Chapter 29

2.5K 129 25
                                    

Revirei-me na cama esperando encontrar o tronco de Jeff para abraçar. Tinha frio e o que melhor para me aquecer do que o tronco forte e quente do meu namorado? Dei leves batidelas na cama procurando por ele. A minha mão tocou na extremidade oposta da cama e nada de Jefferson.

- Jeff? -Abri lentamente os olhos procurando pelo quarto e encontrei-o sentado ao fundo da cama, com o computador ao colo. Ele nem se mexia, a sua respiração era a única coisa notória no seu corpo visto que os seus ombros subiam e desciam lentamente. -Amor, deita aqui comigo.. -Resmunguei baixinho acabando por coçar os olhos deixando um bocejo sair pelos meus lábios.

Ele nem se incomodou em responder. Permanecia ali. Mudo, imóvel.

- Bebé.. -Murmurei elevando o meu corpo para me sentar na cama. Ajeitei o cabelo que tinha na frente dos olhos e deslizei a língua pelos meus lábios para os humedecer. Gatinhei até as costas de Jeff e pousei as mãos calmamente nos seus ombros. -O que se passa mor? -Sussurrei ao seu ouvido e pousei o queixo sobre uma das minhas mãos encarando atentamente a tela do computador. Parecia um rastreador.

Em seu simples reflexo, ele fechou a tampa do dispositivo e virou o corpo ligeiramente para o lado estendendo a sua mão para que se encaixasse na minha cintura. O seu olhar estava vago, vazio. Ele parecia diferente desde que Desmond mandou aquela mensagem.

- O que se passou amor? Outro pesadelo? -A sua voz rouca e grave murmurou enquanto o seu polegar acariciava a minha pele carinhosamente.

- Não, só.. Saudades tuas na cama.. Que horas são? -Disse enquanto me juntava ainda mais ao seu corpo encarando os seus olhos. Ele limpou a garganta e olhou para o relógio piscando um pouco os olhos antes de me dar uma resposta concreta.

- Quatro e meia.. -Suspirei suavemente. Era a segunda vez que o flagrava a altas horas a rastrear algo no computador. E desde há algum tempo atrás que ele fica no seu aparelho dia e noite. Parece que já nem me liga. -Que carinha é essa? Pareces triste..

- É que.. Pareces ausente.. Já há dias que não fazemos nada juntos, é como se.. -Fiz uma pequena pausa para tentar encontrar as palavras exatas para aquilo que eu estava a tentar dizer-lhe. -Como se me estivesses a pôr de lado pelo computador.. -Murmurei baixando ligeiramente o olhar.

- Oh cesa, eu nunca te vou trocar pelo computador! -Ele inclinou a cabeça tentando encontrar o meu olhar mas eu desviei-o novamente. Não sentia que ele estava a falar a verdade, ele continuava diferente, continuava vago. -Não acreditas em mim é?

- Não é isso! É que parece que não confias em mim.. -Insisti e antes que eu desse por isso ele enrolou ambos os braços na minha cintura e sentou-me de lado no seu colo encarando-me atentamente. Como era possível alguém ser tão lindo e perfeito?

- Porque pensas assim? -Ele aparentava nem se aperceber da maneira que me estava a ignorar. Doía um pouco.

- Jeffy, estás a ignorar-me.. E já não é de hoje, o que tanto fazes no computador que não me contas? -Lancei-lhe o olhar mais inocente e pedinte que eu pude fazer na altura e retoquei com umas pequenas gotas de lágrimas nos olhos. Ele odiava ver-me com lágrimas à tona e se eu queria saber alguma coisa tinha que apelar para a chantagem.

- Não fiques assim piqui.. -Agora algum sentimento brotava nos seus olhos. Pena. Dor. Ele acariciou-me a bochecha com o seu polegar carinhosamente. Ele era tão doce comigo. -Não chores, eu amo-te e o que estou a fazer é por ti, acredita..

- O que é que estás a fazer? -Olhei os seus olhos e pousei a mão sobre a sua que estava na minha bochecha. -Diz-me, por favor.. -Pedi com a voz mais fofa que consegui na altura. Yha. Eu consigo manipular o meu homem.

«Tortura»Onde as histórias ganham vida. Descobre agora