PRÓLOGO

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O apocalipse começou há quase um ano, repartindo-se em longos meses de desespero enrustido ao extinto de sobrevivência. Paramos de contar quando nos demos conta de que o vírus era impossível de ser controlado, mantendo-se a assolar a Terra de maneira perpétua, feito um tumor mastigando um organismo saudável, transformando a população em nada além de uma legião de desalmados caminhando à deriva.

A vegetação estava cada vez mais alta, se prendendo ao máximo de objetos possíveis, tornando tudo um mar de arbustos espalhados pelo asfalto quebradiço pela falta de manutenção. Os veículos já se encontravam em seu estado mais deteriorativo, poucos eram os que ainda funcionavam ou continham uma gotícula de gasolina.

A comida estava escassa, noventa por cento havia apodrecido e, as demais, saqueadas e disputadas por pequenos grupos de sobreviventes. A água, por sua vez, estará em falta em breve, visto que a temperatura tende a baixar bruscamente a cada quilômetro para além da fronteira. 

As últimas informações sobre a esperança de reverter esse caos poderiam estar espalhadas pelo continente. Todavia, parte delas, junto a mim, estão reunidas em um caminhão que, há dias, busca o local exato por trás dessas malditas coordenadas, escritas por baixo das digitais ensanguentadas.

Estacionei o veículo, averiguando as condições da estrada à nossa frente. O suor frio se mostrou valente, escorrendo pelas mãos, revestindo o couro presente no volante.

Olhei através do espelho, considerando um sorriso ao me certificar que os demais estavam descansando. Enquanto isso, Jimin e eu seguíamos acordados, sempre prontos para quaisquer que fossem as enrascadas pelo caminho.

Dedilhei o aparelho de rádio, porém foi trazido à tona o mesmo chiado de uma hora atrás.

— Outra vez sem sinal de vida — Park suspirou, irritado. — Talvez todos estejam mortos.

Seus olhos se movimentaram até as plantações, ou melhor, o que restou delas, do lado esquerdo da estrada. Ao fundo, os longos quinze hectares de Lavandas mortas e secas pareciam tão tristes quanto a frustração de meu companheiro.

Lembrei-me de como mamãe era apaixonada pelo aroma, sempre o descrevendo como o melhor que poderia existir. De modo algum pude concordar com ela, já que, para mim, o odor era de extremo teor enjoativo, me embrulhava o estômago e até mesmo me fazia ficar horas fora de casa após um dia de faxina. Mamãe amava usar produtos de limpeza com tal fragrância.

— Não se preocupe, meu amor — disse.

O observei de soslaio, em meio a um sorriso tão sincero que jamais alguém poderia duvidar se pudesse vê-lo. Em contrapartida, Jimin manteve o olhar distante.

— Tudo isso acabará — busquei suas orbes, trazendo seu rosto para próximo do meu. — Eu prometo.

Mesmo que isso custe minha vida. Apenas pensei, com milhões de teorias convertidas em um sorriso mudo.

O chiado se calou por alguns segundos antes de uma espécie de sirene invadir todo o ambiente metálico, sendo seguida por uma voz estranhamente doce e gentil.

"[...] A tão sonhada cura para o resquício do que sobrou da humanidade tende a permanecer se recusando a salvar vocês. Entretanto, a situação poderá ser revertida se estiverem dispostos a lutar por sua sobrevivência.

As descrições de cada jovem testado soaram por todas as partes daquele veículo, feito cera sendo removida de uma só vez. Engoli em seco quando a voz proferiu, além das mais óbvias conclusões, o nome de Dahyun. Talvez seu pai não fosse tão bom quanto imaginássemos, quiçá tudo aquilo não passara de um teatrinho arquitetado para ser considerado uma boa pessoa. Yixing também fora mencionado, o que me fez perceber que minhas dúvidas estavam corretas, assim como eu, ele ansiava por respostas. E, por fim, o último nome: Kim Moonbyul.

Após a distribuição das aparências físicas como da última vez, a voz informou números aleatórios que, fixando-me ao papel deixado por papai, eram, para a minha surpresa, as coordenadas que seguíamos desde OutPort.

Parece que nosso destino foi traçado antes mesmo de sabermos sobre ele.

Outra mensagem se fez:

"[...] Aquele que obtiver o sangue das chaves, imune a todo esse caos apocalíptico será. Que a caça comece”.

Silêncio, seguido novamente pelo chiado ensurdecedor antes de Jimin desligar o aparelho.

Por que está nos enviando para aquele lugar, papai?

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Oi, meus amores!

Antes de qualquer coisa, gostaria de pedir desculpas por tamanha demora. Honestamente, passei por muitas coisas nesses últimos meses que tornou tudo muito difícil, me fazendo quase desistir da escrita. Entretanto, aqui estou eu atualizando Alvorecer Mortal: Êxodo.

Espero que gostem, porque passei bastante tempo buscando aprimorar minha escrita para vocês!

Beijos da K L Marquezzini ❤️

Alvorecer Mortal  »  JK + JMOnde as histórias ganham vida. Descobre agora