quarenta e oito.

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Assim que saímos do hospital e entramos no carro rumo a casa de Greta, pelo retrovisor, pude  sentir a intensidade do olhar de Haden sendo que o mesmo me encara de um segundo a um segundo com uma certa inquietação. Não faço ideia do motivo que está causando tanta agitação no mesmo, mas farei as perguntas depois, quando chegassemos aonde ele está nos levando.

— Haden — Greta o chamou, se sentando no meio e inclinando o corpo para frente para que ele não precisasse se virar. — Para onde estamos indo?

— O quê? — fingiu que não entendeu a pergunta.

— Você me escutou — replicou.

— Também não sei? — encolheu os ombros.

— Mentiroso — acusou. — Diga logo.

— Nenhum lugar — rolou os olhos teatralmente.

— Estou falando sério — tentou deixar claro.

— Somos dois.

— Haden! — o reeprendeu.

— Meu Deus! Porque está insistindo tanto? Até parece que estou levando você para outro continente — ele diz, com uma certa cólera. — Fica calma, estamos indo numa sorveteria. Só isso.

— Não gosto de sorvete — fechou a cara e cruzou os braços, provavelmente irritada pelo tom que ele usou para falar com ela.

— Falyn gosta — respondeu, como se dissesse que só isso importasse. Fiquei com vergonha.

— Não, ela não gosta — rebateu.

Eu só fiquei quieta. Observando os dois ficarem zangados um com o outro. Até tive vontade de rir porque a cara que eles estão fazendo agora é cômica. A cara deles está amarradas e os seus cenhos franzidos.

— Por favor, não fiquem bravos um com o outro — tentei quebrar o clima rústico entre eles.

— Não estou brava com ninguém.  Estou plena — Greta murmurou de forma rancorosa.

Haden apenas fingiu que não escutou nada. Preferi deixa-los assim. Eles iriam se resolver depois e sozinhos.

Fiquei um pouco triste quando chegamos na casa de Greta e nem passamos pela tal sorveteria porque eu queria. Então, isso quer dizer que Haden não queria nos levar até a sorveteria. Era uma mentira.

Assim que Greta pisou no gramado começou a andar em direção a entrada sem olhar para trás. Eu descu do carro e continuei parada, encarando tudo com hesitação. Não quero entrar ali. Essa ideia me deixa enjoada e com os batimentos cardíacos acelerados.

— Ei, está tudo bem? — fiquei um pouco assustada quando senti as mãos de Haden nos meus ombros.

Forcei um sorriso e balancei a cabeça de forma positiva.

— Claro.

— De verdade? — insistiu.

— Já disse que sim, Haden — a minha voz saiu aborrecida, mas só estou nervosa. O mesmo sussurrou um pedido de desculpa e começou a andar. Fiquei parada no mesmo lugar por alguns instantes me amaldiçoando mentalmente por transmitir a emoção errada. Agora ele pode vai pensar que estou sendo mal educada.

— Você não vem? — ele se virou para mim.

Um pouco surpresa por perceber que o mesmo não está bravo comigo o segui. Ele abriu a porta para mim e entrei, sentindo uma nostalgia desagradável. Tudo em mim, sente repulsa desse lugar. Não sei se conseguirei passar a noite aqui, na casa que quase morri.

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