Casando Com o Inimigo

Encontro Desagradável

Outro jantar, sério?
Pensava, enquanto entrava no Porsche do Liam, parado em frente minha porta.
Me buscar e me levar em casa infelizmente fazia parte do "plano" que nossos pais decidiram.
Revirei os olhos assim que sentei no banco do carona.
Ele não falou nada e então eu também não falei, e não precisar ouvir a voz dele era bem agradável. Fiquei apenas olhando pela janela contando os segundos para essa tortura acabar logo.

Entramos no restaurante, onde Liam deu seu nome na entrada e então nos indicaram nossos lugares, que estavam reservados.
Liam estava com uma blusa social preta, ligeriamente colada em seus músculos, o cabelo loiro escuro,  estava penteado para trás e com as laterais bem aparadas, como usualmente. Eu me sentei no lugar a sua frente, sem saber muito como reagir e o que dizer.
Olhei para a rosa no jarro de vidro no meio da mesa, e olhei para Liam, e ri com ironia.
Nunca me imaginei nesta cena. Mas parece algum pesadelo bizarro.

Passei as mão sob meu vestido azul escuro, que cobria pouco mais da metade das minhas coxas, que felizmente ainda guardavam um pouco do bronzeado do verão. Ajeitei minha jaqueta jeans claro
— Muito bom Elize, eu deixei de ir a uma festa para estar aqui. — ele disse, colocando os cotovelos sobre a mesa e entrelaçando os dedos.
— Pelo menos dessa vez você veio, né?! —
Ele jogou o corpo para atrás encostando na cadeira. E eu reparei em como cada movimento dele me irrita profundamente.
— Não que eu me alegre com isso. Na verdade seria um lindo favor se você furasse novamente, assim eu não precisaria ver sua cara. — eu disse.
Ele arqueou as sobrancelhas.
— Se você tivesse sido mais cuidadosa com seu namoradinho de merda, não precisaríamos estar aqui. —
Eu senti a raiva me consumindo quando ele se referiu a Ryan como "merda".
— Eu já te disse que ele não é meu namorado. E meça suas palavras antes de falar algo de Ryan, por que você não é e nunca vai ser nem metade do homem que ele é. —  Eu disse séria e com a voz firme.
Ele ficou calado por um tempo, e com a boca formando uma linha.
— Não se esqueça de sorrir. Os paparazzis podem estar nos fotografando a qualquer momento. E que eu me lembre o objetivo dese jantar é "limpar a imagem do casal" depois do problema que você arrumou. —
Eu iria dizer algo, mas o garçon chegou.
Fizemos o pedido, escolhi o prato mais rápido para comer, só queria ir embora e pra longe do Liam logo.
Não tinhamos muito o que falar, e todas as palavras que saiam da boca dele me deixavam intensamente irritada. Então me concentrei apenas em tentar demonstrar que estava feliz, e não com nojo, da pessoa sentada a minha frente.

— Vai precisar fingir melhor que isso. — ele disse, e então direcionei os olhos para ele. E creio que minha expressão foi quase um sinal de interrogação.
— Qualquer outra mulher dentro deste restaurante parece mais apaixonada por mim do que você. —
Instintivamente passei os olhos ao redor, e notei que algumas mulheres realmente olhavam para ele, mesmo estando acompanhadas, e tenho certeza que fiz expressão de nojo quando reparei que alguns olhares eram de desejo, e até mesmo de flerte.
— Não se iluda querido, não é sua aparência que deixam elas com as roupas de baixo úmidas, é sua carteira. —
Ele riu como se eu tivesse contado uma ótima piada.
— Eu posso te garantir que não é minha carteira que faz elas gritarem na minha cama. — Ele sorriu com o mesmo sarcasmo presente na sua voz, e com o habitual sorrisinho de canto.
Eu não pude conter a expressão de nojo, que revelava o que eu realmente estava sentindo. Revirei os olhos.
— Ew. Assim fica difícil disfarçar a cara de nojo. — eu disse, respirado fundo, e então me encostei no encosto da cadeira, em uma tentativa de me afastar o máximo possível dele.
Ele sorriu, como se tivesse vencido uma disputa. Parece que eu sentia cada vez mais raiva toda vez que ele sorria.
Finalmente o jantar chegou, e quando o garçon colocou os pratos na mesa, eu peguei meus talheres e notei Liam olhando para o meu prato.
— Eu me lembro de você comer mais que isso na escola. —
Neste momento eu precisei reunir todas as forças do meu ser para não jogar um copo de água na cabeça dele.
Eu senti meu rosto queimando de raiva, respirei fundo e olhei pra ele, e me lembrei de cada palavra ruim que ele já me disse.
Eu o odeio, o odeio muito.
E enquanto o encarava, me lembrei.
O áudio. Meu coração, que batia mais rápido que o normal após essa onda de ódio, começou a se normalizar. Eu ainda tenho isso para usar contra ele.
Eu segurei o sorriso venenoso que começava se formar no canto dos meus lábios.
Bebi um pouco de água. Ele ainda mantinha aquele sorriso ridículo, aquele sorriso que ele dava toda vez que tentava ou conseguia me atingir.
Mas eu vou tirar esse sorriso do seu rosto em breve, Liam Suller.