Capítulo dez

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                                                                       Autora narrando...

Alguma coisa estava errada.

Camila sentia a sua sensibilidade mais apurada, quase como um aviso. Apesar de Hayden afirmar que tudo estava bem, e Lauren confirmar com um gesto de cabeça, a italiana tinha aquele sentimento de dúvida dentro de si.

Não. Nada estava bem. O rosto pálido quase translúcido de Lauren gritava isso. Via claramente que ela estava tremendo bastante, suas mãos quase não paravam em cima de seus joelhos.

O ambiente também estava pesado. O clima antes tranquilo, estava quebrado, liberando um ar desconfortável.

Ela não sabia o que era aquilo, mas não queria que Lauren ficasse em um ambiente que transpirava uma energia negativa. Aproximou-se da morena, e agachou-se, fixou o olhar nos esverdeados que estavam opacos, sem o brilho natural. Camila sentiu um desconforto no peito, como o seu coração tivesse batendo dolorosamente. Ela não queria aquela Lauren acuada, apagada.

Sabia que tinha desejado que ela fosse assim no avião, movida por ci... Por... Balançou a cabeça em negativo, não usaria nem pensaria naquela palavra. Justificaria os seus pensamentos anteriores como uma sensação desconfortável e sem definição. Era melhor assim, mais fácil...

Porque admitir em voz alta ou até mesmo em pensamento, fazia tudo se tornar real. E ela não queria lidar com isso. Nem hoje, talvez, nunca. Sabia o lugar que Lauren representava em sua vida, não iria elevá-la ou colocar em um ponto sem retorno.

Camila precisava ser dona de seus sentimentos. A partir do momento que abrisse a porta e deixasse Lauren adentrar e aconchega-se em seu mais profundo fervor, sabia que nunca mais seria capaz de expulsá-la. Por tanto, manteria as portas fechadas. Jamais que Lauren iria toca-lhe tão profundamente.

Superficialidade.

Essa era a palavra que iria agarra-se como a sua vida dependesse disso. Deixaria os sentimentos nas margens, jamais permitiria que eles penetrassem em sua pele, tomasse conta dos seus vasos e irradiasse pelo seu corpo.

Essa era a cura para essa doença que queria lhe acometer.

Nada é mais insondável do que a superficialidade de uma mulher.

Já dizia Karl Klaus. E Camila esperava que ele tivesse certo, porque ela iria agarrasse a isso, e implorava para que Lauren não tivesse o poder de desvendá-la ou lê-la.

Voltou aos pensamentos quando um pigarro foi ouvido na sala, vindo de Hayden. Deu-se conta que enquanto divagava, estava encarando fixamente a Lauren. Olhou rapidamente para a Hayden que estava com a expressão neutra, e o sorriso de sempre na face, por um momento aquilo a incomodou, mas esqueceu-se rapidamente, voltou-se para a Lauren.

— Sente-se mal?

— Um pouco. — Lauren suspirou. — O voo me cansou demais, mesmo dormindo no avião, o meu relógio biológico está meio desparafusado. — disse com a voz fraca. — Preciso de banho e descanso.

— Deve ser o fuso-horário. — Camila comentou ao se levantar, lamentando-se por sentir vontade de acariciar o rosto de Lauren e não o fez. Viu que sua governanta e uma empregada estava no canto da sala, esperando as ordens. — Andréia, por favor, leve a Lauren para os seus aposentos e a auxilie em que for necessário.

Andréia, uma moça de baixa estatura, loira e com um sorriso amável aproximou-se de Lauren.

— Senhorita?

Pregnant By AccidentWhere stories live. Discover now