Chapter 14

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- Comigo. -ouvi o Wilson dizer da porta e a minha única reação foi exclamar

- O que? -eu e o Jefferson dissemos em sintonia. Estavamos ambos espantados e acho que o médico ficou estranhado pela nossa reação mas eu logo fingi não ter dito nada, clareei a voz e olhei para o médico com um pequeno e falso sorriso. -Sim, eu vou ficar com ele.. Na casa dele..

- Bem, então venha comigo senhor Wilson para assinar os papéis.. -disse o senhor de bata branca de uma maneira firme enquanto andava com o Wilson para fora do quarto.

- Jeff, o que acabou de acontecer? -eu disse olhando-o atentamente.

- Acho que o Will se ofereceu pra ires viver com ele.. -ouvi uma gargalhada ser pronunciada por ele como se fosse algo óbvio! Oh, espera. Era algo óbvio! Eu tinha eprcebido perfeitamente o que tinha acontecido mas não tinha percebido foi o porque daquilo ter acontecido.

- Mas.. Porque? -disse. Mas pela expressão dele acho que reparei que ele estava tão confuso quanto eu. Acho que ele também não sabia me dar uma resposta concreta. Logo calamo-nos os dois e ficamos um tempo em silêncio. Um silêncio um pouco constrangedor se querem saber.

Pouco tempo depois o Wilson voltou a entrar no quarto com uma expressão sorridente e calma. Não consegui decifrar a razão daquele sorriso mas, ele estava obviamente feliz.

-Então Mel, vais hoje ter alta e como eu vou estar aqui vens logo para minha casa.. Só não tenho é roupa pra ti.. Mas depois vamos comprar ao centro comercial algo de que gostes.. -ele sorriu novamente pegando na minha mão calmamente.

-E aonde eu vou dormir? -perguntei calmamente olhando as nossas mãos, senti um ligeiro choque subir pelo meu corpo mas nem liguei a isso. Eu tornei-me imensamente tolerante à dor. Apesar de isto não ser dor, ainda conseguia controlar pois era um sentimento estranho mas ainda assim.. Bom?! Talvez.

-Na cama.. Eu tenho um quarto de hóspedes, não te preocupes com isso.. -senti-me verdadeiramente importante quando ele disse que eu ia dormir num quarto, numa cama! O Desmond dizia que eu era importante para ele e eu dormia no chão, na madeira, atada.

-Ham.. De.. De certeza? Então e tu? -olhei-o ligeiramente espantada. Será que ele tinha mais de uma cama? Mais de um quarto? Que casa enorme.. Então e as casas-de-banho? Será que eram grandes? Será que eu podia usar a casa-de-banho dele? Seria estranho..

-Eu durmo na minha cama.. -ri levemente- Podes dormir no quarto de hóspedes.. -ele sorriu de uma forma doce e simpática. Fiquei.. Surpresa..

-Tens mais de uma cama em casa? -disse com uma expressão ligeiramente surpresa mas calma pois não queria que ele pensasse que eu sou assim muito burra nem coisa parecida. Mas em vez de ele achar estranho ele riu-se.

-Depois logo a vês Mel, não deve demorar muito para ires para casa.. -ele murmurei calmamente e logo olha para o relógio. -Na verdade, é já agora.. -sorriu docemente olhando para a minha face. Eu nem sabia que expressão era suposto eu ter! Era suposto eu estar feliz? Provavelmente era mas.. Não sei bem.

Pouco mais de meia-hora mais tarde eu já estava vestida com as roupas que me tinham emprestado do hospital, era um pequeno e simples vestido de flores rouge onde o preto predominava mas diversas rosas brancas se destacavam igualmente, umas delicadas sandá-lias estavam nos meus pés e o casaco do Will estava sobre os meus ombros. O táxi tinha ar condicionado e eu fiquei cheia de frio, ele simplesmente reparou nisso sem eu ter dito nada! Que querido..

Saimos do taxi e a casa dele era metade do armazém, e ainda tinha dois quartos?! Uau!

-Ham.. Tens uma casa muito simpática.. -soltei um pequeno e atrapalhado sorriso apertando ligeiramente o casaco contra o meu corpo, senti o braço dele enrolar no meu corpo e logo olhei pra ele tentando que ele me desse talvez uma explicação para esse ato. Ele nem me estava a olhar, só olhava para a casa por isso limitei-me a desviar o olhar novamente para a casa.

-Obrigado.. -ouvi-o dizer e pouco depois ouvi o tilintar da chave que saía do bolso dele, fechei os olhos relembrando-me do tilintar das chaves das algemas mas logo absolvi esse pensamento num pesado suspiro. O Wilson empurrou-me levemente para dentro de casa assim que ele abriu a porta. Era realmente uma casa acolhedora e confortável. Dava-me vontade de passar ali a vida. Era quentinha. -Podes sentar ai, eu vou buscar um chocolate quente pra ti, gostas de chocolate quente não gostas? -O que era chocolate quente?

-Ham.. Eu.. Não sei.. -encolhi ligeiramente os ombros sentando-me onde me tinha sido indicado e soltei um risinho ligeiramente nervoso. Nunca tinha provado nada com esse nome. Só água e fruta, a minha alimentação limitava-se a esses dois alimentos. Se bem que por vezes, na sobremesa ele adicionava caramelo ou açúcar mas chocolate nunca.

Ele limitou-se a assentir e vi o seu corpo desaparecer por uma porta de madeira e assim começou a minha estadia.

«Tortura»Where stories live. Discover now