Capítulo: 04

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UM MÊS DEPOIS


Allyson POV

– Pare de me tratar como se eu fosse uma criança. – Reclamei com meu pai.

– Desculpe querida, só queria te deixar confortável. – Ele falou simplesmente, e logo me culpei por isso, ele todo atencioso enquanto eu ficava reclamando de tudo. Meus pais estão sofrendo tanto quanto eu.

– Desculpe-me papai, só que me sufoca todo esse cuidado que estão tendo comigo. – Ele assentiu, e deu-me um beijo na testa.

– Tudo bem querida, quando quiser alguma coisa é só chamar, hoje não irei trabalhar. – Ele disse e deu um sorriso. Deu às costa e ameaçou sair do quarto. Antes que o fizesse eu o chamei.

– Pai?

– Quer algo querida? – Ele perguntou prontamente, em outra ocasião eu teria revirado os olhos, mas hoje eu queria algo.

– O senhor... Conseguiria para mim, um relatório completo sobre Dinah Jane Hansen?- Ele suspirou.

– Tudo bem, vou ligar para o escritório, e talvez amanhã mesmo você esteja com ele em mãos ok?

– Obrigada pai.

– E Allyson, pare com isso, a garota não teve culpa de nada, foi tão vitima quanto você. – Ele saiu do quarto antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.

Tão vitima quanto eu? Meu pai estava ficando louco? Ela estava perfeitamente bem, tinha uma vida completa, não perdeu ninguém por culpa do acidente, esta andando e pode curtir tudo que a vida pode lhe oferecer. E ainda ela é tão vitima quanto eu?

Peguei a foto que ficava na minha mesa de cabeceira. Nela Poncho e eu estávamos abraçados, atrás de nós a imagem era perfeita, o céu estava incrivelmente estrelado e a lua estava imponente no céu.

Lembrava-me perfeitamente desse dia...


FLASCHEBAK ON


– Poncho, para onde vamos?
– Perguntei enquanto deixava ele me levar pela mão.

– Você já vai ver princesa, e vai adorar. – Ele sorriu um sorriso lindo.

– Nós deveríamos estar no luau, nossas famílias vão notar nossa ausência. – Eu falei mordendo o lábio, ele riu sem parar de me puxar.

– E vão logo perceber que queríamos ficar sozinhos. – Ele parou em frente a uma grande pedra.

– O que vamos fazer aqui?
– Perguntei sem entender.

– Curtir a noite, como qualquer casal apaixonado. – Ele deu de ombros e me ergueu um pouco, equilibrei-me na pedra e com cuidado a escalei até chegar no topo onde sentei-me, logo senti sua presença ao meu lado.

– É lindo. – Disse olhando o belo luar a minha frente.

– Vem cá, vamos registrar isso.
– Ele tirou uma câmera do bolso e me puxou par seus braços...

FLASCHEBAK OFFF


– Você me faz tanta falta. – Suspirei.

No outro dia...

– Iremos amanhã no medico você começará a fisioterapia e logo estará andando novamente. – Minha mãe disse feliz, eu assenti pegando uma maça.

Eu não estava tão confiante assim, quando o medico disse que eu poderia voltar a andar, uma pequena chama de esperança acendeu em mim. Mas depois que a animação passou eu percebi que nada é tão fácil assim, seriam anos de fisioterapia, isso até que eu conseguisse realmente andar.

O medico havia me explicado, que em alguns meses eu já poderia sentir a volta da sensibilidade de minhas pernas, mesmo que temporariamente, e depois que eu realmente as sentisse, eu começaria os exercícios mais rígidos, com o tempo eu iria para a barra, e depois muito depois quem sabe eu já pudesse usar a muleta.

Com isso percebi o quão difícil será todo esse processo. E que eu teria que ser forte, muito forte. E eu não sabia de onde tiraria a força necessária.

– Aonde vai querida? – Minha mãe perguntou assim que girei a cadeira de rodas.

– Vou ao jardim. – Disse simplesmente e continuei a manobrar a cadeira, desci a leve rampa que meus pais providenciaram para tornar meu acesso aos lugares mais facilmente.

Parei perto das rosas, e em seguida continuei a mover a cadeira, chegando até a macieira, eu costumava ficar deitada ali, às vezes com um livro na mão, passava horas apenas curtindo a brisa leve. Suspirei.

– Filha? – Escutei meu pai chamar.

– Sim?

– Aqui, o que você pediu, o Mark passou a noite toda fazendo isso.
– Ele entregou-me um envelope cor pastel.

– Obrigada pai. – Agradeci.

– E tome isso aqui também.
– Entregou-me um notebook e um cd. O olhei sem entender nada.

– Veja o que tem no cd. Tenho que ir tenho uma investigação a fazer.
– Ele deu-me um beijo na testa e saiu rapidamente do jardim.

Peguei o envelope de meu colo o abrindo.

Nome completo: Dinah Jane Hansen.

Data de nascimento: 22 de junho de 1997

Filho de: Blanca e Fernando Hansen.

Cursa fisioterapia em UCLA LA.

– Fisioterapia? – Perguntei em voz baixa para mim mesma.

Continuei lendo as anotações, não havia nada de muito interessante. Dentro do envelope tinha algumas fotos. É linda, mas é a responsável pela tormenta que minha vida se tornou.

Deixei o envelope de lado, e peguei o cd, abri o notebook e logo as imagens apareciam na tela.

Era o posto de gasolina, disso eu não tinha duvida. Conseguia ver Poncho e eu. Não demorou muito e tudo aconteceu.

Vi o carro vermelho atingir o carro prata, que foi sendo empurrado ate me acertar e acertar o Poncho. Deixei algumas lágrimas caírem.

Entendi o porquê a tal Dinah, se dizia inocente. Pra mim continuava sendo o culpada, se ela não tivesse aparecido talvez o carro nos atingisse, mas de forma menos impactadora.

Talvez Poncho estivesse vivo, e eu estivesse andando.

– Querida? Temos que ir, ou iremos chegar atrasada para sua consulta. – Minha mãe apareceu. Eu assenti, limpando as lágrimas de meu rosto.

Ela guiava minha cadeira pelo jardim.

Ela estava visivelmente animada, a noticia da paraplegia foi um choque de realidade, e acho que ela sentiu
-se quase tão abalada quanto eu.

Talvez por ela eu estivesse me submetendo a isso. Não estava criando expectativa de voltar a andar, não queria que daqui a alguns anos eu ficasse frustrada em saber que a fisioterapia já não adiantava, e minha paraplegia não tivesse solução.

 •Di̾n̾a̾l̾l̾y̾• √ L͟o͟v͟e͟  B͟y͟  A͟c͟c͟i͟d͟e͟n͟t͟ (ᵍⁱⁱᵖ)Onde histórias criam vida. Descubra agora