Memories

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N A M J O O N

Como doem as perdas para sempre perdidas, e portanto irremediáveis, transformadas em memórias iguais pequenos paraísos-perdidos.

Chego a me sentir solitário nesse mundo gigantesco, mesmo com bilhares de pessoas que o habitam. Mesmo que eu esteja em um lugar onde as pessoas usando preto me abraçam com a intenção de me reconfortar da perda recente.

As vezes eu me pergunto, onde estavam essas pessoas que derramam lágrimas pelo ocorrido, onde eles estavam quando meu irmão foi diagnosticado, onde eles estavam quando ele precisou raspar seu cabelo pela primeira vez, onde eles estavam quando ele ficou internado piorando dia pós dia. Quem são essas pessoas que normalmente chamamos de familiares, ou de parentes?

Por que eu sinto que estou recebendo abraços de estranhos, quando quem está me abraçando diz ser minha tia, ou um primo de primeiro grau que eu nunca tive contato algum. Por quê eles dizem que se importam? Isso chega a ser hipócrita.

Vejo minha mãe entre os braços do meu pai, em um abraço apertado e cheio de dor onde os dois não conseguem segurar as lágrimas, vejo como é ainda mais doloroso para eles dois se despedirem do filho caçula, que sempre se mostrou tão forte diante de sua aparência tão frágil.

Me dói a perda e me dói ver meus pais assim, com os olhos vermelhos e inchados, com a voz rouca e seus olhares perdidos. Tudo isso é doloroso demais, e eu não sei se essa dor tem cura.

O que eu percebi também, é a ausência de alguém muito importante.

Jungkook não está aqui, e por algum motivo eu sinto que ele não vem. Eu não entendo, por quê ele não responde as mensagens e porque sempre que ligamos cai na caixa postal. Isso me preocupa, Jungkook deve estar sofrendo tanto. E obviamente é muito importante a presença dele aqui, Jimin o amava intensamente e sempre estava sorrindo ao lado de Jungkook. Literalmente apaixonados.

E são essas as lembranças que eu tenho do Jimin, sorrindo e nos fazendo sorrir.

Todos nós temos nossas máquinas do tempo. Algumas nos levam para frente, são chamadas de sonhos, e outras nos levam pra trás. São chamadas de memórias.

Lembranças dos dias felizes e dos difíceis, mas sempre um ao lado do outro como um ombro amigo.

[Flashback]

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"Chim... O que você tá fazendo aqui?", eu acordei no meio da noite e quando olhei para o lado não vi Jimin em sua cama, e quando eu saí do quarto ele estava bisbilhotando nossos pais que estavam jantando juntos.

"Não faça barulho, a mamãe e o papai vão ouvir!", Jimin sussurrou com a aquela voz extremamente fina, enquanto coçava seu olho por causa do sono.

"Tá! Mas eu ainda não entendi, por quê você está aqui ao invés de ir dormir, está tarde Chim.", falei vendo aquela miniatura de gente ajoelhar no chão atrás sofá, enquanto observava discretamente nossos pais conversando e sorrindo juntos.

Nossa sala de jantar e a de estar, são separadas por um balcão, então conseguimos ver perfeitamente.

"O papai e a mamãe estão comemorando o que?", ele sussurrou outra vez, sem desviar o olhar nem por um segundo.

"É aniversário de casamento deles, eles sempre fazem algo.", sussurrei sorrindo, quando eu também me ajoelhei, ao seu lado, para olhá-los.

"A mamãe está sorrindo bastante, né?"

CONVERSANDO COM A LUA  •Jjk + Pjm • Leucemia Where stories live. Discover now