Chapter 11

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Estivemos a conversar por algumas horas e eu sempre pensava que a qualquer minuto que estava para vir, o Carl ia entrar pela porta adentro. Desde que havia acordado vi o Jefferson, o Wilson e a Ruby, a irmã do Jefferson, uma ruivinha muito simpática. Mas nada do Carl. Que será que é feito dele? Quando um momento de silêncio se instalou tive de perguntar.

- Ham.. Rapazes, onde está o Carl? -eles fizeram ambos uma expressão mais séria e olharam um para o outro.- Então? -acabei por perguntar depois de uns minutos constrangedores. Será que ele morreu? Mudou-se?

- O Carl não pode vir Melody.. -acabou por explicar Wilson- Ele praticamente deixou-nos por uma rapariga ou coisa assim.. -ouvi um suspiro escapar por entre os seus lábios e eu fiquei com uma expressão mais surpresa.

- Sério? Uau.. Nunca pensei que ele fosse capaz de fazer isso quer dizer.. Nos poucos minutos que estive com vocês da primeira vez vocês pareciam todos um bom grupo.. Certo? -disse um pouco atrapalhada. Não queria cavar muito nesse assunto para eles não ficarem muito abatidos.

- Desde crianças sempre fomos inseparáveis mas foi a tal frase do 'Ou eles ou eu' e ele escolheu-a a ela. -terminou Jefferson ainda com uma expressão abatida e triste.

- Porque que alguém no seu perfeito juízo pediria para alguém que ama escolher entre pessoas importantes da sua vida? Não faz sentido! Isso nem me parece amor.. -eu nunca tinha ouvido aquela expressão antes e pareceu-me a coisa mais estúpida do mundo! O Jefferson riu-se. Um pequeno e abafado riso.

- E podes crer que não é amor.. -ele comentou olhando-me atentamente com um pequeno sorriso formado nos lábios.

- Então o que é o amor? -acabei por lhe perguntar quase que num murmurio, era um assunto estranho estar a falar sobre amor com um desconhecido. Sim, ele era um desconhecido afinal, o que eu sabia dele? Sabia o seu nome, a sua face, que tinha uma irmã e sabia o tamanho da sua simpatia. Nada mais.

Ele não me respondeu, limitou-se a encolher os ombros com uma expressão confusa. Nem ele sabia o que era o amor. Nem o Wilson pois assim que olhei para ele, ele teve a mesma reação que Jefferson. Nenhum deles me era capaz de explicar o que era o amor!

- Então, se não sabem o que é o amor, como vão saber quando amarem alguém? -eles encararam-se um ao outro e novamente não me responderam. Limitaram-se a soltar pesados suspiros e a olharem pra mim segundos depois da mesma forma. Confusos. - Digam-me alguma coisa! -insisti no assunto.

- O amor é pores as necessidades de alguém à frente das tuas.. É quereres a felicidade de alguém acima da tua.. Simples. -acabou por dizer um senhor de bata branca que estava a entrar no quarto com uma ficha nas mãos, que tinha ouvido parte da conversa.- Não digo que seja simples encontrares alguém assim, mas digo que o amor é mais simples do que pensam..

- Eu nem sei o que pensar do amor.. -disse um pouco triste, nunca tinha sido amada e como alguma vez irei ser se nem sequer sei onde vou viver aqui.. No exterior? -Nem sei se existirá para mim..

- Existe alguém pra todos, só tens de saber procurar.. -sorriu levemente- Como se sente menina.. -olhou para a ficha enquanto se aproximava da lateral da minha cama o que me levou a afastar-me calmamente. Sabia lá o que ele queria fazer comigo.- Melody. -logo que ele me olhou formou uma expressão confusa na sua face pelo meu movimento. -Está tudo bem?

Eu não tencionava aproximar-me daquele homem. Nunca o tinha visto na minha vida.Sabia lá se ele era como o Desmond ou o Kaleb. Apenas senti alguém segurar na minha mão e virei a face rapidamente para quem foi. Foi Jefferson, ele estava-me a lançar um ar de conforto como que a dizer que aquele homem era de confiança e eu limitei-me a voltar à minha posição inicial apertando levemente a mão de Jefferson.

- Bem.. -murmurei- Sinto-me melhor do que nos últimos anos.. -disse baixo reparando que ele tinha agora uma expressão surpresa na sua face. Porque será?

- Querida, posso saber o que lhe aconteceu para vir aqui parar? -eu olhei para o Jefferson engulindo em seco. Apenas abanei ligeiramente a cabeça de forma negativa tentando que ele percebesse que eu não queria que o senhor de bata branca soubesse o qu eu tinha passado.

- Bem, eu e o meu amigo estavamos a passar pela floresta num atalho e atropelamo-la sem querer.. Porque senhor doutor? Ela está bem? -ele apontou alguma coisa no tal papel e voltou a olhar para Jefferson duvidoso.

- Posso falar consigo lá fora? -ele pediu a Jefferson ao que levou uma resposta positiva, levantaram-se e sairam deixando-me no quarto com o Wilson, sozinha.

«Tortura»Where stories live. Discover now