Um Passo a Frente

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Estava no escritório da Imperius Company, já faziam algumas semanas desde que havia iniciado o trabalho aqui.
Ouvi alguém bater na porta, eu disse para entrar e era minha secretária.

— Sra. Elize, reunião com a equipe de Marketing em 5 minutos. — Ela disse. Eu pensei que demoraria a me acostumar a ter uma secretária, mas em pouco tempo já percebi que eu estaria perdida sem ela, inclusive, perderia essa reunião. E muitas outras.
— Ok! Estou indo. —
Eu deixei os documentos em cima da mesa para depois e fui até a sala de reuniões.
O cargo de presidente de uma empresa é mais pesado do que eu pensava, o Sr. Suller, que é o Diretor Geral, participa das reuniões mais importantes e as que exigem a presença dele, mas todas as outras sou eu quem substitui a presença dele, e tenho que fazer decisões inteligentes em todas elas, por que é como se o futuro da empresa estivesse em minhas mãos, é preciso muita confiança para estar neste cargo, e a cada dia eu entendo mais por que o Sr. Suller me aceitou no lugar de Liam tão rápido e fácil.
Mas eu tenho pensado se realmente vale a pena tudo isso só para me vingar de Liam, eu tranquei a faculdade para ir na viagem para Paris e até agora não consegui destrancar, por que se eu fizer isso, além do cansaço extremo, não vou ter muito tempo para frequentar a Ong, o Abrigo e o Asilo, e eles são minha prioridade.

Ao sair da empresa fui direto para casa, desejando um banho quente e um prato de espaguete.
Assim que cheguei fui para o meu quarto e deixei a água cair sobre mim, me relaxando completamente.
E depois fui resolver o desejo por espaguete, eu sabia cozinhar, mas a vida inteira tive cozinheiras em casa então não tinha muita prática.
Os pais de Liam disseram que era "arriscado" ter uma cozinheira o tempo todo aqui, por que ela poderia perceber e duvidar da legitimidade do casamento, então só contratamos uma funcionária de limpeza, que sempre vem quando não estamos.

Eu terminei de comer e me surpreendi, ficou melhor do que eu imaginei. Tenho que me lembrar de agradecer a Dona Solange por me ensinar algumas coisas, da próxima vez que ver ela.

Estava em meu quarto quando ouvi a porta do quarto do Liam, que era bem a frente do meu, abrir e fechar, sabendo assim que Liam tinha chegado.
Eu faço o máximo para evitar ele, visando que só de vê-lo eu já me irrito. Mas ultimamente ele tem andando meio estranho, faz até um tempo que a gente não discute. Não sei se ele ficou tão abalado com o negócio do cargo assim ou se aconteceu outra coisa. Me lembrei do dia que ele foi até o Abrigo, e depois disse que tinha ido fazer uma doação. Eu duvidei muito disso, mas deixei pra lá, o mais estranho é que no dia seguinte realmente tivemos uma doação anônima em um valor consideravelmente alto. Eu não sei se foi ele, mas simplesmente não consigo acreditar que exista uma partícula de bondade naquele ser. Talvez isso faça parte de um tática de parecer bozinho para eu ficar com pena e ceder o cargo! É isso! Com certeza é isso. Esse tipo de coisa é bem a cara de Liam. Agora só preciso de alguma forma de ter certeza de que ele realmente fingiu aquilo.
O que eu posso fazer?
Eu posso convidar ele para fazer alguma atividade no abrigo, ele com certeza vai recusar, arrumar alguma desculpa, e se for, vai dar para perceber facilmente que ele vai estar incomodado e de saco cheio o tempo todo com as crianças. Isso é perfeito, ele pensa que está me enganando mas eu vou mostrar que estou sempre um passo a frente, e não sou tão ingênua para pensar que ele mudou alguma coisa, assim do nada.

Eu ouvi a porta do quarto dele se abrindo de novo, e então saí do meu quarto e fui para a sala. Liguei a TV e abri o catálogo da Netflix, e fiquei fingindo escolher alguma coisa enquanto Liam fazia algo na cozinha, pensei em formas de puxar algum assunto para chegar onde eu desejo, mas antes de eu falar qualquer coisa foi ele quem falou,
enquanto chegava na sala com uma tijela de salgadinhos e se sentando no sofá, alguns palmos de distância de mim.
— Eu te convido a se retirar por que eu já estava vindo assistir TV aqui primeiro. — Ele disse, sendo insuportável, como sempre.
— Desde que eu me lembre, eu também moro aqui, então eu tenho liberdade para ficar onde eu quiser, e neste momento que quero ver TV. —
— Você pode ver TV no seu quarto. — ele disse.
— Mas eu quero ficar aqui. —
— Tudo bem, pode ficar. Eu entendo sua necessidade de ficar perto de mim. — Ele disse, piscando um olho.
— Minha única necessidade é me controlar para não cometer um assassinato quando estou perto de você. —
Ele olhou pra mim, fingindo estar chocado.
— Eu posso considerar isso um motivo para pedir uma ordem de distância mínima? por correr risco de vida? —

Revirei os olhos e tentei pensar em algo para chegar ao assunto do Abrigo.

— Você vai ficar passando esse catálogo pra sempre e não vai escolher nada. Me passa o controle. —
Eu não passei.
— Eu não confio nas suas escolhas. Até por que eu já vi você assistindo alguns programas bem chatos. —
— Então você fica me observando pelos cantos? — Ele sorriu maliciosamente e eu fiz cara de nojo.
Cansada das provocações dele, decidi ser direta.
— Eai, como andam as doações. — Eu disse em um tom de irônia, ele terminou de mastigar e então falou.
— Você realmente não acredita que eu não sou capaz de ajudar um abrigo de crianças? —
— Não. Na verdade eu acho que você é um risco para crianças. — Neste momento eu percebi que eu tinha ganhado a atenção dele, por que ele até parou de comer.
— Eu não faria mal a uma criança. — Ele pareceu sério. Eu quase acreditei, mas me lembrei que ele estava fingindo. Não se permita ser enganada Elize!
— Aposto que você nem gosta de crianças. —
— Eu não tenho muito contato com elas. Mas isso não é verdade. Por exemplo, eu sempre quis ter um irmão mais novo. —

Eu ri. — Isso não prova nada. —
Acho que estava chegando onde queria.

— Claro que prova. Você também é filha única, deve saber como é solitário e deprimente não ter um irmão. —

— Especialmente quando você não tem amigos por que um idiota na escola faz todos te odiarem. — Eu soltei meio sem pensar e de uma forma bem sincera nesse momento, e agora ele me encarava, os olhos azuis pareciam ter escurecido derrepente, e ele ficou em silêncio por um tempo...

Casando Com o Inimigo Where stories live. Discover now