trinta e dois.

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Tal como prometido, Haden estava a minha espera do lado de fora do café, dentro do carro a mexer no celular, alheio a tudo a sua volta. Por isso quando me aproximei, bati levemente no vidro do carro, o suficiente para atrair a sua atenção. Sorri minimamente para ele quando o mesmo me encarou e dei a volta para poder entrar.

— Como foi? — ele perguntou, enquanto me observava sentar ao seu lado e colocar o cinto de segurança.

— Legal — foi a única coisa que respondi.

— E esse pedaço de papel na sua mão? — olhei para a minha mão.

No pedaço de papel — que nos foi oferecido por uma garçonete quando pedimos — tinha o endereço do apartamento que Keanu iria alugar assim que saísse do orfanato para eu poder o visitar sempre que quisesse.

— Nada de importante — dei de ombros. Amassando o papel nas minhas mãos porque já não precisava dele. Tenho uma boa memória e lembraria-me perfeitamente do endereço quando precisasse.

Não muito satisfeito com a minha resposta, ele questionou:

— E o seu amigo? Para onde foi?

— Já foi embora. Você não o viu porque estava concentrado no celular — quando ele estava prestes a abrir a boca, ergui a mão. O pedindo silenciosamente que calasse. — E por favor, pare de me fazer perguntas. Eu não gosto.

Isso só o motivou a fazer o contrário do que pedi.

— Não estaria a fazer perguntas se você não estivesse a dar-me respostas curtas.

— Estou a dar-te respostas curtas porque é um assunto que não te interessa — fui rude, irritada com a insistência dele.

Ele fechou a cara e apenas murmurou um “ok”.

Cruzei os braços, e virei o rosto para o lado oposto do dele, sentindo-me arrependida no momento a seguir. Sabia que a minha reação havia sido um pouquinho exagerada, mas não conseguia evitar. Eu tinha a noção de que quando estava frustrada com alguma coisa, descontava no primeiro ser humano que me aparecia a frente. E o motivo da frustração é não ter nenhuma ideia de como ajudar as garotas que estão desaparecidas.

Soltei um suspiro pesado e me encolhi mais no banco. 

Queria pedir a Haden para ir a casa dele, mas não sabia como. E depois da nossa pequena e insignificante discussão o orgulho não me permitia abrir a boca.

Nem parece que a algumas horas atrás estávamos felizes.

— Desculpa — um murmúrio baixo despertou a minha atenção fazendo-me encarar o rapaz ao meu lado com as sobrancelhas erguidas, surpresa.

— O quê? — me fiz de desentendida. — Não ouvi o que você disse.

Ele soltou um riso irónico, mas repetiu.

— Desculpa — a sua voz saiu mais clara dessa vez. — Desculpa por tê-la pressionado. Não foi a minha intenção ser invasivo, mas é que você entrou aqui com uma cara de poucos amigos e só queria ajudar.

— Eu também peço desculpa por ter sido tão rude sem muita necessidade — deixei o orgulho  de lado.

— Agora posso respirar melhor — brincou, a fazer com que o clima tenso se dissipasse tão rápido quanto surgiu.

— Para onde estamos a ir? — decidi arriscar, não perdia nada a tentar.

Ele desviou o olhar da estrada para mim por alguns segundos, intrigado.

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