0.6| Sexto

6.9K 1.3K 466
                                    

-Dois anos atrás-

— Mãe? Estou em casa!

Jimin tirou seus sapatos assim que adentrou a porta da casa simples. Deixou sua mochila sobre uma cadeira na cozinha e foi a procura da sua mãe. Sentia o cheiro do arroz sendo feito e isso preenchia as narinas do rapaz de modo encantador.

Mas ele não a encontrou na cozinha, afinal, ouviu um barulho sutil e arrastado vindo da sala. E andando até lá, encarou sua mãe sentada na mesa, a mão cobria a boca e estava molhada pelas lágrimas, em sua outra mão, ela segurava montes de papel, todos com algo vermelho assinalado.

— Mãe, o que é isso?

Jimin tentou pegar um dos papéis, mas a mulher recuou seus braços, distanciando os papéis do filho. Que insistiu em descobrir do que se tratavam e agarrou um mesmo com a mãe os distanciando.

Os olhos leram rapidamente as miúdas letras impressas e principalmente o que estava assinalado em vermelho.

"Alerta de despacho"

Encarou o resto dos papéis agora jogados na mesa, todos diziam algo parecido. "Alerta de despacho" "Conta de luz não paga" ou algo assim

— Mãe, o que foi? Por que essas contas não estão pagas? Por que seremos despachados?

A mulher encarou o filho e limpou as lágrimas que desciam do seu próprio rosto.

— Jiminie... O seu pai, ele não irá mais mandar dinheiro para a gente, na verdade, faz alguns meses que ele já não está mais mandando.

— Mas por que não?! — Levantou as sobrancelhas.

— Isso não importa, filho.

Jimin abaixou sua cabeça e suspirou.

— É por causa da esposa nova dele, não é? É aquilo que ele disse da última vez que ele veio aqui, não é? Mãe, você não tem condições de trabalhar!

— Fale baixo, Jiminie... Hani está dormindo! — A mulher tinha sua cabeça baixa.

— Ele não pode parar de nos enviar dinheiro! Não temos nada! — Protestou o rapaz, praticamente esmagando o papel que tinha em mãos pela raiva de seu pai.

— Filho, não tem nenhuma ata ou algo assim assinado dizendo que ele deve nos dar dinheiro, então ele pode fazer o que quiser...

— Então ele se esquece da gente assim?

A mulher balançou a cabeça e apertou os punhos.

— Temos até o mês que vêm para nos mudarmos, eu quero pedir para que já arrume suas coisas em algumas caixas, e ajude Hani a fazer os mesmos com os brinquedos dela, okay?

Ela levantou da cadeira e distanciou os cabelos castanhos do filho da testa, lhe dando um beijo ali mesmo logo em seguida.

— Meu amor...

Depois disso, ela voltou para a cozinha cuidar de seu arroz enquanto Jimin continuava ali, na mesa, encarando a madeira clara do móvel, os papéis de despacho pareciam zombar de sua cara. Deus, que raiva de seu pai!

Ele tinha apenas 18 anos.
O que se poderia fazer?

Enfiou aquele papel no bolso e se levantou da mesa, a fome que tinha quando havia chegado em casa tinha desaparecido completamente. Ignorou o tão adorado cheiro de arroz vindo da cozinha e foi para seu quarto dormir, assim o dia seguinte chegaria mais rápido.

Dias depois, Jimin chegou em casa, no final da tarde, naquele dia, o cheiro de arroz não estava presente e vinham vozes da sala, Hani foi quem lhe recebeu, segurou com sua pequenina mão a barra da blusa do irmão e sussurrou.

Blast Heart [ji.kook]Where stories live. Discover now