AMOR ÀS AVESSAS - SPIN-OFF DE PAIXÃO POSSESSIVA - LIVRO 4 - FAMÍLIA WINSOR

CAPÍTULO 3

KEITH

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     Me acomodei no assento do avião pensativa. Elijah não me viu sair, apenas deixei um recado em seu celular. Tô viajando à trabalho, coisa de última hora. Me lembro vagamente do que aconteceu entre Elijah e eu. Ele me respeitou o tempo inteiro e... Me surpreendeu. Era novidade pra mim, pois 90% das vezes que transei casualmente, eu estava bêbada, muito bêbada para não me lembrar depois. Não sou tão forte assim. Ouvi Elijah dizer que me ama várias vezes. Também o amo como nunca amei ninguém. Tô confusa e com muito medo. Ninguém nunca me amou, me deu amor antes, nem mesmo os meus pais, aliás, foi por tempo limitado e nem sequer me lembro dos verdadeiros. Hoje eu tenho um filho para amar e que também me ama, estamos salvos do resto do mundo e daqueles que se dizem meus parentes, mas que me ameaçam. Eles não podem saber sob hipótese alguma ou tirarão tudo que eu tenho para que eu perca a guarda do meu menino. Eles me odeiam a esse ponto. Já fugi e não adiantou, pois eles sempre me acham. Parecem que vivem para me odiar. Tudo que querem é um neto para continuar seus negócios. Nenhum deles me quiseram antes, porém também não se incomodam em me fazer mal. Quando me conheceram, eu já era adulta e reneguei a maior parte da minha herança para não ter que ser submissa, sujeita aos caprichos e vontades deles. Contudo, meu menino ainda é pequeno e sonhador, mais fácil de se manipular. Depois que ele vê tudo que o dinheiro pode comprar e que pode ser livre, vai ficar tentado e também é capaz de me delatar, contar nossos segredos e aí não seremos mais uma família de dois, por isso preciso evitar a todo custo que saibam sobre ele. Se Matthew souber, será mais um a querer me tirar ele. Ele o criará com sua linda esposa e seus 3 filhos e um cachorro e um lar perfeito cheio de amor. Não posso permitir isso. Meu filho é a únioca coisa boa na minha vida. Eu o quis.

         — Keith, é você mesma?

          Me deparei com um ex namorado, Mike. Namoramos logo após meu término terrível com Matt, quer dizer, meus pais adotivos autorizaram meu aborto. Eu era menor de idade e Matthew estava sendo responsável por mim até ir embora e me largar lá, então eles cancelaram a intervenção. Por um lado fiquei feliz porque eu queria aquele filho, não sei como iria fazer, mas eu o queria. Os médicos foram obrigados a chamar meus pais adotivos e nem pude fugir. Eles como não tinham coração, autorizaram mesmo eu implorando para não fazê-lo. Me sedaram e acordei vazia e ainda mais seca. Meus pais passaram semanas me julgando, dizendo todos os tipos de coisas terríveis e por conta de tanta dor e deles pisando, tentei me matar. Ninguém sabe. Fiquei alguns meses no hospital psiquiátrico me sentindo ainda mais miserável, porém por um lado era bom porque me livrei daqueles ditadores. Ali pude arquitetar meus planos para uma vida longe deles. Me formei, fui para a faculdade e descobri que poderia esquecer de todos os problemas e dores se me embriagasse e dormisse com qualquer um que me quisesse. Eu atuava criando novas memórias e amortecendo as dores que eram muitas. Terapia não foi bom pra mim. Me taxaram de ansiosa e com leve declínio a depressão. Não tomo sempre os remédios e nem procurei outras opiniões. Ter pensamentos suicidas não te fazem depressiva. É exagero.

        — Mike, quanto tempo.

        — Realmente. Como você está?

        — Ótima. Trabalhando muito. Irei participar de uma conferência de última hora.

         — Coincidência, eu também.

          Mike e eu nos conhecemos na universidade de jornalismo e nos tornamos amantes. Ele dizia que não queria namorar e só curtir e por isso tinha tantas amantes e por mim, estava de boa porque eu ainda transava bêbada, ele era o único que não e ainda assim me fazia me sentir pequena, a pior das mulheres quando a gente terminava e dizia que eu precisava me esforçar mais porque nem gozar eu gozava. Ele me chamava de pedra de gelo, múmia, aliás todos os caras me chamavam assim. Não era mais novidade. Mike não foi diferente de nenhum deles no final das contas.