«Tortura»

Chapter 12

- Eu andei a pensar muito em ti sabias..? -não pude evitar soltar um sorriso envergonhado dos meus lábios, era de uma certa forma estranho ouvir isto de qualquer pessoa que seja quanto mais do Wilson.

- Ai sim..? -murmurei tentando evitar olhá-lo, sentia a minha cara ligeiramente quente, penso que estava toda vermelha e não queria que ele me visse daquela forma. Nem eu sabia como eu estava.

- Sim.. -ele finalizou, conseguia sentir o seu olhar pousado em mim por isso comecei a brincar com os meus dedos tentando disfarçar. Ele deixava-me de uma maneira tão.. Sei lá..

- Porque? -murmurei ganhando alguma coragem para olhá-lo o que o levou a soltar um pequeno riso. Ele era tão adorável e tão fofo, aquele riso deixou o meu corpo completamente.. Rendido? Será essa a palavra certa? Senti-me uma rapariga fácil.

- Não precisas de corar princesa.. -corar? O que era isso? Seria o sentimento envergonhado em mim? Seria o meu olhar baixo e escondido? Seria a sensação quente que eu sentia nas bochechas? Bem, tinha de ter a certeza e se eu não sabia, que mal fazia perguntar?

- Ham.. O que é.. Corar? -perguntei hesitando um pouco à pergunta, não queria parecer demasiado burra ou demasiado inculta pra ele. Queria causar boa impressão..

- É teres as bochechas vermelhas, estares envergonhada e a tua cara começa a ficar mais quente.. Depois coras porque as tuas bochechas ficam vermelhas e quentes.. -riu um pouco com a minha pergunta e eu, para não parecer muito estranhada com a explicação limitei-me a sorrir pequeno a docemente.

- Oh.. E só acontece quando eu estou envergonhada? -olhei-o um pouco curiosa sem saber muito bem o que esperar como resposta.

- Sim, acho que sim.. E quando tens calor.. -sorriu de uma maneira doce, ele era tão bonito e quando sorria era ainda melhor. Sentia-me completamente derretida por ele.

- Ahh,, Obrigada.. -sorri docemente ainda um pouco envergonhada, era um pouco estranho mas sentia que ele era especial. Ele era tão simpático e querido comigo e não era de hoje! A maneira como ele me segurava a mão, a maneira como ele olhava para mim, o tom de voz que ele me falava. Era simplesmente, perfeito sabem?

Antes que ele pudesse falar o que quer que fosse o Jefferson e o tal senhor de bata branca entraram pelo quanto adentro e ambos com umas caras um pouco preocupadas. Era estranho mas decidi não perguntar apesar de a minha cabeça não parar de bombear de curiosidade sobre o que eles tinham falado ali.

- Então menina Melody, -comecou a falar o tal senhor de bata branca que eu ainda não sabia o nome- O que se passa é que, o menino White não me sabe contar aquilo que lhe aconteceu nos últimos meses e por isso eu não posso por no relatório por isso preciso que me conte tudo..

- Não.. -neguei rapidamente com a cabeça agarrando na mão de WIlson que estava mesmo ao meu lado -E-eu não posso contar.. -disse tendo a voz a tremer um bocado. Só de me relembrar de tudo já o meu corpo todo estremecia e teria de contá-lo a ele? Para ele por a história no mundo e me envergonhar à frente de todos? Não.

- Mel.. -disse o Wilson acariciando calmamente a minha mão com o seu polegar- Tens de contar princesa.. -ele murmurou e usou a outra mao para me acariciar a cabeça calmamente. Senti-me um pouco mais segura mas eu estava completamente decidida a não contar nada a ninguém! Era passado! Completamente!

- Não me podes obrigar Wil.. Nem tu nem este senhor de bata branca nem o Jeff.. Ninguém me vai obrigar a contar aquilo que me aconteceu.. -murmurei baixo tentando abstrair os pensamentos de tudo enquanto sentia o meu corpo quebrar e implorar para se levantar e sair. Era o que eu queria. Mas não consegui. Estava praticamente presa.

- Mas tem de me dizer, as suas costas estão infetadas e estão num estado lamentável.. -disse o senhor de uma maneira séria. Conseguia ouvir pelo seu tom de voz que ele estava a começar a perder a paciencia comigo. Mas estava-me pouco a foder. Se fosse ele a levar com um cilindro do tamanho de um poste no cu aposto que ele também iria querer esquecê-lo..

- Não quero,, Por favor Jeff apoia-me aqui.. -olhei-o com uma expressão triste, estava novamente a implorar a um homem. Tentei convencer mais o Jeff ao soltar a mão de Wilson e ao estender ambas as mãos para ele. - Imploro-te.. -já tinha a voz mais trêmula e fraca que anteriormente. Mas o coração de Jeff parecia pedra naquele minuto, ele parecia zangado ou.. Não sei descrever.. Sombrio?

- Piqui.. Por favor.. -murmurou o Jefferson segurando em ambas as minhas mãos e logo ele beijou uma delas, reparei pela sua expressão que ele estava mais amolecido, mais calmo naquele minuto e aconteceu logo que ele me segurou as mãos.- Só no último mês, tenta descrever por favor..

- Parem por favor! -disse alto largando Jefferson rapidamente e levando os joelhos ao peito, rapidamente enrolei os braços nos mesmos apertando-os contra o meu corpo. -Não me podem obrigar mais, já ninguém me pode obrigar! -comecei a deitar lágrimas. -Não me podem obrigar.. -chorava contra os lençois que se sobrepunham aos meus joelhos. Sentia o corpo novamente naquele armazém, sentia que o meu corpo estava preso e os meus movimentos já não eram mais possíveis de se realizar.

Eu só precisava de alguém que me apoiasse naquele momento, precisava de um simples abraço e de um amigo com um ombro para que eu pudesse chorar. Ouvi por fim a porta a abrir, era o tal senhor de bata que tinha saído do quarto juntamente com Wilson e Jefferson. Em vez de ter companhia naquela altura, ganhei isolamento, fiquei ainda mais sozinha do que estava anteriormente.

Acabei por me deitar na almofada chorando cada vez mais, queria ir embora daquela sala, queria ir ver o mundo que desde criança me foi privado, queria simplesmente correr pela erva ou trepar uma árvore ou talvez até partir um braço! Precisava de ar puro e não de sermões de pessoas que eu esperava que se preocupassem comigo.

Ouvi a porta abrir e nem me incomodei em ver quem havia entrado. Limitei-me a ficar na mesma posição.

- Hey..