Capítulo Doze

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Trisha.

Foi o primeiro pensamento realmente coerente que teve. Estava sentado na mesma posição tinha alguns minutos ou horas, havia perdido a noção do tempo, sentia a suas costas latejarem e seus membros estavam rígidos, seus olhos ardiam e seu nariz começava a doer pelas vezes consecutivas em que precisou assuar. Ainda estava colocando os seus pensamentos no lugar, mas não sabia se realmente queria que isso acontecesse. Por mais que fosse melhor do que ficar chorando desoladamente, pensar na situação só a tornava mais real e ainda mais deplorável.

O seu primeiro pensamento tinha sido a mãe de Zac por seu comportamento estranho mais cedo, e apesar de saber que poderia descer as escadas e encontrá-la no andar de baixo não tinha vontade alguma para levantar. O latejar de seus músculos atrofiados não era nada comparado ao que o seu psicológico estava sentindo. Estava esgotado. Cansado. E mesmo querendo descobrir quem tinha assassinado seu gêmeo não sentia mais vontade para continuar.

Desde que chegara a Kensington as coisas só tinham piorado e o diário era a sua maior esperança de descobrir o que tinha acontecido, mas agora até isso tinha desaparecido. E todas as suas esperanças com ele. Queria ir embora, voltar para a sua antiga vida e tentar, de algum jeito, fingir que nada tinha acontecido. Que nunca mandou nenhuma mensagem e muito menos recebeu uma ameaça do assassino e tudo foi apenas um sonho estranho e extremamente intenso que viveu. Sabia que estava sendo covarde pensando dessa maneira, mas não se sentia bem para continuar.

Suspira passando as mãos pelo rosto e enterrando-as em seus cabelos bagunçados. Precisava escolher entre ir embora e tentar organizar o pouco que sobrou intacto de seu emocional ou então ficar arriscando a sua saúde mental no processo.

Assim que toma uma decisão e está prestes a se levantar ouve uma batida na porta, iria ignorá-la porque não estava bem para conversar com ninguém, nem mesmo com o pai de Zac que a presença sempre lhe acalmava, mas então escuta uma segunda batida e outra depois dessa, a pessoa do outro lado da porta de madeira parecia ser persistente e estar disposta a permanecer ali até que abrisse a porta ou a mandasse ir embora.

Levanta-se irritado sentindo o seu corpo doer ainda mais e abre a porta com força, encara o mordomo do outro lado e ele levanta levemente as sobrancelhas, mas a sua expressão séria não se altera. Era certeza sobre ele ter notado os seus olhos vermelhos e sua feição de quem esteve chorando por horas. Sentiu-se um pouco menos bravo por ele não ter feito nenhuma pergunta ao invés disso o mordomo pigarreia antes de começar a explicar o motivo de sua visita indesejada.

- Desculpe a inconveniência Sr. Zac. – Começa o mordomo e Zayn nota um leve rubor em suas orelhas. – Mas chegou uma encomenda para o senhor e o entregador insistiu que fosse entregue no exato momento em que foi deixada.

O moreno franze as sobrancelhas e finalmente nota a grande embalagem dobrada em seus braços esticados. Era preta e tinha um aspecto caro e parecida com aquelas que embalam ternos para não amassar. Tinha um cabide cuidadosamente posicionado sobre uma das partes que foram dobras meticulosamente.

- Disseram quem mandou ou de onde é? – Perguntou Zayn.

- Não senhor, apenas pediu para lhe entregar com urgência. – Explicou o mordomo.

Desconfiado e confuso retirou a embalagem das mãos do outro e fechou a porta do quarto, não dizendo nem um obrigado para o outro. Anda até o sofá carregando o embrulho, tinha deixado os pensamentos de minutos atrás um pouco de lado com a entrega inesperada, funga um pouco e senta colocando a embalagem sobre o seu colo antes de pegar o cartão pendurado junto ao cabide.

Era um cartão bege endereçado para o seu gêmeo, abre o mesmo receoso do conteúdo e nota letras bonitas e caprichadas escritas com tinta preta, eram impressas e semelhantes às para convites de noivado e casamento. Lê as palavras em voz alta com a voz esganiçada e no final da frase nota um rostinho feliz se diferenciando das letras elegantes:

LIAR - (AU!ziam) EM HIATOS Where stories live. Discover now