Capítulo: 15

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Allyson narrando

- Então, vamos começar. – Ela disse, pediu-me licença e retirou-me da cadeira, colocando naquele mesmo lugar da última sessão.

Respirei fundo, ela ajoelhou-se perto de mim e começou a fazer a massagem.

Ela tinha uma expressão preocupada no rosto. E mordi meus lábios para não perguntar o porquê ela estava assim.

Apesar de que hoje de manhã na faculdade ela deu um ótimo motivo, teria sido a mesma Garota?

- Sabe eu tenho a ligeira impressão que podemos ser amigas. – Ela comentou enquanto passava uma espécie de óleo nas mãos e em seguida massageava em minhas pernas. Eu não respondi, continuei a observar o modo como suas mãos trabalhavam rapidamente.

Ela levantou-se e foi até uma porta que ficava em um canto da sala, reapareceu segundos depois, e foi até um armário grande, pegou uma toalha. E voltou caminhando em minha direção.

Talvez ela não tenha visto uma pequena bola, que ficava perto de onde eu estava. Tropeçou, as mãos procuraram logo onde se apoiar parando cada uma de um lado de
meu corpo. O rosto próximo demais do meu, os olhos castanho brilhantes, não se desviaram dos meus. Pensei que ela iria se afastar, mas não, ela continuou ali, me analisando.

O pior foi que eu não consegui reagir aquela proximidade eu simplesmente continuei ali,parada.

- Allyson. – Ela disse meu nome baixo, fazendo com que seu hálito doce soprasse em minha direção, e entrassem por minhas narinas e se espalhando por todo meu organismo.

Vi ela se aproximando lentamente de mim, e logo me perguntei onde isso acabaria. Aproximou-se um pouco mais, a ponta de seu nariz encostando-se com o meu, os olhos sempre me encarando, talvez testando minha receptividade.

Eu tentei desvia, dizer para que ela se afastasse imediatamente. Mas minha voz simplesmente havia sumido. Meu corpo estava paralisado, impedindo que eu me afastasse dos lábios que agora vinham em direção aos meus.

Não tive forças para impedir que aquilo acontecesse, e muito menos de impedir que eu mesma retribuíse aquele ato.

Os lábios macios e doces cobriram os meus, uma carícia delicada, que fez com que eu me arrepiei.

Mesmo eu sabendo que aquilo era errado, seria mentira se eu dissesse que eu não retribui.

Era irracional, e eu sabia disso. Era errado.

Mas há quanto tempo eu não me entregava a esse tipo de desejo?

Desde que...

Desde que Poncho morreu...

Empurrei-a com a maior força que pude, ela se afastou um pouco, seus olhos estavam arregalados.

Meu coração estava acelerado, parecia que a única coisa que eu ouvia eram suas batidas aceleradas.

- Deus... Me desculpe...

- Isso não poderia ter acontecido.
– Eu disse mais para mim mesma.

Era uma traição.

- Desculpe Allyson, não sei o que aconteceu. – Ela desculpou-se novamente.

Não falei nada, ainda não acreditando no que havia acontecido. No que eu havia permitido que acontecesse. Minhas mãos estavam um pouco trêmulas.

ela levantou-se rapidamente e voltou a passar pela porta que havia na sala, voltando segundos depois. Pegou a tolha que havia ficado perto de minhas pernas e começou a tirar o excesso do óleo.

O clima ficou estranho e logo me perguntei o porquê eu não dei nenhum escândalo?

Não falei quase nada, simplesmente continuei ali.

Ao contrario da última vez, ela trouxe o mesmo objeto que parecia um abajur, mas que eu já sabia que era o infravermelho e o abaixou em cima de minhas pernas, ligou o aparelho. Levantou-se e deu-me as costas.

Respirei fundo. Allyson você não é mais uma criança, você é uma adulta, então haja como uma. Se ela esta agindo como se não houvesse acontecido nada, apenas faça o mesmo.

Você é uma adulta que precisa de sua independência.

Não sei quanto tempo fiquei ali, deixando minhas pernas expostas aquele tratamento. Mas ela logo veio e o tirou dali, sem nunca olhar em meus olhos.

- Hum... Com licença. – Pediu e me pegou nos braços colocando-me na cadeira de rodas novamente.

- Mas alguma coisa? – Perguntei.

- Não, amanha passaremos a usar a bola suíça nas sessões. – Ela falou sem olhar em meus olhos.

- Ok. – Eu disse, virei a cadeira pronta para sair da sala.

- E, Allyson, eu realmente sinto muito, isso nunca havia acontecido em nenhuma sessão, não se preocupe não ira mais acontecer. – Ela disse séria, passou a minha frente e abriu a porta.

Empurrei a cadeira sem falar mais nada.

Dinah narrando

Suspirei jogando-me ao lado de Laur. Tivemos que esperar alguns minutos para a internet estabelecer a conexão e nos finalmente podermos falar com Maite.

Quando enfim aquela bolinha chata parou de girar, ela apareceu na tela sorrindo, foi impossível não sorrir de volta.

- Ai que saudade de vocês. – Ela disse.

- Também sentimos sua falta. – Eu disse. Sentia uma falta enorme de poder abraça lá e o trio poder sair juntos como sempre.

E eu queria ela aqui e agora para poder falar sobre o que havia acontecido de tarde.

- Como é que estão as coisas por ai? – Laur perguntou ansiosa. Ela começou a falar, mas atrás dela eu vi uma sombra passar, então observei melhor onde ela estava.

Parecia um sala, e atrás uma varanda, acho que de frente para o mar.

Mas a sala dela não tinha vista para o mar caramba, o quarto tinha, mas a sala não.

- Onde você esta Maite? – Perguntei interrompendo o que ela dizia.

- O quê?

- Não minta para mim. – Ela suspirou e Vero me olhou não entendendo nada.

- Estou na casa de Christopher. – Ela falou e abaixou a cabeça.

- Você não fez isso Maite. – Laur rugiu e levantou-se num rompante.

- Não sei por que estão assim. – Ela disse irritada.

- Porque mentiu? – Perguntei o mais calma possível.

- Eu não menti, eu estava no meu apartamento, só que ele me chamou e...

- E está se aproveitando do seu momento frágil.

- Laur, deixe que ela tome suas próprias decisões. – Eu disse.

- Obrigada Dinah.

- Só não queremos que sofra, sabe que é como uma irmã para nós, e quando você voltar?

Laur começou a falar novamente. Eu estava ali, escuta e ate falava, mas minha mente estava distante dali, estava pensando em uma única pessoa.

E eu não sabia porque, mas algo me dizia que desde aquele instante algo iria acontecer, só não sei se seria uma coisa boa, ou ruim.

 •Di̾n̾a̾l̾l̾y̾• √ L͟o͟v͟e͟  B͟y͟  A͟c͟c͟i͟d͟e͟n͟t͟ (ᵍⁱⁱᵖ)Where stories live. Discover now