cinquenta.

4.1K 382 173
                                    

oi gente linda, acho melhor ler o cap anterior para lembrar o que aconteceu para não se sentirem perdidas pq até eu não lembrava kķk
Beijos;;)

— Acho que Haden está bravo com você — Luke me disse, com o olhar concentrado no exercício de português que obriguei ele a fazer.

Durante o tempo que estou aqui, reparei que o menino não gosta de estudar no tempo certo. Sempre que ele volta da escola não fala nada sobre ter um trabalho de casa, mas às dez horas da noite quer ajuda sendo que passou a tarde toda sem fazer nada.

— Também acho — concordei, prestando atenção no que ele está fazendo no caderno.

— Você está o provocando de propósito — me encarou, mas não me culpando ou criticando.

Sei que, no fundo, ele está achando divertido e com razão, Haden fica engraçado bravo. Ele consegue ser mais infantil que uma criança de três anos.

— Ele me provocou primeiro — respondi. — Agora lê o texto em voz alta — pedi, desconversando.

Ele começou a ler, errando a pronúncia de algumas palavras, mas até que está indo bem. Mais umas duas aulas comigo e ele até poderá fazer ‘rap’ com trava-línguas. Ri do meu próprio pensamento, até que Haden entrou na cozinha, onde estamos agora. E apenas desejou um bom-dia ao irmão, colocou água no copo e foi embora. Sem me encarar nem nada. Eu e Luke nos entreolhamos e começamos a rir.

— Ele é sempre assim quando está irritado? — perguntei, e o mesmo assentiu. — Acho que vou o provocar com frequência — brinquei. — Agora, vamos terminar o seu trabalho porque sei que quer ir para casa do seu amigo jogar á bola — digo a última parte de uma forma desmerecedora (como se futebol fosse um desporto chato) recebendo um revirar de olhos com humor.

Quando terminamos ele fez exactamente o que eu disse, me despediu primeiro, depois foi para sala avisar o seu irmão que está saindo e em seguida para a casa ao lado. Eu, no entanto, fiquei na cozinha encarando o nada pensando se vou para a sala de estar onde um Haden frustrado comigo, está, ou para o quarto encarar o tecto sendo que já não tenho mais nada para fazer.

Todas as tarefas que me disponibilizei para fazer como arrumar as coisas, limpar e todo o resto já estão feitas sendo que cozinhar fui dispensada porque  da primeira vez, e na segunda não correu muito bem. Acho que Haden nunca mais vai me deixar pegar numa panela de novo, por isso é ele quem cozinha. Então, só acabo lavando os pratos mesmo.

Respirei fundo, e decidi o enfrentar. Já fugi muito.

A primeira coisa que vi foi ele sentado no sofá desenhando qualquer coisa numa folha, mas quando me viu  o fitando deixou ela de lado. Como se não quisesse que eu visse.

— O que está escondendo? — perguntei, me aproximando. Ele amassou a folha e a segurou no seu punho fechado.

— Nada — respondeu, pela primeira vez no dia sendo que hoje de manhã o desejei um bom dia e fui ignorada.

— Acabou de fazer a sua greve de silêncio? — não resisti a vontade de provocar.

— Não era uma greve. Só não estava com vontade de conversar com você.

— Mentiroso — digo, olhando para o seu punho. Ele não quer mesmo me mostrar o que tem ali. Ficamos nos encarando em silêncio, mas não um silêncio constrangedor. Acho que já passamos dessa fase. Agora é meio que um desafio para ver quem irá desviar o olhar primeiro.

NeutroOnde as histórias ganham vida. Descobre agora