CAPÍTULO 12

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MATTHEW MONTGOMERY

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    As semanas voaram e Ashley já tinha ido para a casa. Não pude mais voltar a vê-la. Isso que sinto por ela está acabando comigo. Eu simplesmente preciso recuperar minha sanidade. Amélie tem razão. Se eu contar a verdade a ela sobre nossa filha, ela a levará embora e ficarei sem minha pequena. Já perdi sua mãe, não posso perdê-la também. Ela é tudo que me resta nesse mundo. Eu não sou bom, nunca fui e com certeza nunca serei. Não nessa vida, mas minha filha me ama sem cobranças, sem absolutamente nada. É um amor puro e genuíno até ela crescer e se apaixonar, porém até lá, já terei morrido. Farei questão. Conheci o amor e ele vem me escravizando e me tirando de órbita. Não vou mais me render a ele. Só eu sei o que passei nesses 4 anos e o quão miserável me tornei por causa dela, da sua ausência. Procurei seu cheiro e seu gosto em cada mulher que eu fodia toda maldita noite. Dormir? Eu nem sabia mais o que era isso. Depois de uma foda intensa, eu podia descansar por umas duas ou 3 horas e me dedicava o dia todo a minha pequena, que em  breve entraria na escola.

      Confesso que meio que tive um pouco de remorso por ter usado Amélie pra me esquecer de Ashley praticamente morta naquela cama de hospital, toda entubada. Amélie é carente e a usei a meu favor dando tudo que ela queria. Eu tentei gostar dela, todavia existe uma linha tênue entre a personalidade das duas. Eu não podia violar ainda mais meus sentimentos, então a deixei. Sou um homem egoísta. Não há nada de novo aqui. Eu uso e descarto as pessoas sem dó. É simples, não me dói nada. Então, todos os dias que eu ia visitar a mulher que amo naquele hospital nojento, algo se quebrava e morria dentro de mim. O medo me sufocava e me deixava a sua mercê. Fui submisso a essa dor, a esse amor e agora eu só quero esquecer tudo que aconteceu. A culpa era dele e ele vai me pagar ainda mais caro. Eu juro. Vou estraçalhar não só sua vida e suas mentiras, como também aquele corpo velho e acabado com minhas próprias mãos. Ele me tirou tudo e agora é a minha vez.

     Eu sei o que Josh fez ao meu irmão Elijah, ao meu irmão gêmeo porque ele fez o mesmo comigo. Já Lisa, eu não tenho certeza. Ele é um maldito. Minha mãe foi conivente e é tão culpada quanto ele. Nós éramos crianças e não sabíamos o que fazer, até porque um não sabia o que o outro sofria nas mãos do próprio pai.

     Justiça? Ri internamente porque era cômico uma vez que denunciei os maus tratos quando tudo começou. Aos 6 anos eu fui patético. Josh me tocou de um jeito que pai nenhum deveria tocar em um filho, mas ele continuou noites seguidas e suas ameaças também. Pensei, na minha inocência da idade que aquilo era somente um pesadelo e que em breve, eu acordaria, mas então, ficou pior, muito pior e apesar das ameaças, o desespero me fez procurar ajuda e tudo que recebi foi um afago nos cabelos e uma chamada para os meus pais que diziam que eu tinha muita imaginação. Eu era uma criança de 6 anos relatando os abusos nitidamente, com todos os detalhes sórdidos e eles simplesmente me mandaram de volta ao meu algoz. E tudo que fiz nos anos seguintes foi sobreviver e me manter são até ficar mais forte do que ele e planejar meios de matá-lo. Isso sim me alimentava até que ele me jogou naquele antro me deixando pior do que eu já era. Todos os sentimentos ruins foram postos pra fora e até hoje fazem parte do meu dia a dia.

      Fechei os olhos com força porque as lembranças de uma infância traumática não irão me dominar. Eu sou forte. Venci meus medos e aos 13 anos o parei. Nesse dia ele me deu uma surra pelo que fiz e pela primeira vez minha mãe interviu, pois ele estava descontrolado e ela dizia que se ele me matasse, acabaria com sua vida. Ele parou e nunca mais me tocou, porém descontava ainda mais no meu irmão gêmeo e minha mãe, por mais que eu implorasse, ela não se importava com ele.

      A preferência de Úrsula por mim sempre foi nítida, o que irritava meu pai. Ela me amava mais do que os outros. Eu sei que ela sabia o que ele fazia, contudo não tenho certeza de que tinha a noção do que ele fazia comigo. Em toda minha vida eu não tive ninguém que se importasse e me amasse verdadeiramente, porém agora eu tenho e não irei perdê-la. Eu mato quem a tirar de mim e não me importo quem seja, nem mesmo sua mãe.

AMOR ÀS AVESSAS - SPIN-OFF DE PAIXÃO POSSESSIVA - LIVRO 4 - FAMÍLIA WINSOROnde as histórias ganham vida. Descobre agora