dezoito.

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Eles vão me machucar.

Eu vou morrer.

E irei direto para o inferno.

Eram esses os pensamentos que ocupavam a minha mente.
Tentei pensar em coisas felizes para não enlouquecer com as teorias malucas que havia criado na cabeça, mas segundos depois a realidade me batia com força e nenhum pensamento feliz me acalmava.

Penso que já se passaram pelo menos cinco minutos desde que acordei num quarto estranho com paredes cinzentas que continha um armário branco, uma casa de banho e uma cama casal. Agora eu estava parada na janela com a esperança de conseguir ver alguma coisa, mas para a minha infelicidade só havia um jardim imenso.

Mesmo que já tenha tentado andei em direção a porta e tentei girar a maçaneta por uma segunda vez o que obviamente não resultou em nada

Fechei os olhos com força no momento em que senti uma leve tontura  e me afastei da porta para sentar na beira da cama. Quando acordei nesse lugar estranho a minha cabeça começou a doer. O perfume que os sequestradores usaram para manter-me desacordada era muito forte. Não entendi o motivo de o terem feito — porque os mesmos estavam a falar em códigos —, mas agradeci aos céus por isso. Estar acordada com um saco na cabeça não era uma das melhores sensações do mundo.

Abri os olhos assim que escutei o barulho da porta ser aberta e me levantei rapidamente para ficar numa distância considerável da pessoa que iria abrir a porta. Procurei por alguma coisa na minha volta que serveria de arma, mas não tinha nada.

Quando a figura de uma mulher de cabelos grisalhos apareceu no meu campo de visão relaxei os meus ombros. Ela tinha um sorriso amável no rosto quando os seus olhos se encontraram com os meus. Apesar dela ter uma aparência simpática não me movi de onde estava. Ela poderia ter esse ar amigável e no fim ser a promotora disso tudo.

— Bom dia — quebrou o silêncio. — Eu sou Jade.

Não a respondi. Se isso fosse mesmo um sequestro ela deveria saber tudo sobre mim então dispensaria as apresentações.

— Sei que deve estar muito confusa, mas estou aqui para ajudar você.

— No sentido de me ajudar a fugir desse lugar? — finalmente falei e para minha surpresa minha voz saiu rouca. Só aí reparei que estava com sede. Com sede e fome.

Ela balançou a cabeça em negação.

— Ajudar no sentido de manter a sua estadia aqui tolerável.

Prendi a respiração.

— Estadia? Quanto tempo vou ficar nesse lugar? — a minha voz já havia subido alguns tons. — Que porcaria de lugar é esse?

O sorriso em seu rosto ainda estava ali e isso me deixou puta da vida porque eu queria respostas.

— Aqui é a sua futura casa — a sua voz saiu calma e leve como seda.

Apesar dela ser uma senhora de idade seria mentira se dissesse que vontade de a enforcar com o lençol que estava na cama não se passou pela minha cabeça. E também poderia tentar sair dessa casa, mas não sei como está o ambiente lá fora. A casa pode estar rodeada de seguranças ou no meio de uma ilha no fim do mundo. A única coisa que sei é que primeiro tinha que avaliar o terreno para elaborar um plano de fuga. Eu poderia fazer tudo que pensei. Enforcar a mulher chamada Jade, sair do quarto e lá fora encontrar os seus seguranças e os mesmos meterem uma bala no meio da minha cabeça.

— Minha futura casa? — repeti, as palavras causavam um sabor ácido na minha boca. — Isso é uma completa loucu…

Não terminei de falar e uma garota entrou no quarto. Ela parecia ser mais nova que eu, mas não muito. Os seus cabelos pintados de cinzentos estavam soltos e na altura dos ombros. Tinham óculos em seu rosto pequeno, mas não a deixavam com um ar inofensivo ou de nerd. A sua camisa era preta e as calças rasgadas da mesma cor. O seu rosto parecia familiar. Os seus traços eram leves e descontraídos e a única pessoa que tinha essas características era…

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