Conselhos

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Elize POV:

Eu olhei para todos os papéis na minha mesa e me esforçei para não surtar.
O que eu ainda estava fazendo aqui? Eu já tinha aceitado o fato de que eu passei de querer ferrar o Liam para querer o Liam na minha cama.
Mesmo que a gente tenha parado com os amassos depois dele quase contar sei lá o que ele pensou que existia entre nós, para a mãe dele, eu ainda o queria muito. Então já não faz mas sentido nenhum eu continuar aqui a ponto de surtar, sendo que o único objetivo para eu ter começado isso era para irritar Liam.

Eu fui até a sala do Sr. Suller.

- Elize? Algum problema? - Ele perguntou quando entrei.
Eu me sentei.
- Sr. Suller, eu sei que eu estou aqui a pouco tempo, e realmente amei a experiência, mas eu tenho ficado extremamente sobrecarregada e vou precisar deixar o cargo. -
Ele pareceu surpreso, e então respirou fundo.
- Elize, calma. Aconteceu algo por aqui? podemos resolver isso? -
- Não, não aconteceu nada. - Eu disse.
- Você tem certeza? Você tem sido uma das melhores a ocupar o cargo até hoje, seria uma grande perda para a empresa. -
- Sim. E por falar nisso... -
Eu não acredito que vou fazer isso - Eu realmente acho que o senhor deveria dar este cargo para Liam. Ele tem mudado bastante e acho que está muito apto para assumir o meu lugar. -
Ele olhou para mim, como se estivesse me analisando, e isso me deixou apavorada. A Sra. Suller já estava desconfiada, só falta ele ficar também.
- Vou ligar para ele hoje. Mas saiba que quando quiser, pode voltar. - Ele disse.
Ok, já não basta meu pai me querendo a todo custo na empresa dele, agora o Sr. Suller também.

Eu fiquei aliviada de sair da Imperius, e até um pouco feliz que Liam vai conseguir o que queria.
Ao sair de lá e fui comer em um restaurante antes de ir para casa.

Quando cheguei, em casa fui para o meu quarto. Tomei banho e vesti roupas confortáveis, estava em minha cama assistindo Netflix na TV do meu quarto quando comecei a sentir fome.
Decidi preparar uma salada de frutas, separei todas as frutas que iria usar e comecei a cortá-las.

Quando terminei de preparar, peguei um pouco, e estava comendo sentada na cozinha quando Liam chegou.

- Elize, pode me explicar por que meu pai me ligou e me disse que vai me dar o cargo de presidente? - Ele disse.
- Uau! Fico feliz por você! - falei como se estivesse surpresa, continuando a comer.
- Por que desistiu do cargo? - Ele perguntou, ignorando meu fingimento.
- Muito cansativo. - Era a mais pura verdade.
- Você não estava achando que eu te seduzi ou coisa assim para você me ceder o cargo né? - Ele perguntou, com desconfiança em sua voz.
Eu ignorei sua pergunta.
Eu realmente nem tinha pensado nisso.
- Porque se for isso, saiba que com ou sem cargo, eu continuo sentindo o mesmo. - Ele disse.
E isso fez meu coração se agitar no meu peito.
Mas para evitar entrar neste assunto, eu foquei na minha salada de frutas falei algo aleatório.
- Está pronto para usar terno todo dia? -
Ele obviamente percebeu a mudança súbita de assunto, e olhou para mim por um tempo antes de ir para o seu quarto me deixando sem resposta. Ele parecia um pouco triste.

Eu observei ele ir, me lembrando de como sentia falta de estar nos seus braços. Por mais que tenha sido eu a pedir que a gente parasse, eu fico o tempo todo o desejando.

As vezes eu me sinto uma idiota, por que ele parece gostar de mim de verdade e eu sei que gosto dele. A única coisa que me segura agora, é a certeza de que não tem como isso dar certo, além de saber que ele era o garoto que fez bullying comigo, nós estamos em um circunstância nada favorável para um romance: um casamento falso.
E eu também sei que ele não é do tipo que se apega. Não posso fazer isso comigo, não posso me entregar para um cara que provavelmente uma hora vai se cansar e me deixar. Mesmo que eu o deseje tanto...
Que ironia, meu pior inimigo se tornou meu maior desejo.

Diante dos meus pensamentos confusos, eu saí de casa e decidi ir ao único lugar que poderia ter um bom conselho.


- A Senhora acha que vale a pena arriscar tudo e ficar com ele? - eu perguntei, sentada ao lado da pequena idosinha ao meu lado, após contar para ela toda essa confusão.
- Minha Liz, eu sempre te disse que a vida guardava um grande amor pra você. E o amor sempre chega de uma forma inesperada. - Ela disse, olhando para mim, com aqueles olhinhos cheios de doçura e colocando uma de suas mãos sobre a minha.
- Mas e esse casamento falso? Vai se tornar um casamento de verdade? Eu nem sei se estou pronta para um casamento de verdade. - Eu disse, com um certo desespero.
Ela olhou pra mim e pareceu pensar.
- Não está pronta para o casamento ou não está pronta para o amor? -
- Acho que para os dois. - eu disse, suspirando.
- Ah minha netinha do coração, você é uma pessoa tão boa, nunca iria receber algo ruim em troca disso. Se você gosta desse moço e ele gosta de você, não jogue isso fora. Pare de dificultar e deixe as coisas acontecerem naturalmente. -
Eu sorri, ela mesmo aos seus 76 anos ainda era super lúcida, e sempre me recebia com carinho, assim como todos aqui do asilo.
Havia os mais quietinhos, mas eu amava todos eles de uma forma especial.
- Obrigada Dona Francisca, a senhora me ajudou muito. -

Após conversar mais um pouco com todos eles eu me despedi e fui até a parte dos fundos, onde havia o grande jardim que eu pedi para ser feito aqui, o local que antes era apenas um pátio onde eles vinham para tomar sol, agora era um local gramado, com árvores e flores.
Eu achava aquele pátio muito deprimente, demorou um pouco para a equipe que contratei quebrar todo o concreto e o paisagista poder fazer o que eu tinha em mente, eles até tiveram que ficar em outro lugar por uns meses por causa do barulho, mas eu vejo o quanto eles ficaram mais felizes com isso e assim eu sei que valeu a pena.

- Bob! - eu gritei, e em seguida assoviei. O grande labrador dourado surgiu correndo em minha direção e pulou em mim.
- Como você está amigão? - Eu disse enquanto fazia carinho em sua cabeça.
Bob foi mais um presente que eu trouxe diretamente da Ong para o Asilo, ele era apenas um filhote quando chegou aqui, e eu o trouxe para alegrar um pouco os idosos, que gostam muito dele, e agora ele é o mascote do asilo.
Sempre que venho aqui, eu dou uma olhadinha nele.

Depois de brincar com pouco com Bob eu dirigi para casa. Fiquei pensando em tudo o que Dona Francisca me disse.
Talvez ela esteja certa, talvez eu precise parar de fugir de Liam e deva "deixar as coisas acontecerem naturalmente".

Casando Com o Inimigo Where stories live. Discover now