- Acreditamos que sim, precisamos fazer alguns exames agora que o senhor acordou. – ela responde, mas não fico muito esperançoso. – Consegue sentir dificuldade em alguma outra área além da visão?

Tento sentir ou estimular meus outros sentidos, minha audição parece normal, meu tato também, tudo parece estar bem quando tento mexer minhas pernas e não consigo. Na verdade, não consigo sentir nada do quadril para baixo e isso está me deixando ainda mais assustado. Meu Deus, não, não pode ser!

- Eu... eu não consigo... não consigo sentir minhas pernas. – tento não parecer tão desesperado, porém obviamente falho, pois o pior já está passando pela minha cabeça.

- Calma, David, calma. – a moça, que deve ser a enfermeira, se aproxima de mim e me segura pelos braços. – Eu sei que é difícil, mas não se apavore, ok? Pode ser apenas temporário, por conta da lesão no seu cérebro, eu já vi outros casos assim. – ela tenta me tranquilizar, no entanto, não sei se deu muito certo.

- Pode? Então eu tenho chances de ficar assim para sempre? – questiono, com o medo tomando conta de mim de uma forma que eu nem consigo mais controlar.

- Eu não vou mentir para você, David, tem. – ela responde no tom mais suave possível, mas que não diminui o peso de suas palavras, estou amedrontado. – Mas precisamos fazer uns exames primeiro, talvez seja temporário, não entre em pânico. – ela segura minhas mãos pelos punhos, tentando me controlar e eu sinto uma lágrima escorrer sozinha de um dos meus olhos.

Ouço um barulho de porta batendo ao fundo e mais uma pessoa parece entrar no quarto. A enfermeira que estava falando comigo continua segurando meus braços com força e logo sinto uma picada no meu antebraço e algo sendo injetado na minha veia, elas estão me dando algo que eu nem mesmo sei o que é sem a minha ordem, é isso mesmo?

- Não se preocupe, David, isso é apenas para te ajudar a acalmar. Sua irmã já está a caminho, tenho certeza que a presença dela vai te fazer sentir melhor. – ela avisa e eu me sinto um pouco aliviado em saber que logo verei Anne novamente, estou com muita saudade dela. Além disso, ela é meu porto-seguro, eu preciso dela agora, estou sozinho e com medo.

Em poucos segundos, começo a sentir um pouco de tontura e fico meio mole, com certeza é efeito dessa coisa que injetaram em mim. Também estou ficando sonolento, não acredito que eu mal acordei depois de ficar três semanas em coma e já estão me colocando para dormir de novo, isso é ridículo. Tento reclamar, mas me sinto tão fraco que nem ao menos consigo ficar bravo e, quando menos espero, tudo se apaga novamente.

*

Abro os olhos lentamente tentando me acostumar com a claridade quase irritante, mas a minha visão comprometida consegue me irritar ainda mais. Entretanto, consigo identificar uma silhueta feminina magra e alta perto de mim e já sorrio por saber de quem se trata.

- David! – minha irmã exclama contente e se aproxima de mim para me dar um abraço. – Finalmente você acordou, eu mal acreditei quando me disseram. – ela está tão emocionada que sinto suas lágrimas molharem o meu rosto, me deixando emocionado também. Anneliese é maravilhosa, eu a amo demais.

- Sim, eu acordei. – tento abraça-la o mais forte que consigo, adoro o aconchego que sinto nela. – Me desculpa pelo susto, eu não queria te preocupar e tenho certeza de que você ficou péssima como eu te conheço bem, sinto muito. – queria poder ver o seu sorriso lindo nesse momento, mas tudo que consigo enxergar é um borrão, que raiva.

- Eu não acredito que você está pedindo desculpas por isso, eu vou te bater. – ela me repreende num tom bravo de brincadeira, me fazendo rir. – Você é a maior vítima dessa situação toda, você não tem culpa de nada.

Crumble to Ashes | Phoenix Love #2حيث تعيش القصص. اكتشف الآن