CONVERSANDO COM A LUA •Jjk + Pjm • Leucemia

Safe Harbor

— O que?

— Jungkook... Sua mãe tomou a mesma decisão que o Jimin. — Ele fez uma pausa, e eu engoli em seco, sem saber como reagir. — Quando ela acordou depois do acidente, ela não sentia nada, ela não podia se mexer, nem os braços, nem as pernas, nada! Ela apenas conseguia falar e enxergar.

— Por que? — Minha voz estava afetada pela angústia, e pela vontade de chorar.

— O acidente foi muito grave, fizeram várias cirurgias nela, por quê eu não estava em condições de fazer, obvio. — Meu pai fechou os olhos respirando pesadamente, com certeza é muito difícil para ele relembrar tudo isso. — Mas quando ela acordou, até mesmo mover a própria cabeça era impossível para ela, e foi muito difícil, no fundo eu estava festejando por vê-la viva, tudo que eu queria era tê-la comigo, mas não pensei em como seria a vida dela.

— O Junghyun sabe disso? — Perguntei sentindo um nó em minha garganta.

— Sabe... Ele lembra, você era muito pequeno. — Ele sorriu fraco para mim, e depois desviou o olhar para qualquer canto daquele quarto. — Sua mãe não queria viver daquele jeito, tudo que eu fazia era tentar convencer ela à ficar. Mas ela não queria viver, sem poder abraçar os próprios filhos, sem conseguir trabalhar ou dançar, por quê sua mãe amava a dança.

— E ela quis morrer? — Meu pai me olhou por um segundo, talvez essa palavra seja forte demais.

— Sim, ela passou uma semana inteira no hospital sem querer comer, por quê até isso ela não conseguia fazer sozinha. E toda aquela situação foi horrível. — Ele ficou em silêncio por um tempo, e eu respeitei, por quê imagino como ainda dói lembrar de como ele perdeu a mulher que ele mais amou na vida. — Um dia, ele chorou, ela disse que não aguentava mais, e que me amava e amava você e Junghyun mais que tudo, e me pediu para deixá-la ir... Foi o pior dia da minha vida.

— Pai... Sinto muito. — Foi tudo o que eu consegui dizer, vendo os olhos dele já vermelhos.

— Jungkook olha... Eu tive que aceitar, e entender como ela estava sofrendo, e não foi fácil, lógico que não foi, isso dói até hoje mas se eu voltasse no tempo, eu faria o mesmo. Sua mãe praticamente implorou para que eu desligasse os aparelhos, e ela iria sofrer tanto Jungkook. E ainda por cima, a decisão era somente dela.

— Isso... É tão complicado.

— É eu sei, mas o Jimin é como um milagre Jungkook, ele tem câncer desde os oito anos, ele é um garoto muito forte.

— Ele é, mas eu amo ele pai, não posso deixar ele simplesmente desistir assim!

— Eu sei que é difícil aceitar Jungkook, mas você precisa entender! O Jimin não está apenas doente, ele está cansado. Ele não vai aguentar à mais uma cirurgia Jungkook.

Eu fiquei calado, nós ficamos calados por um tempo, por quê eu preciso pensar, preciso de um tempo para poder entender tudo isso.

— E você Jungkook, não deveria ficar a tarde inteira dentro do quarto, — Ele me olhou, e então sorriu. — deveria ficar a tarde inteira com ele. Por quê se você receber a notícia de que o pior aconteceu, o arrependimento vai ser mais doloroso que a dor da perda.

E então ele se levantou, saindo do quarto sem dizer mais nada.

Sinto-me culpado, Jimin está sofrendo tanto, e me dói sempre ver seu nariz sangrando ou sua boca ressecada, isso me deixa de coração partido. Eu não quero que ele sofra, quero que ele fique bem!

E com certeza ele está magoado, por quê eu simplesmente parei de ir visitá-lo. Por isso que no dia seguinte, eu acordei bem cedo e depois do café da manhã eu fui para o hospital para ver Jimin. Saí de casa junto com o meu pai, aproveitei já que ele estava indo trabalhar.