Capítulo Três

947 126 90
                                    

Minhas histórias agora tem um grupo no Whatsapp, se você quiser entrar deixe seu número ou vá no meu perfil onde terá um link

Zac passa pela porta com passos fortes sobre o pobre porcelanato que reveste o chão quadriculado da sala. Suas mãos estão rigidamente fechadas, os nós de seus dedos estão esbranquiçados com tamanha força que faz e as unhas curtas começam a incomodar a pele. Suas narinas estão dilatadas e suas respirações saem em lufadas fortes, não consegue enxergar com clareza tendo sua visão tomada por um vermelho escuro, escarlate. Estava tudo saindo de seu controle e sua vida já esteve em uma fase melhor, mas isso foi o estopim. Uma guimba de cigarro acesa que logo se torna um incêndio florestal incontrolável, varrendo tudo por onde passa e deixando apenas cinzas e infertilidade.

Passa pela empregada lustrando os moveis agachada no chão e por pouco não a atropela, ele nem ao menos nota a sua presença. Só escuta as suas desculpas como se ela tivesse falhado em desviar dele, também escuta o som estridente dos saltos de sua mãe batendo contra o chão. Aumenta a velocidade de seus passos e trinca os dentes, ouvindo-os ranger.

Pensa que conseguiu se livrar da mulher quando chega nos primeiros lances de escada, mas com uma corrida desajeitada consegue alcançá-lo e segurar seu braço. Zac olha para ela com os olhos ardendo em fúria e Trisha pensa em se afastar, seu filho nunca a tinha olhado daquela maneira. O moreno puxa seu braço com um solavanco como se o toque de sua mãe queimasse a sua pele.

- Não me toque. – Cospe enraivecido. Trisha recolhe a sua mão contra o peito e o olha magoada.

- Zac, meu filho, me deixe explicar. – Pede suplicante. Seus lábios começam a tremer.

- Não! – Esbraveja e sua mãe dá um passo vacilante para trás. – Você não tem nada para me explicar.

- Por favor. – Volta a pedir. A expressão de fúria de Zac desaparece complemente em questão de segundos dando lugar a uma mascara muito bem projetada de calma.

- Papai vai saber sobre isso. – Diz enojado, torcendo o nariz repugnado para a mulher que lhe criou.

- Zac.

Os olhos castanhos de Trisha ficam mais brilhantes e lágrimas os enchem rapidamente. Antes de deslizarem sobre sua face, colorindo-a de preto.

- Melhor. – Sorri amargamente. – Você irá contar.

- Você não pode me pedir uma coisa dessas! – Diz desesperada. – Zac, eu te imploro. – Ela volta a segurar o braço do filho, dessa vez ele permite. Com o braço livre o estende até estar na altura do rosto da mulher e acaricia, secando as lágrimas.

- Você tem até o papai voltar da viagem para contar. – Diz seu veredito com a voz gélida.

Ele se solta com facilidade e sobe as escadas rapidamente. A mulher continua parada no pé das escadas, novas lágrimas caem de seus olhos e ela leva as mãos até o rosto, chorando com mais força. E pensando sobre o que deve fazer.

Zac fecha a porta do seu quarto com força, a fúria colorindo as suas feições novamente. Anda até a sua cômoda e varre tudo que está em cima com o braço, jogando no chão. Pisoteia algumas coisas e quebra seus vidros caros de perfume. Grita alto. E depois mais alto. Joga seus travesseiros no chão e tenta derrubar o sofá, mas acaba caindo no chão, enfia as mãos nas raízes dos cabelos louros e chora. Seus ombros sacolejam enquanto lágrimas grossas caem, ele chora como não fazia em anos. Zac Malik nunca chora, era o que dizia sempre para si e realmente não chorou por muitos anos. Mas quando as coisas começam a desmoronar é difícil manter seu mantra intacto.

LIAR - (AU!ziam) EM HIATOS Onde as histórias ganham vida. Descobre agora