A verdade

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Elize POV:

Eu sai entre as pessoas, procurando a porta que havia visto atrás daquele salão. Eu nem sabia para onde dava, mas esperava que tivesse ar livre.
Me sentia sufocada por um monte de pensamentos que não conseguia controlar.
Abri a porta de madeira, que deu em uma varanda estreita, senti rapidamente o frio da noite tocar a minha pele.
Sabia que Liam tinha vindo atrás de mim, ouvi ele fechar a porta que eu havia aberto e então veir para o meu lado.

- Elize? ta tudo bem? - a voz dele parecia preocupada.
Mas por que ele se preocuparia comigo?
- Não, e não vai estar até que você pare. -
- Pare com o que? - Ele perguntou.
- Com esse fingimento. -
Ele olhou para baixo e levou dois dedos entre as sombrancelhas.
- Ai, eu não sei por que continua com essa idéia... -

Eu senti a raiva transbordar dentro de mim e pensei na minha última alternativa, na única forma que eu tinha de saber que ele estava fingindo.
Eu me virei para ele e me aproximei dele, mesmo que eu não confiasse muito em mim mesma perto dele no momento.
- Ok Liam. E se eu te disser agora que eu desisto do cargo. Ele é todo seu, eu posso amanhã mesmo pedir demissão. -
Ele olhou pra mim, parecia surpreso.
- Nada iria mudar. -
- Eu duvido. Você tem sido horrível sua vida inteira, o que mudou? -
- Eu não sei... - Ele estava sério, e eu não conseguia decifrar exatamente o que ele poderia estar sentindo. Mas sei que alguns meses atrás, ele gritaria comigo e agiria como um babaca.
— Você continuaria se preocupando com as crianças do abrigo? —
— Você pode não acreditar, mas eu realmente gostei do abrigo, eu me senti menos... fútil... quando estive lá. —
Ele parecia sincero.
— Eu realmente não consigo acreditar em você. —
— Tudo bem, eu não te culpo. — eu olhei para ele, que olhava para o céu noturno.
— Eu fui um idiota com você na escola, e mesmo assim, você se tornou uma pessoa incrível. Eu não tinha idéia disso alguns mêses atrás. — ele pausou, e olhou pra mim — Eu não tinha idéia do quão baixo eu tinha chegado até que eu cheguei perto de ameaçar um abrigo de crianças inocentes, tudo por um cargo. —
Eu olhei atentamente para ele e analisei cada palavra que ele disse.
Ele tinha acabado de admitir que iria ameaçar o abrigo?
— Ameaçar o abrigo? — eu disse de vagar, tentando controlar minha raiva. A verdade sempre aparece, eu sabia que tinha algo errado nisso tudo.
— Sim. Esse era o meu... "plano". Mas eu fui até lá e, eu vi aquilo, eu vi você... — eu o interrompi.
— Eu sabia! Eu sabia que você estava mentindo! —
— Mas eu só menti por que tudo mudou depois daquilo. —

Eu esperei um momento antes de falar. Tentava considerar o que ele tinha acabado de dizer.
Ele me deu algo em que eu era capaz de acreditar, ele realmente pode ter tido um "choque de realidade" ao ir até lá.
Isso parece bem mais considerável do que ele ter ido do nada em um abrigo para fazer uma doação, e coincidentemente ser o abrigo no qual eu ajudo. Isso fazia mais sentido.
Eu ainda estava com raiva por ele ter pensado em fazer mal as crianças, mas eu não podia julgar ele por isso, se ele realmente começou a mudar depois deste dia, ele merece ter a chance de ser alguém melhor.

— Diz alguma coisa. — Ele disse, olhando fixamente pra mim como se estivesse esperando uma resposta.
— Não tenho nada a dizer. —
Eu não queria admitir que poderia estar considerando que ele estava dizendo a verdade agora.
— Quer voltar para dentro? —
— Sim. — Respondi.
As vozes na minha cabeça se silenciaram um pouco com a confissão de Liam.
Por mais que eu ainda tenha certa resistência em confiar dele, eu tinha um motivo mais relevante para acreditar nele agora.
Fomos para dentro, e ao passar pela porta, ouvi um comentário distante.
— Recém casados... — disse alguém com uma risadinha.
Eu não consegui ver exatamente quem tinha dito isso, pois haviam muitas pessoas por perto e ao olhar ao redor acabei notando muitos olhares sobre nós. Eu não tinha pensado no que pensariam em ver eu e Liam indo para um canto isolado. Eu senti meu rosto queimar, mesmo sabendo que todos pensam que somos casados, a idéia de alguém pensar que eu estava dando uns amassos em alguém lá fora me deixou constrangida.

Nos sentamos novamente, e olhavamos ao redor, quando do nada Liam falou algo.
— Não acredito que ele ta aqui. — Ele disse, olhando fixamente para alguém. Eu tentei procurar quem era e vi Kevin parado, conversando com um homem, não muito longe de nós.
Liam parecia com raiva, e isso piorou quando Kevin olhou em nossa direção e com um sorriso sarcastico veio até nós.
Eu me lembrei do olho roxo de Liam em Paris, resquícios de uma briga entre eles, e começei a sentir receio de que eles se encrencassem de novo.
— Meu amigo, como você está? — ele disse, parecia estar levemente alterado com Álcool.
— Não me chame de amigo. — Liam disse, já irritado.
Eu olhei ao redor, agradecendo pela música, por não ter ninguém muito próximo de onde estávamos sentados e por todos estarem intretidos dançando ou conversando.
Kevin direcionou os olhos a mim.
— Elize, quanto tempo. Quando vamos terminar aquilo que começamos no banheiro hein? — Ele estava claramente tentando provocar.
Liam olhou para ele e franziu a testa.
— Sai daqui Kevin. — Eu disse.
— Não foi assim que você me tratou da última vez que nos vimos. —
Liam olhava pra ele e parecia a ponto de socá-lo, claro que não era pelas provocações, até por que Kevin queria provocar ciúmes e isso não aconteceria por que não temos um relacionamento de verdade. Mas ele ainda deveria estar com muita raiva por tudo o que ele disse no áudio que eu o mostrei.
Eu precisava tirar Liam dali antes que ele fizesse um vexame no meio deste baile.
— Liam, vem, vamos sair daqui. — Eu disse me levantando e puxando ele pelo braço, saindo antes de dar chance de Kevin dizer mais alguma coisa.
Eu fui até o outro lado do salão, e ele continuava parecendo que a qualquer momento iria ir atrás dele e começar uma briga.
— Acho melhor irmos para casa. — Eu disse. Mesmo ainda estando na metade do Baile, as doações ainda nem tinham acontecido.
— Eu ia sugerir a mesma coisa. —

Casando Com o Inimigo Donde viven las historias. Descúbrelo ahora