– Ally Soa bem – Piscou o olho sorrindo.
– Claro. O que ia dizer? – Perguntei.
– Olha... É muito legal estarmos aqui sem brigas nem nada, e até pode me chamar de idiota por ao menos pensar em estragar isso, mas por que você me culpa tanto pela morte do... – Antes que ela tocasse no nome de Poncho a interrompi.
– Eu... Eu sentia... Precisava descontar toda a minha raiva, tinha que ter uma pessoa que eu pudesse acusar, alguém que eu pudesse dizer: É tudo culpa sua. Eu precisava descontar minha raiva em alguém. – Suspirei sem olhar para ela.
Isso era ruim, ate uma semana atrás eu a odiava ou pensava que odiava. Agora estou no apartamento dela.
Mas era tão bom, chegava a ser natural o modo como às coisas fluíam entre nós.
– Você sabe que eu não tenho culpa não é? – Perguntou cautelosa.
– Você tem em partes e você sabe disso. – Eu sorri triste a olhando, percebendo seu olhar triste.
– Eu não queria ter feito parte disso. Não queria que você me odiasse, não queria ter participado de tudo, mas eu sei que não tenho culpa. – Sentou-se e me olhou intensamente, um olhar tão profundo que eu podia jurar que
ela via meus medos.
Que ela via além de mim, ela agora enxergava a menina perdida que lutava querendo pedir ajuda e não conseguia.
E droga, olhando aqueles olhos... Eram tão sinceros... Tão bondosos.
– O que você faria no meu lugar? – Perguntei.
– Não sei, não posso imaginar.
– Posso fazer uma pergunta?
– Claro. – Deu de ombros.
– Para onde estava indo quando tudo aconteceu? – Perguntei curiosa.
– Lugar nenhum, eu gosto de pegar o carro e sair por ai, sem destino certo. Só eu, o carro e a estrada. – Sorriu.
– Faz muito isso? – Perguntei, eu sempre quis fazer a mesma coisa, mas faltava coragem, coragem de abandonar todo o conforto e sair sozinha. Agora outra coisa me prende.
– Às vezes, quando tenho tempo livre, não gosto de ter dia pra voltar.
– Sempre quis fazer isso. – Suspirei.
– O quê?
– Sair por ai, sem destino.
– Vou me dedicar ao seu caso Anie, e logo poderá realizar esses pequenos desejos. – Sorriu.
E isso me lembrou algo, mas quando ia abrir a boca e contar sobre o que havia acontecido noite atrás, o interfone tocou.
Ela foi ate o aparelho que ficava perto da porta.
– Sim Brad, pode deixar subir. – Colocou o fone de volta no gancho.
– O entregador? – Perguntei.
– Sim, vou pegar a carteira na bolsa. – Saiu da sala e sumiu pelo corredor, voltou segundos depois, com a carteira na mão.
Não demorou muito, logo a campainha tocava.
Escutei algumas frases, mas as vozes estavam abafadas. Logo ela voltou com algumas sacolas na mão.
– Vou arrumar as coisas ali, e depois venho te buscar, ok? – Perguntou. Assenti.
Escutei alguns barulhos de talheres, pratos. Geladeira se abrindo e depois sendo fechada. Sacolas sendo abertas, embalagens sendo rasgadas.
– Pronto? – Perguntei quando ela reapareceu, ela assentiu e novamente me pegou nos braços. Eu iria ficar mal acostumada.
Quando chegamos à cozinha, que era bem ampla por sinal, vi a mesa perfeitamente posta.
– Espaguete?
– Sim, espero que goste, por que eu adoro. – Me colocou na cadeira, apoiando-me com cuidado.
– Pode soltar. – Revirei os olhos.
– Só estava te firmando. – Deu de ombros.
– Parece ótimo. – Comentei pegando um garfo. ela assentiu e imitou meu gesto, enrolando um pouco do macarrão no garfo.
– Isso esta ótimo. – Exclamou sorrindo. Foi impossível não sorrir de volta.
Enrolei também o macarrão e levei o garfo à boca, realmente estava muito bom.
– Você se melou. – Ela riu. Franzi a testa. Ela levantou um pouco o corpo, se inclinando sobre a mesa, com um guardanapo na mão passou-o delicadamente em minha bochecha perto de minha boca. Sorriu de canto e voltou para seu lugar.
Minha respiração fiou um pouco descompassada e meu coração acelerou-se um pouco. Estranho.
Terminamos de comer em silêncio, evitei a encarar, mas sentia seu olhar em mim.
– Estava ótimo. – Eu disse quando me senti satisfeita.
– Então você vai adorar a sobremesa. – Pegou o prato que estava em minha frente e o dela os levando para a pia, depois voltou com dois pires. Minha boca chegou a encher de água ao ver a sobremesa.
– Isso é...
– Tiramissu de morangos.
– Completou minha frase.
– Faz tempo que não como isso.
– Peguei a colher que ela me oferecia.
Comi saboreando cada pedaço.
Olhei para ela encontrando suas orbes verdes me encarando fixamente. Quase como se quisesse ver alem de mim, como se esperasse que algum enigma fosse desvendado em meus olhos.
Queria perguntar o que ela tentava enxergar, mas fiquei com medo da resposta.
– Terminou? – Sua voz despertou-me de pensamentos nada legais.
– Hum... Sim. – Murmurei.
– Que tal um filme? – Perguntou com um sorriso, mas não sei porque achei que esse sorriso não fosse assim tão empolgado.
– Claro. – Ela retirou tudo da mesa, colocando a louça na pia, e guardando algumas coisas na geladeira.
Lavou as mãos e veio em minha direção.
– Não sei porque, mas te pegar no colo é quase normal agora. – Sorriu.
– Sabe que também sinto isso? – Disse, quando seus braços me retiraram da cadeira me aninhando em seu peito.
Ergui meu rosto para fitar o seu, e encontrei-o muito próximo ao meu.
– Allyson?
– Hum?
– O que faria se eu te beijasse agora? – Perguntou fazendo com que eu sentisse seu hálito em meu rosto.
– Acho que retribuiria. – Sussurrei.
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•Di̾n̾a̾l̾l̾y̾• √ L͟o͟v͟e͟ B͟y͟ A͟c͟c͟i͟d͟e͟n͟t͟ (ᵍⁱⁱᵖ)
Fanfiction02 • C̳̳o̳̳m̳̳p̳̳l̳̳e̳̳t̳̳o̳ • ✓ ɴãᴏ ᴘᴇʀᴍɪᴛo ᴀᴅᴀᴘᴛᴀcᴀo √ ➪ ᴄʀᴇ́ᴅɪᴛᴏs ᴘᴀʀᴀ ᴄᴀᴘɪsᴛᴀ ➪ CamzLolo ̳S̳̳I̳̳N̳̳O̳̳P̳̳S̳̳E̳ Poderia você se apaixonar pela pessoa "responsável" pela morte do "amor de sua vida? "Poderia você se apaixonar pela pessoa "respons...
Capítulo: 18
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