Capítulo: 30

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Allyson narrando

– Maite...

– Eu te pedi Allyson. Pedi para que você não magoasse a Dinah, pedi. Mas não adiantou não foi? Na primeira oportunidade você a traiu. – Sua voz estava controlada, porem cheia de raiva.

– Não foi minha intenção... – Novamente fui interrompida.

– Não foi sua intenção magoar ela? Então qual foi intenção? Me diz, fiquei curiosa agora. – Sua voz ficou carregada de ironia.

– Não consegui raciocinar direito, quando vi já tinha feito. Ele era muito parecido com meu ex namorado, e não consegui me controlar. – Balbuciei.

– Me diga com toda a sinceridade do mundo Allyson, por que esta aqui? Por que não esta com o cara com que você traiu a Dinah? – Abaixei os olhos.

– Ele... Ele foi embora. – Minha voz saiu entrecortada.

Escutei sua risada, uma risada sem humor, seus olhos estavam duros.

– É por isso que esta aqui? – Levantou as mãos para o ar. – Você está aqui por que o outro te deixou. Por um momento em minha cabeça, se passou que talvez, só talvez você estivesse aqui, por que por mínimo que fosse o sentimento, você amasse a Dinah. Mas não, você quer se garantir não é? Você não quer ficar sozinha, então como o outro foi embora, você veio aqui, atrás da estabilidade. – Ela me olhou com raiva.

– Não é por isso, ok?

– Não, então por quê? Diz para mim, se esse cara estivesse lá agora, você estaria aqui? Estaria aqui agora?

– Não sei. – Admiti.

– Você é muito idiota. - Disse seriamente.

– Não fale assim comigo. – Gritei para ela.

– Falo como eu quiser. Como você pode? Você não consegue imaginar quanta dor você infligiu? – Sua voz gritou para mim.

– Eu não tive culpa ok? Simplesmente aconteceu, não pode me recriminar por isso. – Gritei de volta.

– Posso sim. Você não tinha esse direito. – Apontou o dedo para meu rosto.

– Cala a boca. – Gritei. – Você não sabe o quanto estou sofrendo.

– Sofrendo? Sofrendo? Não seja hipócrita, você esta colhendo o que plantou.

O mais difícil foi admitir... Que tudo que estava sendo proferido estava certo, que todas as frases destinadas a mim eram corretas... Eu realmente merecia esse sofrimento

Olhei para o chão, não queria encarar seus olhos cheios de razão.

– Onde ela está? – Perguntei.

– Isso não te diz respeito, não mais. Só precisava falar o que estava entalado em minha garganta. Você nem deveria estar aqui, você não tem razões para estar aqui.

– Eu só queria conversar com ela. – Sussurrei, minhas voz fraca por conta do choro que já ameaçava cair. Ela suspirou.

– Ela vai falar com você quando achar que está na hora. Deixe ela se recuperar primeiro. – Ela respirou fundo.

– Tudo bem. – Acenei com a cabeça e virei para sair do apartamento.

– Allyson? - Virei ao escutar sua voz.

– Sim?

– Dinah é importante para mim, não me arrependo do que falei, já que tudo é verdade ao menos para mim. De um tempo a ela, vocês não poderão evitar um encontro, isso acontecera logo. E sei que pode me achar intrometida, ou o que for por estar aqui falando isso para você, mas por ela eu seria capaz de matar. Ela é incrível, e não sei e nem quero saber tudo o que aconteceu para você trair
ela, mas posso te garantir que nunca senti raiva de alguém como estou sentindo de você. E juro por Deus que estou me controlando para não te dar um tapa, então te peço que se retire.

Assenti com a cabeça, eu entendia ela, talvez em seu lugar eu fizesse a mesma coisa.

– Tudo bem, até logo. E se puder dizer a Dulce que eu sinto muito, eu agradeceria. Pode não parecer, mas gosto muito dela, e se eu pudesse ter evitado eu teria o feito. – Sai antes que ela falasse mais alguma coisa, e no elevador permiti que meu choro fosse liberado com a mesma intensidade de minha dor.

Quando sai do prédio, consegui rapidamente um taxi, que logo me levou até em casa.

Entrei cabisbaixa, senti um peso enorme dentro de mim. Não conseguia definir ele direito. Só era um peso que incomodava, e que se fazia presente fazendo com que eu não conseguisse esquece-la.

Eu queria conversar... Colocar tudo para fora.

Terminei pegando meu celular e ligando para a única pessoa em que eu poderia confiar.

–Allyson?

– Harry, será que você poderia vir até minha casa? – Perguntei tentando não chorar.

– Claro, me passa o endereço. Sua voz esta estranha. – Comentou assim que dei o endereço a ele que se despediu rapidamente, dizendo que logo estaria aqui.

E não demorou muito escutei o toque da campainha. Levantei do sofá e abri a porta, dei espaço para que ele entrasse e voltei a fechá-la.

– O que aconteceu? Seu rosto esta...

– Horrível? – Arrisquei sentando-me novamente, ele sentou-se ao meu lado.

– Eu ia dizer acabado, mas horrível também serve. – terminei rindo um pouco. – O que aconteceu?

Terminei de contar tudo o que aconteceu, parando em algumas partes por causa do choro, eu disse tudo sem olhar no rosto dele.

– O que você acha? É motivo para mim estar assim? – Perguntei o olhando.

– É um baita motivo se quer mesmo saber. Poxa Allyson, não esperava isso de você, com um cara daqueles você a trai? E sinto dizer, mas essa amiga dela esta mais do que certa, se fosse eu ainda faria pior. Honestamente acho que a traição é a pior forma de ferir alguém.

– Não fiz isso querendo ferir ela, Harry. – Choraminguei angustiada.

– Eu sei disso, mas foi o que aconteceu. Você esta mal, mas sinto que esta assim não só por causa da Dinah, e sim por que esse Jesse foi embora. Admita para sim mesma que você não ama a Dinah. – Disse seriamente.

– Não... Eu, gosto dela. – Disse sinceramente. – Poxa, ninguém me entende afinal? Eu sou humana, posso cometer erros. A dinah poderia ao menos...

– Ao menos o que? – Abaixei a cabeça. – Sou seu amigo Ally, mas não venha dizer que a Dinah poderia ter ficado, e ter conversado com você. E por favor, não venha dizer que você queria que ela viesse carinhosa e dissesse que te entende. – E assim como foi com Maite, eu senti um pouco de ironia no final de sua frase.

– Eu sei que é loucura, mas... – Minha voz morreu aos poucos.

– Mas? – Insistiu.

– Ela é tão compreensiva, achei que...

– Por mais compreensivo que ela possa ser, nenhuma mulher... Ninguém é capaz de aceitar numa boa uma traição, e vocês estavam juntas há pouco tempo, certo? Ela pode ser altruísta e tudo mais... Mas se ela te perdoasse fácil, eu diria que ela é uma idiota.

– É. Me sinto culpada.

– Ficaria surpreso se não estivesse.

– Fique do meu lado Harry. – Pedi.

– Eu estou, mas isso não significa que eu não vá te dizer a verdade.

Assenti, ele puxou meu rosto para seu peito, e me deixou ali, fazendo um carinho em meu cabelo.

– Você acha que ela vai conversar comigo? – Perguntei baixinho.

– Sim, mas não agora. Ela é Mulher o suficiente para enfrentar isso de frente, mas deve estar magoada.

– Me arrependo de tudo, não queria machucar ela, fiz isso sem nem perceber.

Ele ficou calado e eu também. Queria simplesmente que alguém me entendesse. Sei que o que fiz foi errado, sei que Dinah tem motivos de sobra para estar zangada, com raiva, magoada...

E lá estava a maldita dor em meu peito novamente, aquela dor que comprimia, parecia que meu coração estava encolhendo. A dor da culpa era a pior de todas.

 •Di̾n̾a̾l̾l̾y̾• √ L͟o͟v͟e͟  B͟y͟  A͟c͟c͟i͟d͟e͟n͟t͟ (ᵍⁱⁱᵖ)Where stories live. Discover now