O que para as garotas que ele raptou não vale para nada. E mesmo o amando, elas mereciam justiça. Porque entendo a dor delas e o desejo de ver quem faz isso atrás das grades é tentadora.

Enfim, a vida é complicada.

— Falyn — uma voz familiar arruinou o meu momento de paz e raciocínio. Não me virei porque sabia que era Theron. O idiota era mesmo insistente.

— A minha paciência tem limite — ameacei porque de facto tinha.

— É importante — parou na minha frente. Desviei o olhar dele. Incapaz de olhar na sua cara.

— Consegui arranjar uma forma de você ter ensino domiciliar.

Ele conseguiu toda a minha atenção agora.

— Você o quê?

— Sei que era uma das melhores alunas de Colombus High School e o quanto se esforçava para tirar boas notas então não poderia deixar que perdesse o ano por minha causa — explicou.

Essa é uma notícia boa. Muito boa para falar a verdade. Senti o meu coração errar algumas batidas com a possibilidade de continuar com os meus estudos, mas isso não mudava nada na nossa relação.

— Legal — desdenhei.

— O seu professor particular irá vir a manhã. As suas aulas serão de tarde.

— Sim. Pode ir embora — fingi indiferença.

Mas ele não foi. Contínuo com o olhar preso em mim, a deixar-me desconfortável.

— Não está feliz?

O encarei com raiva.

— Feliz estarei se estiver livre desse lugar e de você.

Aquilo pareceu o calar por alguns momentos. Era como se ele compreendesse a minha raiva. Como se sentisse muito.

— Porque eu? — a pergunta escapou dos meus lábios antes que pudesse fazer algo.

Aquele assunto parecia o deixar desconfortável, mas era óbvio que as suas feições não demonstravam isso. Eu só sabia que ele estava incomodado com a minha presença pela forma como os seus dedos brincavam de forma discreta com a barra da sua camisa, mas no seu rosto não havia nada. Era como se eu estivesse a falar com uma parede.

— Você ajudou-me no dia da festa e eu sei que estava bêbado o suficiente para não me lembrar de nada e nem ninguém, mas eu lembrei-me de você — coçou a garganta. — Por isso a procurei no dia seguinte. Falei com Bethany, ela é minha prima, e ela identificou-lhe logo, mas sem saber de nada, é claro. Sei que vocês as duas se odeiam, mas ela não tem nada a ver com o facto de você estar aqui — se apressou a explicar quando viu que o meu queixo quase caiu no chão com a sua declaração.

Nunca me passou pela cabeça que eles pudessem ser da mesma família. Bethany e Sr. Robert devem se dar muito bem sendo que eles tem algum problema mental e odeiam-me.

— E alguns dias depois, para confirmar mesmo que estávamos a falar da mesma pessoa fui para o seu colégio. Não queria a assustar por isso fui como um aluno. O meu pai é amigo do diretor então não foi nada difícil entrar ali — conforme a história se de desenrolava mais incomodada eu ficava. Ele é, sem sombras de dúvidas um psicopata e stalker. — E quando conversei de novo com você percebi que te achava uma garota legal.

— E aí decidiu sequestrar-me? — debochei e bati palmas. — Uma bela história de amor para contar aos seus netos.

A sua feição endureceu.

— Não foi bem assim — falou, quase na defensiva. — Eu não acordei e disse “vou raptar uma garota porque acho ela legal”.

— Não foi? — ergui as sobrancelhas. — Porque parece.

— Você não iria entender —a sua voz aumentou alguns tons. — Sinto tanto por isso quanto você. Destrói-me de uma maneira que você nem faz ideia a ver nessa situação, mas eu… — as palavras fugiram da sua mente. — Eu não fiz isso porque sou um psicopata que não sabe conquistar uma garota como deve ser e pensa que sequestra-lá é a coisa mais lógica a se fazer. Eu não sou essa pessoa distorcida que tem na cabeça.

— Se não é desse jeito porque não me deixa ir embora? — devolvi, sem dar a mínima para o seu discurso.

— Eu não posso fazer isso — rebateu num segundo depois.

Levantei-me e parei na sua frente. Apesar da diferença de altura não me intimidei e apontei o dedo na sua direção.

— Se não pensa em deixar-me viver a minha vida como eu devia, poupe-me dos seus discursos de homem arrependido que sente muito — o encarei com raiva. — O meu ódio por você não vai diminuir. O nojo que sinto não vai desaparecer. Então tenha amor-próprio e vá embora.

— Se pensa assim, não me resta mais nada para dizer — devolveu, com um toque de mágoa na voz.

E dessa vez foi ele que me deu as costas e foi embora. Queria sentir remorso pelas coisas que lhe falei, mas minha consciência estava calma e tranquila. Eu faria-o odiar-me até o ponto de cansar de mim e desistir da ideia de casar comigo. Esse sim, seria a realização de um sonho. Ver-me livre desse inferno.











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digam oq querem de presente de natal para eu conversar com o Pai Natal. Somos bastante próximos então confiem, os vossos pedidos serão atendidos kskskks.

NeutroWhere stories live. Discover now