Blast Heart [ji.kook]

2.5| Vigésimo Quinto

Eu lhe darei
As pérolas da chuva
Vindas de países
Onde não chove
Escavarei a terra
Mesmo após a minha morte
Para cobrir teu corpo
De ouro e de luz
Eu farei um reino
Onde o amor será rei
Onde o amor será lei
E você será rainha
Ne me quitte pas - Jacques Brel

xXx

Jungkook se viu sem chão naquele momento. Toda a sua postura que tinha conquistado em torno daquele um ano e meio inteiro se esvaíam a cada segundo que encarasse Park Jimin bem ali em sua frente.

E ele nem sequer trocava os olhares de volta. Se mantinha na posição de general com a posição extremamente ereta e os braços cruzados de forma intimidante.
Jungkook, com os olhos petrificados e marejantes não reconhecia o Park, mesmo que esse estivesse ali, à metros dele e vivo, são e em perfeitas condições.

Jeon sentiu seu coração se quebrar e se lembrou, involuntariamente de todas as palavras, de todas as linhas de todas as cartas que enviou. Havia colocado tanto amor e carinho dentro delas para Jimin ainda ser um soldado rude?

Não havia colocado amor o suficiente?

Ele quis gritar, ainda não podendo acreditar que Jimin estivesse vivo. Bem ali, com todos os detalhes que Jungkook pensou e jurou ter esquecido durante meses, mas que estavam bem ali, do jeito que se lembrava, nunca se esquecera, afinal.

A emoção se encontrava grande demais no peito do Jeon, que se perguntava o motivo de Jimin não ter respondido à nenhuma carta, mesmo que tivesse prometido que iria. O que o fez pensar novamente na hipótese de nenhuma delas ter de fato chegado até aqui.

Eram emoções demais no peito do (agora homem) Jeon Jungkook, não suportaria ficar em sua perfeita postura. Abaixou a cabeça e mordeu o lábio com força, implorando a si mesmo que não deixasse nenhuma sequer lágrima correr de seus olhos, mesmo que estes estivessem completamente molhados por baixo da boina militar.

Jimin agora caminhava pelo corredor entre a fila dupla, fazendo a contagem de soldados para se certificar que nenhum havia faltado. Jungkook era o quinto de sua fila e quando o Park passou por ali em passos vagarosos e intimidantes, ainda sem manter qualquer contato visual com o menor, ele parou.

E Jungkook achou que finalmente tudo voltara ao normal e que Jimin lhe lançaria um sorriso travesso que indicaria que conversariam mais tarde, mas não;

Tudo o que Park Jimin fez foi gritar com autoridade.

- Cadete!

Apesar dos lábios trêmulos, Jungkook sabia o que deveria responder. E teria que responder sem qualquer indício de fragilidade, coisa que se agolmerava pelo seu corpo todo.

- Sim, senhor! - Levantou a cabeça no mesmo instante, se mostrando à postos.

- Eu deu permissão para descanso?!

- Não, senhor! - As regras militares diziam que Jungkook não deveria olhar para Jimin, o general enquanto esse lhe dava ordens. Por isso, o menos fixava seu olhar na nuca do soldado à sua frente na fila.

- Então por que diabos está chorando feito uma garotinha, cadete?!

Demorou-se alguns segundos para que Jungkook respondesse, um misto de surpresa pelo Jimin grosseiro que presenciava e também uma parte que lhe dizia para esconder algumas coisas necessárias em sua fala.

- As bombas de fumaça fizeram meus olhos arderem, senhor! - Manteve a voz alta e clara.

Park Jimin ficou em silêncio e quando percebeu, o mesmo já tinha ido embora e prosseguia com a contagem de soldados na fila.
Sutilmente, olhou para Namjoon ao seu lado, e esse retribuiu o olhar, como se também não reconhecesse o Jimin que acabara de presenciar.