4.1|Quadrigésimo Primeiro

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Dia 7 de Dezembro, dia do ataque.

Jungkook acordou chorando, dando-se conta tarde demais que seu travesseiro encharcado já não aguentava mais todas as lágrimas.

Havia uma nuvem de tristeza no ar logo que o Jeon abriu os olhos molhados pela manhã, seus colegas de dormitório abotoavam os uniformes vagarosamente, com os olhares baixos e cheios de olheiras. Talvez não voltassem para casa no final do dia. 

Talvez não voltassem nunca mais.

Talvez suas mulheres abririam as cartas do quartel dizendo que ele nunca mais colocaria seus pés ensanguentados dentro de casa.

Talvez nem mesmo o próprio Jungkook.

Naquele dia, ninguém se importou se ele chorava ou não, afinal, não era o único ali. Pode perceber que outros soldados foram até o banheiro para desabarem em choro. Mas Jeon nem se deu ao trabalho de esconder suas lágrimas, não tinha forças para aquilo.

Naquela noite, eles acordaram próximo às 10 da noite porque o ataque aconteceria pela manhã. 

Mas Jungkook já estava reunido com seu grupo secreto quando o relógio batia 11 horas.

- Certo - Taehyung tremia as mãos descontroladamente e tentava sem sucesso se acalmar respirando fundo - Eu consigo fazer isso, eu consigo.

Estavam nos fundos do saguão gigante onde os aviões ficavam, todos já em posição para algumas horas depois, serem preenchidos de soldados raivosos e bombas mortais.

Entraram em um deles.

Podiam ouvir de longe os outros generais dando ordens finais de combate ao batalhão, e aquilo assustava ainda mais Jungkook, que não poderia imaginar o que poderia estar lhe esperando. Na verdade, não gostaria, na verdade, bem lá no fundo, Jungkook nunca queria ter estado ali.

Na verdade, Jungkook era só um garoto que ajudava a mãe com a horta.

E ele só queria acordar daquele pesadelo tão triste a ponto de fazê-lo acordar chorando, desabrochando-se em tristeza. Pedindo a Deus que tivesse piedade caso ele morresse, porque ele beijava os lábios de Park Jimin e aquilo era aparentemente errado.

Mas aquilo era amor, e ambos já tinham percebido. Não faria sentido se privar de algo assim em meio a tragédias como estavam, o amor dava-lhes esperança o bastante para estar ali. Contra seu próprio país, lado a lado. E não iriam soltar suas mãos, por nada. Nem por cem mil bombas.

Taehyung se sentou no banco do piloto e colocou os óculos de aviação, desta vez, seu corpo todo parecia tremer. Jimin e Jungkook sentaram lado a lado perto da porta e Hoseok, Gimoto e Namjoon se sentaram nos três bancos do fundo. Antes de decolarem, prenderam uma bandeira branca de cada lado do avião. Por sorte, o resto do batalhão estava no lado norte do quartel e era longe demais para alguém flagrar o que faziam.

O Kim ligou os motores e apertou inúmeros botões. Era insano pensar que depois de tantas semanas intermináveis e quase imaginárias eles criaram detalhe por detalhe daquele plano e ele estava finalmente acontecendo. Era como encarar o Diabo.

E de alguma forma, os outros pareciam pensar a mesma coisa, enquanto rangiam os dentes e carregavam armas nas costas. Todos estavam muito bem armados, por pura prevenção, na verdade. Os americanos poderiam ser bem agressivos quando quisessem, e se os avisos por rádio não funcionassem logo de cara, eles teriam de usar as armas.

Gimoto apertou o colar em seu pescoço com a imagem da família, e lançou palavras religiosas sobre ele mesmo, na tentativa de se iluminar.

O avião decolou, e foi como se dissessem adeus a tudo. Jimin conseguiu lembrar de cada minuto que Namjoon e Hoseok gastaram rabiscando e indicando pontos importantes naquela cartolina. Logo, o céu se fez maioria e num instinto, o Park e o Jeon seguraram suas mãos com força. Vestiam-se com os uniformes de batalha, mas a intenção passava longe daquilo.

Blast Heart [ji.kook]Место, где живут истории. Откройте их для себя