acabei por desanimar. E mais pra frente, eu queria ser agente de turismo ou até aeromoça, sempre gostei de viajar pelo mundo e conhecer culturas e lugares novas e percebi também que não era pra mim. Depois de um tempo descobri o que eu realmente gostava: Psiquiatria. Poderia ser uma loucura, eu sei, mas eu me identificava bastante.

E cá estou eu, no meu terceiro semestre de medicina na Universidade de Nova York.

  Meu corpo já estava bastante descansado para um novo semestre de um longo ano. Até que as férias havia caído bem em mim para ser sincera, já que a faculdade acabava comigo.

   Senti pequenas mãos tocarem meu ombro e eu levei um susto girando meus calcanhares automaticamente para ver quem era o indivíduo. Um sorriso se instalou em meu rosto ao ver quem era, e me aliviei ao ver Hanna parada em minha frente, com os seus olhos castanhos claros, que estavam quase verdes por conta do sol, e seus lábios cobertos por um gloss bem brilhoso. A olhei de cima abaixo vendo a roupa que estava usando, já que eu tinha que controlar ela para que não usasse roupas vulgar demais para a faculdade.

— Eu te prometi que não viria com nenhuma roupa chamativa hoje. — Disse girando os sapatilhas junto com o corpo e deu uma volta, mostrando seu look.

Até que não estava vulgar. Era uma saia preta de babado que ia até a coxa, uma blusa branca com um decote nos seios com algumas florzinhas desenhadas, um casaco cinza fosco e uma sapatilha cinza.

    — Mas estamos em uma faculdade Hanna, não em um Bar. Achei desnecessário tudo isso —Comentei colocando a mão em seu braço e a puxando para um canto — Mas a roupa é sua, você escolhe o que usar.

    — Está ótima, eu sei. Obrigada — sorriu agradecendo por um elogio que não havia recebido —Você reclama das minhas roupas, mas vem parecendo uma mendiga para a faculdade — torceu o nariz rindo baixo e eu ri junto com ela — Mas é verdade.

     Revirei os olhos e me auto analisei. Ela tinha razão, não por eu parecer uma mendiga, até por que ela havia exagerado, mas por eu vir bem desarrumada para à faculdade. A minha roupa era bem básica uma calça jeans clara, uma blusa rosa bebê, uma jaqueta meio verde e o meu all star preto. Fora que o meu cabelo estava amarrado em um coque despojado, o que me deixava com a pior aparência possível e minha cara não estava muito boa também, já que eu não usava nenhum tipo de maquiagem.

    — Acho melhor irmos logo, não quero perder a minha primeira matéria — digo Segurando a alça da minha mochila e mordi os lábios devagar — Provavelmente, vamos nos ver apenas na minha quinta matéria... — entorto a boca ficando com o semblante meio triste.

     Hanna não fazia medicina como eu, ela estudava direito, pois foi obrigada por seu pai a fazer aquele tipo de coisa. Já eu achava que ela tinha vocação para ser estilista, caía melhor nela essa profissão. Mas a mesma não mandava em sua própria vida.

      — Porém não se preocupe. Aysha estará lá com você, não esqueça, e Lyan também, sua bobinha — ela me deu um tapa no ombro com seu sorriso malicioso armado no rosto.

      Hanna me envolveu com os seus braços e olhou nos meus olhos dando uma piscadela e logo se virou na direção oposta na qual eu iria. Vi seu corpo se perder no meio daquela multidão de jovens apressados e um suspiro escapou quando eu relaxei meus ombros.

      Eu teria um longo dia pela frente, e cheio. Porém produtivo, se o sono não consumisse cada célula de meu corpo. Eu me animei um pouco quando lembrei que Lyan estaria na mesma sala que eu hoje.

       Lyan Fox era o garoto mais gato da sala de anatomia, quase todas as garotas babavam por ele. Lyan é forte, alto, tem o cabelo em um topete incrível e uma boca carnuda que mata qualquer uma. Os pais dele são médicos, então já sabemos de onde vem essa influência. A única coisa que estraga nele é que o mesmo é um pouco burrinho e isso desinteressa, e o cara com quem ele sempre está não é bom para sua imagem na Universidade — na qual eu suponho ser o melhor amigo dele, eu não sei o nome do garoto, apenas o sobrenome, Ashworth.

     Me pego parada na frente dos armários do corredor quase vazio e me assusto com uma garota me olhando enquanto abria o seu armário. Dou de ombros e começo a andar direto para a sala de anatomia, que não era muito longe dali e eu dei graças a Deus por isso. E agradeci mais uma vez, quando olhei pelo vidro da porta da sala, e o professor ainda não estava lá dentro.

       Mordi os lábios e coloquei a mão na maçaneta a girando e a porta logo se abriu. Entrei na sala e quando eu estava fechando a porta, alguém colocou a mão para que eu não fechasse. Levantei meu rosto e vi dois olhos azuis claros me encarando, e um par de sobrancelha escuras e grossas levantadas, a testa levemente franzida e os lábios finos rosados entreabertos. Umedeci meus lábios e olhei os traços de seu rosto, até ele "raspar" a garganta e me tirar da pequena análise.

Pequenas mentiras Where stories live. Discover now